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quinta-feira, 2 de junho de 2016

LISBOA, PÕE-TE EM GUARDA

Lisboa,
costumava amar-te.
Eras a minha princesa
com aquele desfilar de cheiros
que perfumavam a minha pele.
O que fizeram de ti,
agora meu amor chorado.
E a beleza do teu rio
mareada com cruzeiros
que de ti nada respeitam.
Lisboa,
não sejas estrangeira
não foi essa a maneira
que de ti me fez gostar.
Lisboa,
quero-te só para mim
beijar-te no abraço sem fim
apaixonar-me na tua sardinha
na noite de um louco António
sem aqueles estrangeiros
que nos fados que choras
sorriem e batem palmas
sem nada saberem da tua dignidade
e da dor que és obrigada a carregar.
Estás tão mudada
e as lágrimas que te pintam o rosto
não acolhem qualquer prazer.
Querem fazer de ti
a puta mais vulgar
e pisam-te as veias 
com máquinas fotográficas 
para mais tarde não recordar.
Lisboa,
agora eles gostam da tua tranquilidade e segurança, desprezando os destinos turísticos que emporcalharam, antes de agora seres a única hipótese.
E dirigem-se a ti, falando um espanholês estupidamente cretino.
Lisboa,
não sejas francesa, alemã, inglesa 
ou hipoteca qualquer.
Eu só quero percorrer-te
como o Tejo caminha para o mar.
Amo-te Lisboa.
Mas já não sei se ainda vamos a tempo.
Lisboa, minha amiga:
Põe-te em guarda!

 

,2016,06.aNTÓNIODEmIRANDA

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