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segunda-feira, 30 de novembro de 2020

SERVIÇO NACIONAL DA SAUDADE

 

5 avenidas no meu choro, 
enviam “sos” ao serviço nacional da saudade.
A linha de atendimento está contaminada. 
Aconselha um recolhimento sigiloso. 
Avisa que o importante é não alarmar. 
Pode tornar-se contagioso.
Não panique!
Não se danifique!
Obedeça às instruções, 
e, sobretudo não tente compreendê-las.
Cumpra os preceitos.
Cuidamos de si.
É para a sua morte
E o nosso bem-estar.
Dignifique o país!
Contamos consigo!
(+ uma vez
obrigado pela sua
submissão). 



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domingo, 29 de novembro de 2020

Sona Jobarteh & Band - Bannaya

Rory Gallagher - Shadow Play 1979 Live Video


RORY GALLAGHER
1948-1995



A minha tristeza tem gente demais.
Não quero passear
neste jardim de memórias,
observado por vozes gravadas
na pedra.
Claro que estás longe
Nesse andar de choros nos lábios,
Que fugiu para o bar.
Eu continuo à espera.
Peço sempre dois whiskies.
O outro,
Será sempre para ti.



,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA





ISTO AQUI NÃO É O PARAÍSO

 


Não te iludas!

Disse o céu

Quando a morte chegou.

Isto aqui

Não

É

O

Paraíso.

,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA

LOU REED - Venus In Furs

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

DUELO PROMETIDO

 
Não percebes!
Não podes contar estrelas.
Nada sabes dos meus desencontros, 
do meu caminho às cavalitas da vida, 
deste constante contrariar a sina do destino, das mentirosas certezas que escrevo, 
deste cavar no presente um futuro ardilosamente prometido.
Não entendes o desigual que me conforta, 
o nojo com que delicadamente me golpeio, 
neste mostruário de sugestões desleais.
Ignoras as mortes que escrevem nesta memória exausta de tanta fraqueza.
Nunca aceitarás o punhal que guardo para escrever o teu nome.
Tu e eu, 
nunca passaremos da composição mais imperfeita.
E isso,
continuará a ser o duelo prometido.


,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA


quinta-feira, 26 de novembro de 2020

CONFESSO QUE ROUBEI A MAGNUM DO ROBERT LONGO

 Sentado no “Jardim das Oliveiras”, Lisboa estende a toalha das nuvens tristes. 
Amo o rio, gosto das gaivotas que nele escrevem poemas. O mesmo gostaria de dizer deste tempo estranho, mascarado do amanhã duvidoso. As marés estão diferentes, sempre prontas para ludibriar a “volta d' mar”.
Vou por aí acariciando uma velhice não raivosa, ignoro o aviso do semáforo que alerta que faltam meia dúzia de segundos, mas educadamente não informa o que poderá acontecer. A cidade fugiu do mapa, escondeu as sombras auspiciosas, e elaborou um plano tão secreto que não tenho onde me esconder.
Não sou digno de tanta estima, mas está gravado nos editais que é somente uma enorme prova de consideração.
Eu gostava era da outra cidade!
Daquelas noites de bebedeiras no “Ritz Clube”, descer aquelas ruas, das conversas das amigas da “Avenida da Liberdade”, e mesmo do olhar invejoso dos curiosos.
Ah pois! Tudo mudou!
A calçada adaptou-se aos stiletto, os cheiros sopram aromas da futilidade, os relógios escondem as horas diferentes.
Tenho saudades.
É verdade que para nada valerá este desabafo. Continuo abusivamente cansado de exibir o passe da minha desavença social.
A sabujice espera no banco do jardim.
(Como de costume, recusei o convite).



,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA


Por aí... Em Lisboa.

 








terça-feira, 24 de novembro de 2020

O ACONCHEGO DA NOITE MALDOSA

 

Nada mais do que o desespero 

estava escrito naquela esperança. 

Inchou a taça das agonias 

com a vontade restante. 

Caminhou para o céu 

como se a estrada existisse.

Deitou-se na cama da poeira,

escutou o sino com os berros 

dos últimos pássaros.

Embrulhou-se no cartão 

para o aconchego da noite maldosa.

Não tenho lugar para ti,

disse mais uma vez,

o raiar do dia.


,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

A VIDA É UMA PUTA VAIDOSA

 

Não tenho muito a dizer.

O cansaço afasta as horas do tempo sincero.

Deito-me num sossego que não me pertence, desfloro o jornal com a patética ideia de conseguir a ementa para o jantar.

Retiro um livro da estante, mato uma cebola para a salada da minha disposição. 

Está cada vez mais difícil respirar esta amálgama de .

Nada me apetece dizer.

Acendo o calendário usurário dos dias felizes, lavo as mãos na fogueira das desilusões, sempre que  a vontade o permite.

A vida é uma puta vaidosa!

Felizmente não me apetece falar disso.



,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA


TEMPOS MAL PASSADOS

 O lustro dos anos oferece-me memórias camufladas, dedos que tocaram a morte, sinais que não cumpri, ajustes que não me sensibilizaram. 

Parado nesta esquadra, não tenho qualquer interesse em cumprimentar o sinaleiro das normas socializáveis. 

Aqueço certos momentos na lentidão da frigideira, enquanto o tempo o vai permitindo. 

Olho-me com um desdém habituado à repulsa, que não consigo fingir. 

No lado escuro da lua, leio o obituário que por enquanto não me diz respeito.

Aceito o findar dos dias, iluminado pela matreirice de uma vela benemérita, que dizem, purifica todas as urgências. 

