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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

HAPPY BIRTHDAY


HAPPY BIRTHDAY TO YOU BABY !
FRIDAY NIGHT WE HAVE TO DIE.
EVERYBODY IS TELLING A LIE
YOU AND ME, WE DON`T CRY
DON`T, DON`T ASK ME WHY
DON`T, DON`T, DON`T, LIE

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cidade suja ( para Ferreira Gullar )

cidade de abutres

porca manhosa tinhosa
cidade triste e alegre
maliciosa
insidiosa
desesperante
frustrante
inimiga do amigo
maltrata o sem abrigo
cidade sem cor
ódio e amor
paixão silenciosa
violenta
tarde cinzenta
não ouves quem te fala
não sorris a quem te cumprimenta
cidade do frio
não aqueces o rio
não apaixonas quem te ama
louca dos mais loucos
amor apetecido
esquecido numa cama
coração arrefecido
onde se esconde a minha alma
percorro as tuas ruas
beijo as estátuas nuas
choro o porquê de não conseguir amar-te
e durmo nos teus jardins
abraçando a estrela que me acalma
já não consigo pintar
a tua beleza
sei a cor da tua tristeza
mas os meus olhos
já nada querem ver
serei eu a rasgar o teu véu
de noiva feita puta
que já ninguém desfruta
na alquimia do desejo
finita império
abraça-me no el último tango:
( não me queiras
não te quero
nada me deste
nada te pedi
não te engano
quero outra
não creias por isso
que te traí
o único beijo que me deste
foi aquele que não te pedi)


cidade suja
favela chic
zombies junkies
corruptos
corrumpidos
suicídios
violadores pedófilos
doutores neuróticos
mulheres desesperadamente solitárias
olhares pedintes
carências afectivas
á espera de serem fodidas
sugerindo a dificuldade
mentindo a idade
castrando o desejo
por agora só a intenção envergonhada
talvez um beijo
e barcos cansados
adormecendo no tejo
virgens arrependidas
santos enforcados
orações ridículas
homens enganados
soluços rasurados
cidade que não é minha
cheia de amantes ausentes
sons de pássaros menstruados
paixão clandestina
sonhos delinquentes
bebedeiras copos doentes
sombras de fantasmas envergonhados
cantando a canção do malandro
espiões
normalizadores do comportamento social
odores desodorizados
hipocondríacos distraídos
bandidos surpreendidos
sonhadores arrependidos
confundidos
enganos inteligentes
adolescentes surpreendentes.
traço no espelho
sem risco
leva-me ao riso que eu gosto
e eu sei que ninguém me conduz
neste caminho da felicidade
gostava que estivesses aqui
comigo
sem o teu medo
não irei contar nunca o nosso segredo
os golpes na pele do nosso enredo
as razões não explicáveis
as alegrias pendentes
os soluços acontecidos
projectos esquecidos
dejectos à mesa servidos
inaptos
fingindo-se sensatos…




ninguém me ajuda
ninguém está atento
ao meu salvamento emocional
e eu sei que não se pode manter uma promessa .


jun2010

terça-feira, 10 de abril de 2012

américa (com 1 abraço para ginsberg)

américa!

pés nús sobre a terra sagrada !

