Existo Logo trabalho Vendo-me Consumo E sou consumido. Sentado á secretária, Imagino & sou feliz Vendo os ponteiros do relógio Apressando um tempo Que em nada me dignifica.Ser figurante nunca fez de alguém importante. Ainda nos torram com tantas soldagens. Não precisa de ser tão pessimista! Pois é, senhor ministro, eu dantes não era pensionista. É sempre o mesmo filme que nos preparam estes mentecaptos realizadores. É-nos impingida a ideia constante que precisamos de ser orientados, governados e caímos sempre na teia que nos transforma em meros espoliados. A banca está atenta, como sempre pronta para chupar um sangue que já não é nosso. Depois virão as teorias do plasma negociado por vampiros, varizes cromáticas em forma de tatuagens para impressionar os músculos fabricados com suplementos encharcados com toxinas inadvertidamente amestradas num ginásio sempre com promoções prometendo um aumento facilmente observável do sexo daqueles que só distraidamente o praticam. As desculpas habituais aparecerão nas mãos de cavaleiros liofilizados com máscaras de anjos para cultivar a nossa servidão. Mas quem manda, quem tem de mandar para construir uma realidade que a cada um de nós diz respeito? Falam do útil como se fosse necessário e premendo a tecla do fútil nunca arbitrário. Dói-nos na pele. Emporca-nos a alma, tira-nos a calma e queima-nos assiduamente o sonho. Estatísticas holísticas inquéritos esponjados numa frequência tendencialmente alérgica à mínima inteligência necessária para a eles não responder. Óleos queimados que nos entopem a tentativa da diferença. Não me conformo, e sei agora que nunca poderá ser proibido o ousar. Mas o medo encanta uma gente que já não canta esta vida que já não é e nunca virá a ser. Ameaçam-nos com o caos porque eles são os bons e nós, os sempre roubados e enganados, os maus. Deixem-me em paz! Eu quero agora calcar o meu próprio caminho. Não sei que força é esta. Não a compreendo. E rejeito as suas garras que vos engenham a necessidade de serem mandados.
Deveremos saboreá-la e bebê-la com o sangue daqueles que ao abrigo da lei só nos têm enganado.
Chegou o momento de provarem o próprio veneno da sua hipocrisia. Ofereço-vos um nó windsor na gravata feita com as vossas tripas.
aNTÓNIODEmIRANDA
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