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quinta-feira, 9 de junho de 2016
ANJOS TOCANDO FLAUTA
Tinha na mão as violetas mais lindas. Humedecido no olhar, moldava-as com todo o cuidado. Não fosse o mundo mudar-lhes a cor. Sorridente, sentado no banco que espreitava o mar, pintava na cabeça de marinheiro, viagens. Tinha no desejo uma ida destemida e não era só sonho era uma vontade apetecida. E olhava para mais do mais além procurando a mania que só a espuma enferrujava. E ria. Ria muito alto, nunca em sobressalto para tudo o que avistava. É bom ser assim. Pensou consigo. Gostar, caminhar no sonho em que só ele cabia. E gostava. Gostava tanto daquela espuma, dos salpicos da bruma onde se alcança o imaginar. Depois com o fim da tarde, vieram os pássaros, velhos conhecidos com nomes que ele gostava de inventar. Era aquele o momento em que os anjos tocavam flauta. E começou a andar na direcção que tinha aprendido.
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