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quinta-feira, 30 de julho de 2015

CRÓNICAS DE MELIDES (11) - O BAILE (VIVALDO/STALLONE).

E se á noite, elas querem brincadeira, eles viram-se para o lado , 
e prometem-se a eles, sonhos eróticos com aquela que está 
na roulotte ao lado. Dançam com saudade, ao som de um acordeão 
com toda a electrónica disponibilizada, a velha cantiga: 
cheira bem, cheirava a Lisboa. Entretanto o pai da criança, 
ainda não é conhecido. Olham-se, cumprimentando-se 
mentirosamente com um sorriso sempre perto da ausência 
e distanciamento. Há os mais atrevidos, as mais audazes 
exibindo tatuagens com legendas em inglês cujo significado 
não conhecem, os tímidos, alguns curiosos 
e aqueles que unicamente pensam que gozam. 
Juntam-se piadas, sem graça alguma, a bailar de boca em boca. 
Há ainda, os bem vestidos que exibem alegre e orgulhosamente 
fatos de treino devidamente engomados. 
Querem cheirar o bacalhau, queimar a pilinha a assar sardinha.
Vemo-nos há anos. Até então a nossa conversa não tinha passado 
de um normal boa-noite. Afastado no seu canto, 
camisa de meias mangas arregaçadas, invariavelmente uma garrafa 
de cerveja na mão, olhar de falcão com uma espécie de câmara 
de filmar na ponta. Nada parecia não escapar.
Hoje, por fim, falámos. Não sou curioso e ele sentindo-se 
á vontade confidenciou que se chama Vivaldo e trabalha 
como pedreiro. Quando lhe perguntei como ia a vida, sorriu, e… 
foda-se a minha vida! Ás vezes até ando de lado! 
Nunca tinha falado comigo, porque tinha vergonha. 
Ah, você deve ser artista.
Gostei daquele sorriso. Voltaremos a falar.
nb: Fellini e Scola, este filme não vos ficava nada mal.



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CRÓNICAS DE MELIDES (13)

Passo os dias tranquilos aqui na praia de Melides. Há tanta areia que não existem ampulhetas para a meter. (conversa entre 2 alentejanos). Um não que persistentemente me tenta acordar e, embora a minha indiferença, não lhe diga respeito, o que é um facto, é que temos contas a ajustar. São  dias que lavam o tempo, gastos numa calma lenta, acesa numa fogueira que arde sem pressa. É esta a circunstância que me dá o ritmo, que me descalça e descansa e depois as outras coisas que me fartam. Não vou mentir. É um facto que em relação a muitas pessoas que encontro, repetem-se as palavras que automaticamente fomos dizendo. Esta circunstância, define-nos como estando a ficar mais usados, a maioria mais velhos. E isso, não nos trouxe qualquer sabedoria. As boas intenções, quando não passam de isso mesmo, são sempre mentirosas. Seria boa ideia vê-los menos vezes. Não é má vontade da minha parte, mas, honestamente devo dizer, que esta hipótese é deveras interessante. Gosto de estar no meu altar, onde tenho a exclusividade de mudar as flores da jarra onde gosto de mijar. Mentiria se fosse santo. Gosto de algumas conversas que me chegam aos ouvidos, a maior parte com um humor configurado na mais perfeita estupidez. Adoro um cretino qualquer, berrando a queixar-se da lentidão da internetii. O skype aqui não funciona bem! Ouço-te aos soluços e a esta hora posso garantir que ainda não estás bêbado. Esta é uma factualidade comprovada pelo ladrar do cão, farto de o aturar. (Não, não há problema, a minha mulher está a ver a novela. Claro que não me esqueço de ti).Este tipo de confidências não me atrai de todo e o mesmo acontece com ele. Nunca sou capaz de pensar no dia do resto da minha sorte. Ela, a falta dela e eu, nunca acreditamos nessa possibilidade. Temos tácticas diferentes, admitimos outras coisas. Poderão haver manhãs sangrentas que nunca terão nada a haver com noites de gloriosa volúpia. A memória é curta. A mentira nem sempre está do nosso lado. Existirão histórias que terão a haver com isto. Tão pouco me importa. 