Há muito que vivo na pressa que reza nas horas vagas pela minha salvação. Continuo encostado na fila com fim completamente indefinido. 

Contudo não confio na fiabilidade desta hipótese. 

Tudo é possível no esgoto da 

previsibilidade.

Orar por mim, será sempre um verbo com tempos mal passados.



,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Almoço

 


Mariana Gomes : 23 ! 18/11/2020

 




LEVEM-ME ATÉ À BELEZA MAIS PRÓXIMA

 

Satisfaçam a minha alma.

Deixem uma agonia perfeita, os sonhos que me roubaram, o nome com que me engano, só um dia bom embrulhado nos abraços verdadeiros, mesmo um momento que me faça esquecer de mim mesmo.

Um desassossego, para fingir que não escuto uma consciência apodrecida.

Um sopro que afaste esta tristeza sem luar para desaguar.

Leio nas veias um apelo que não conheço indicado pela sombra dos passos que perdi.

Estúpida memória que aperta os braços, fazendo de mim o mendigo dos afectos que há muito deixaram de me impressionar.

Percorro-me nesta corrente de lágrimas, agarrado ao laço da angústia, enquanto choro versos à deriva.

Ergo para o céu todas as iras, esfrego no peito cheiros de nojo, ajoelho e entrego com a nulidade da fé, a bênção dos dias felizes.

No conforto deste canto nada mais me apetece pensar.

E também não quero falar disso!

É sempre o mesmo pecado que teima em deitar-se comigo.


,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA

domingo, 15 de novembro de 2020

SEGUNDAS NÚPCIAS

 

Até que a sorte nos separe.

Diziam um para o outro,

Relegando a morte,

Para segundas núpcias



,2017dez_aNTÓNIODEmIRANDA

sábado, 14 de novembro de 2020

SEC`ADEGAS NA LAGOA DE SANTO ANDRÉ (RESTAURANTE DO CHACAL)09AGO2019





2

 

Como poderei beijar o teu corpo 

tão ateu como o meu? 

Ai meu amor estamos tão perdidos 

que não nos deixam morrer como deve ser. 

Agora não sei como esperar outras luas 

mesmo com significados traiçoeiros. 

A verdade é que fomos dois números 

com hipotenusas nem sempre mentirosas. 

Beijo-te os seios 

sempre como se fosse um desejo 

que virá tardiamente depois da nossa aparição. 

Esperaremos o dia 

para que violetas agradecidas

embelezem os  desesperos 

escondidos em lençóis 

que mancham o nosso encontro. 

Tanto nos amamos 

e ardemos numa febre 

que queima a indiferença que nos difama.

,2016,03aNTÓNIODEmIRANDA

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Muddy Waters - All Aboard

Muddy Waters - You Don't Have to Go - ChicagoFest 1981

Muddy Waters - Walking Thru the Park - ChicagoFest 1981

A IMPORTÂNCIA DE SER “LOURA” Com uma vénia para “paula teixeira da cruz”

 As louras têm mais graça, mesmo quando não compreendem a chalaça, e, riem desabrigadamente como se fosse meio dia, lá em  Adis Abeba. As louras julgam que às vezes pensam e ninguém lhes tira esta presunção. Convém não exagerar na sua apreciação. Podem acreditar. Mesmo no seu normal estado de distração. Conduzem com o seu próprio código, convictas da sua inabalável beleza. Agarram o copo com delicadeza, nas outras coisas, às vezes com subtileza. E geralmente nunca têm uma pergunta inteligente na ponta da língua. É sabido que utilizam este órgão para certas operações. Aqui não há excepção. Têm um radar sempre a funcionar, que lhes permite ousar serem admiradas. Algumas para a brincadeira, são danadas. Normalmente têm uma vaga ideia da coerência, não ligam à decência e confundem a falta de apetite com uma qualquer greve de fome. Não há que abusar. Um passo de cada vez. Não vão elas tropeçar. Fazem algumas queixas, sobretudo da má coloração das madeixas. E mostram indignação.

2015aNTÓNIODEmIRANDA

sábado, 7 de novembro de 2020

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

AMBIÇÕES CALAFETADAS


Sou um homem triste na cidade dos caminhos perdidos 

- Navego na deriva dos anúncios que anunciam o amanhã sempre longe de mais

- Apago mais uma esperança neste circo de lugares vazios 

- O órgão encena um Bach tão desafinado como o som da garrafa que pouco a pouco, desafia a lucidez que não desejo 

- Farto - me facilmente dos talentos fabricados 

- A minha oficina de defeitos continua em laboração continua 

- Os operários da inútil salvação foram desviados para o batalhão das boas vontades 

- Saúdo com veemência a sua importância 

- Que ninguém proteja os incapazes!

- Ambições calafetadas fugiram para o pântano

- Todos sabiam que não havia caminho para casa.


,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA

Miraflores. À espera do 748.

 


quarta-feira, 4 de novembro de 2020

MARINE BAND BLUES HARP

 

Dá-me horas tempo que corres, 

para a pressa da minha ausência. 

Senta-te à espera da sombra que quero amolgar. 

Já não queima a tua voz, 

nem sequer a memória que tento lembrar. 

Dá-me tempo, para pintar o relógio dos passos perdidos. 

Esquece o momento, 

eu preciso da alegria maior, 

talvez para voltar a tocar na minha ferrugenta “Marine Band”, 

enquanto me perco neste amargo compasso, 

enojado por tantos insultos.


,2020Mar_aNTÓNIODEmIRANDA