exactamente a terra que tú manchaste

américa não vales nada
américa não pensas nada !
não respeitaste as pessoas boas
que tiveram a coragem de dizer mal de ti.
américa acabaste com os índios
e inventaste o ketch up para celebrar a sua ausência.
américa eu sei que ginsberg deu-te tudo
e eu ofereço-te todo o meu nojo.
américa não precisas justificar a tua existência
( eu sei que a tua estupidez é suficiente ).
e os teus cowboys nem em filmes me seduziram.
américa vou matar-te !
e nem sequer será um acto de coragem.
américa és uma mentira.
américa vou segredar-te o meu espólio :
1 bomb in my head
1 bomb in my hand
1 bomb in my mind
with all this things, i love you américa
i hope you don`t mind.
américa ninguém acredita nos teus cenários
ninguém se ri dos teus palhaços
nem os cães querem mijar na casa branca
américa deves aconselhar o teu presidente
a não comer as cascas dos amendoins (nem os macacos fazem isso).
américa não aprendes nada
os marcianos já fugiram
américa gerónimo derrotou-te
américa sitting bull gozou-te
e talvez eu seja um dos milhões de espíritos de
tatanka yotanka que neste momento solenemente juram que te irão foder.
américa não te livras de mim
américa celebrarei exclusivamente para ti
uma ghost dance
américa we shall live again !
eu sei que não vais gostar,
mas o teu mau gosto nunca me surpreendeu.
américa ! are you talking to me ?
vai pró caralho !!!
américa!
pés nús sobre a terra sagrada !
américa não ouviste a fala do índio
( sim, bem o sabemos
quando vós chegais, nós morremos )
américa tú é que és o manicómio
liberta aqueles a quem chamaste loucos
só porque choraram por ti.
américa ! e os búfalos ? lembras-te ?
claro !
inventaste o hamburguer para esconder o seu extermínio
américa little big horn existiu
enterraste as tuas mentes brilhantes
na curva do rio
américa ! merda para o custer para o super homem para o batman e muita merda para o capitão américa. merda ! toda a merda para os teus heróis de celuloide.
américa desiludiste marlon brando.
américa ! sinceramente nunca gostei das tuas torres.
américa o jazz não é teu.
os blues choram a tua vergonha
américa !
amo desesperadamente aquilo que não te pertence !
américa o mundo não precisa da tua boa vontade !
eu sei que vai haver uma vaga no céu :
o deus em quem tu confias
anda a portar-se vergonhosamente mal.
américa fidel é o teu amante ideal.
américa os teus dolares cheiram a merda
és uma história sem vergonha
vietnam bertrand russel
américa sacco & vanzetti não são assassinos
marylin nunca foi a tua prostituta
américa não me interessam absolutamente nada
os teus constantes esgotamentos
e os teus delírios já não são segredo
nem a cia acredita neles
américa!
pés nús sobre a terra sagrada !
assassinaste os jovens que pensavam gostar de ti
américa eu não estou sozinho
américa eu só quero ser bem comportado
américa eu só quero não ser respeitado por ti
américa eu vi-te sentada numa nuvem a espiar a humanidade planeando ávidamente o método mais eficaz de a destruir
américa não ouviste o grito
vou-te enforcar numa cabine telefónica
américa bob dylan avisou-te :os tempos estão a mudar
a tua estratégia não convence ninguém
estou farto dos teus boicotes sistemáticos
da tua moral sifilítica
da tua anormalidade política
américa quanta miséria espalhaste pelo mundo !
guajira guantanamera
esta é a nossa terra, terra querida
aqui los hombres si, yankees no !
pátria o muerte !
américa tenho a tua coragem na minha algibeira
eu sei que não vais mudar
nem poderás nunca seguir o meu caminho
ainda não descobriste a razão da tua maldade
américa todos confirmam o elevado grau da tua insanidade
américa hoje é um bom dia para te matar
UMA BOA AMÉRICA É UMA AMÉRICA MORTA
américa porque odiaste os teus beatniks?
não me ocorre nada de bom para te falar
a tua liberdade não passa de uma estátua envergonhada
américa liberta os tornados para que definitivamente eles cumpram a sua missão
américa as tuas guerras são uma farsa
és um pesadelo sem fim
américa todos te enganam sobretudo quando dizem gostarem de ti
vomito nos teus óscares e discursos e no espírito americano e no teu way of life
américa estou sempre pronto para te irritar
zappa tinha razão :
na próxima vez prometo não vir-me na tua boca (pensando bem não mereces o meu esperma)
américa tenho 1 míssil para purificar a tua alma
o meu ódio é melhor que o teu
juro-te que a minha raiva é eficaz
embora me considerem um bom rapaz
os teus ensaios nucleares não me convencem
as tuas ogivas são supositórios
e no teu cú cabem todas elas
américa!
pés nús sobre a terra sagrada !
américa!
sei que vais morrer!
e grouxo marx não te quer no paraíso.