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terça-feira, 28 de julho de 2015

ALCÁCER DO SAL_2015JUL































FMM - SINES2015










BEAT&BLUES


Falava de um anjo que o guardava. Disse-lhe com a educação possível que já tinha visto naufrágios com finais mais agradáveis. Vai para a cama com um manual complexado e adormece candidamente abraçando figuras mitológicas. Não dispensa um hambúrguer santificado, daqueles que só o mcdonald´s consegue fazer. Disse-lhe com a educação possível: beatificado seja o teu nome. Perguntou qual a marca do meu porta-chaves. Disse-lhe com a educação possível: já não há malucos assim! Estivemos a falar de quê? Levantou-se com a educação necessária e mijou nos pneus do autocarro. Na televisão alguém com um ar seriamente preocupado, avisava os incautos para terem cuidado. Muito cuidado! Há por aí 2 beatnicks à solta.



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sábado, 25 de julho de 2015

FIGURAS DE ESTALO


-1: Mandei-lhe uma carta em papel perfumado,
          mas quem a leu foi o namorado.
     Já não se pode confiar
         num carteiro desconfiado.

-2: Duvido sempre da minha inocência. 
    Até prova em contrário, não gosto de banalidades. 
    Muito menos do cUrriqueirismo. 
    Duvido sempre da minha boa vontade. não a quero vandalizar.
                Até porque a pressa nunca dorme.

-3: Está cada vez mais difícil o mundo deixar de ser um covil de vespas.
     Já não se fabrica a FAMEL-ZUNDAPP.

-4: Não olhem para a minha namorada!
     Ela é bonita e apaixona-se facilmente.

-5: Ó nossa senhora, peca tu por mim.

-6: Tinha mais inox nos lábios do que a cuba de uma
      máquina de lavar roupa.

-7: Palestra de j.j. (o 3289).
     Mister!
     Depois de tanta conversa, 
     tanta léria, 
     tanta treta, 
     tanta táctica… 
     meta-me a jogar no intervalo, 

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sexta-feira, 24 de julho de 2015

CRÓNICAS E MELIDES (11)

Passo os dias tranquilos aqui na praia de Melides. Há tanta areia que não existem ampulhetas para a meter. (conversa entre 2 alentejanos). Um não que persistentemente me tenta acordar e, embora a minha indiferença, não lhe diga respeito, o que é um facto, é que temos contas a ajustar. São  dias que lavam o tempo, gastos numa calma lenta, acesa numa fogueira que arde sem pressa. É esta a circunstância que me dá o ritmo, que me descalça e descansa e depois as outras coisas que me fartam. Não vou mentir. É um facto que em relação a muitas pessoas que encontro, repetem-se as palavras que automaticamente fomos dizendo. Esta circunstância, define-nos como estando a ficar mais usados, a maioria mais velhos. E isso, não nos trouxe qualquer sabedoria. As boas intenções, quando não passam de isso mesmo, são sempre mentirosas. Seria boa ideia vê-los menos vezes. Não é má vontade da minha parte, mas, honestamente devo dizer, que esta hipótese é deveras interessante. Gosto de estar no meu altar, onde tenho a exclusividade de mudar as flores da jarra onde gosto de mijar. Mentiria se fosse santo. Gosto de algumas conversas que me chegam aos ouvidos, a maior parte com um humor configurado na mais perfeita estupidez. Adoro um cretino qualquer, berrando a queixar-se da lentidão da internetii. O skype aqui não funciona bem! Ouço-te aos soluços e a esta hora posso garantir que ainda não estás bêbado. Esta é uma factualidade comprovada pelo ladrar do cão, farto de o aturar. (Não, não há problema, a minha mulher está a ver a novela. Claro que não me esqueço de ti).Este tipo de confidências não me atrai de todo e o mesmo acontece com ele. Nunca sou capaz de pensar no dia do resto da minha sorte. Ela, a falta dela e eu, nunca acreditamos nessa possibilidade. Temos tácticas diferentes, admitimos outras coisas. Poderão haver manhãs sangrentas que nunca terão nada a haver com noites de gloriosa volúpia. A memória é curta. A mentira nem sempre está do nosso lado. Existirão histórias que terão a haver com isto. Tão pouco me importa. 




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LISBOA BLUES (69)

É como se tivessem posto uma aranha no meu guisado.
Ou trocado a moeda da sorte que nunca tive.
Parafuso desapertado, rosca moída, vida fodida.
Feliz e nada interessado,
Caminho pela humanidade
Com um ramo de espinhos, que nunca tiveram rosas,
Batimentos estranhos do coração,
Viajam amolgados
Dentro de um tuk-tuk  que borrifa esta cidade,
Emporcando-a com toda a inanidade.
Como está diferente o cheiro das suas ruas.
A ignorância anda livremente espalhada.
Aborrecem-me esta espécie de sorrisos,
Que me olham como se eu fosse um fardo de palha.




aNTÓNIOdemIRANDA

SALACIA (ALCÁCER DO SAL_JUL2015)




quinta-feira, 16 de julho de 2015

ORAÇÃO DO RESGATE

Conta-me como dói. 
Quero ouvir o SOS mais perfeito.
Conversa motivacional teoria do autoclismo enche sempre a retrete. Não quero ferir sustentabilidades. Depósito de mão-de-obra barata gestor psicopata não pago esta divida não aceito esta dúvida livre-trânsito para a trapaça, ninguém sabe o que se passa manta remendada economia rota rebaixa de preços promoções saldos especiais activos tóxicos cofres cheios estamos preparados obedientes e bem-educados honestos e cumpridores agradamos aos credores economistas e doutores somos o verdadeiro exemplo de quem gosta de ser manietado. O desemprego está bem e recomenda-se! A política social não entra no hospital é perda de tempo doença venérea sem cura. A miséria é o caminho, diz o ominoso 1º com muito carinho. Abençoada Merkel, que estás na cee. Mostra aos não pagadores, como é que é. O pão nosso de cada dia nos tirai hoje, cuida de nós os preguiçosos e perdoa-nos a nossa pobreza assim como nós perdoamos a quem nos tem roubado. Put(r)inficado seja o teu nome. Que nunca seja feita a tua vontade assim na Grécia como em Portugal e não nos deixes cair em tentação, mas livrai-nos do vosso mal. Não creio em ti mãe todo-poderosa, criadora da fome, da angústia e da não condição, e em schaeuble, teu único filho, nosso senhor, que foi concebido pelo poder da Lagarde, a maior, a puta bendita de todas as vacas; resgate, rédea curta, pára-lamas enferrujado, olhar desfocado camafeu, padeceu sob banco central europeu, ainda não foram crucificados, nem mortos nem queimados; não poderão nunca ser respeitados e subirão para nossa glória, aos céus, onde se sentarão na ala dos deficientes crónicos. Bem-vindos á mansão dos mortos onde ninguém ressuscitou ao terceiro dia.
Tu és o meu pastor, e, isso faz de mim, uma ovelha ranhosa.
Oremos, nunca resignados a oração do resgate:
senhor eu não sou digno da tua cirrose, mas dizei uma só palavra e eu te livrarei da artrose.






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CRÓNICAS E MELIDES (8)

Quantas vezes terei calcado este caminho? Muitas de muitas! De todas as formas e maneiras. Bastantes delas com uma acentuada carga etílica. Muitas conversas que engrandeciam o caminho de volta a casa. Fui, então muita coisa: lembranças, confidências, diálogos comigo próprio (não confundir com os aborrecidos monólogos), planos para um qualquer futuro ornamentados com desejos que abraçavam calorosamente o tamanho do mundo idealizado. Quantas canções toquei para um público que era só eu? Quantos poemas não ficaram no papel, pelo simples facto de tanta cumplicidade não poder ser escrita? Arranhões na pele, e tanto cambaleio amparado por arbustos sempre prontos a ajudar o próximo. Quantas estrelas invejei? Eu e este caminho, mantemos uma longa conversa, que ambos sabemos nunca será terminada.



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CRÓNICAS E MELIDES (7) CANÇÃO TRISTE: ALZHEIMER_D. FRANCISCA

Fala agora com outros anjos, ouve outras músicas, mas não tinha de ser desta maneira. Que palavras poderá entender? Que aplausos escutará? Pisamos o cume da montanha sem agarrar a flor há tanto tempo plantada. É a mentira mais vil, a verdade mais enganada. Faz-nos tanto doer, tanto tanto, que o sofrer não chega a nada. A vida é para morrer. Não passa de um lugar, onde costumávamos estar. Pagamo-la com amor e sangue e enchemo-la com caixas de poesia. Os patos da lagoa, ao fim do dia, no seu voo, escrevem no céu alguns dos seus versos. Não me importo que não se lembre do meu nome. Gosto de si de todas as maneiras. Solitário numa paz que me entristece, recordo agora, o jardim das três palmeiras. 

Magoa tanto este tempo, que no acabar dos outros, nos faz sentir a chegada do nosso fim.




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ACRIMÓNIA

Tinha tantas penas no pensamento, que se fosse pássaro, seria a ave mais depenada da wikipédia (capítulo da ornitofilia). Não exageremos! O comité de raridades, não deslumbra esta opinião com bons olhos. Claro que já estive a falar melhor. Melhor ainda, é que não me lembro. São rosas, dizia ela! Como se esse papel permitisse integrar um dos episódios mais vis da nossa ignóbil história. Bem sei que os gelados da olá, não tinham então, a variedade de sabores que agora algumas pessoas chupam. A nestlé, estava numa fase embrionária, e, verdade seja dita, demorou demasiado tempo a acreditar, na intrínseca capacidade dos portugueses de mamar. Naquele tempo, e o mesmo acontece agora, os estudos pecavam pelo total desconhecimento desta técnica.
Conta-nos a história, a verdadeira e a não menos falsa, a experiência “dedicacional” alicerçada numa lealdade sem limites que ao correr do tempo, temos devotado a este acto. Corre no sangue daqueles que o praticam. É motivacional. Pensamento onírico? Vou ali, e volto quando quiser.
Não me venham falar da imbecilidade que nos mói a alma e alimenta o nosso desespero como se fosse fado. Essa pertence a outra história: a verdadeira!
Não sofro de acrimónia.



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sexta-feira, 10 de julho de 2015

APENAS UM SONHO

Oh vida, é maior, é maior o desencanto sou eu no canto
á procura daquela lágrima no centro das atenções
espalhando as cinzas da memória e o que resta da minha religião.
Falei demais, nunca disse o suficiente de cada sussurro
de cada hora do sonho onde escorrem as minhas confissões.
Havia ainda lágrimas douradas a sangue.
Era uma conjugação perfeita. Os astros estavam distraídos.
Os poetas ausentes, os intelectuais encardidos.
Havia ainda os afro arrependidos, havia curiosos
havia mentirosos puxando o lustro aos sinais luminosos,
havia tudo o que falta não fazia..
Todos os sentidos com tristeza e fome
havia tudo sobre a mesa, havia a perfídia do homem
havia ainda a loucura instalada servida em doses abundantes de salada.
Havia o resto e o nada.
Havia o sol na eira e um nabal sem nada para dar.
Gumes afiados sangrando a cereja no topo do bolo
havia todo o juízo para quem quisesse ser o mais tolo.
Havia eu e o meu nada. 
Mas isso era apenas um sonho.
Isso foi apenas um sonho.





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