2006setembro

segunda-feira, 9 de abril de 2012

 ALLEN GINSBERG
Poeta beat nascido em New Jersey (Estados Unidos). Allen Ginsberg (1926-1997) foi não apenas o poeta norte-americano de maior prestígio da segunda metade do século XX, como também o grande rebelde romântico e poeta-anarquista contemporâneo. Promoveu, em parceria com Ke­rouac, Burroughs, Corso, Ferlinghetti, Snyder e outros uma revolução na linguagem e nos valores literários que se transformou em rebelião coletiva, na série de acontecimentos revolucionários que foi o ciclo da Geração beat na década de 50, e da contracultura e rebeliões juvenis dos anos 60 e 70. Conseqüências do impacto provocado pelo lançamento de Howl and other poems, em 1956, e, logo em seguida, de On the Road, de Kerouac, em 1957, e de outras obras representativas da literatura beat, como Kaddish and other poems, do próprio Ginsberg, e Naked Lunch, de Burroughs.
Expressões da liberdade de criação, tais obras romperam com o beletrismo, o exacerbado forma­lismo que dominava a criação poética e o ambiente acadêmico, e com seu correlato, o bom-mocismo da sociedade. Arejaram um mundo sufocado pela polarização entre o macarthismo e o stalinismo, abrindo perspectivas, não só literárias, mas existenciais e políticas. Alusivas a acontecimentos reais, escritas na primeira pessoa, a partir do “eu” de seu criador, e não de um mundo de abstração formal, promoveram uma nova relação entre poesia e vida.
Um de seus livros mais conhecidos, Uivo, (L&PM Pocket), conquistou milhões de leitores. Publicado em 1956, valeu um processo por pornografia contra seu editor, Ferlinghetti, no ano seguinte. O escândalo, associado ao impacto do lançamento de On the Road de Kerouac, contribuiu para promover mundialmente a Geração Beat e trans­formá-la em mito moderno e movimento social.
Como bem observaram seus tradutores e divulgadores franceses, Alain Jouffrouy e Jean-Jacques Lebel,até então, mesmo obras inovadoras, como as de Breton, Artaud e Michaux, resultavam em tiragens de uns poucos milhares de exemplares. Por isso, ao tornar-se fenômeno editorial, Ginsberg também se tornou emblema da rebelião, no plano da criação literária, da conduta individual e do conjunto das relações sociais.
Na perspectiva atual, é até difícil avaliar o quanto a rebelião beat foi importante, e qual a extensão de sua contribuição para a formação de uma nova ideologia, uma percepção do mundo e do homem da qual fazem parte a ampliação e o enriquecimento da liberdade individual, e a superação de divisões e mo­dos de repressão.
Um dos méritos de Gins­berg, Burroughs e especialmente de Ferlinghetti foi terem feito a ponte entre o modernismo anglo-ame­ri­cano, de Ezra Pound e William Carlos Williams, e a vanguarda francesa, principalmente o surrealismo. Em um grau enorme de atualização literária, Ginsberg e Carl Solomon, internados em um hospício em 1948/49 (episódio decisivo para a criação de Uivo), escreveram uma carta delirante para o surrealista Malcolm de Chazal, autor de exceção até hoje, cujo Sens Plastique acabara de sair. Palestras e ensaios de Ginsberg demonstram sua vinculação à vertente objetivista, de Pound e Williams, e do fluxo de consciência, de Gertrude Stein e James Joyce, e mostram como seu trabalho com a prosódia, os valores sonoros da linguagem, é consistente e complexo.
O conjunto dos textos escritos entre o final dos anos 40 e o início dos 60 reflete algo como uma experiência iniciática, resultando em uma nova consciência e uma nova cor­poreidade depois desse confronto com a morte. A seu modo, Ginsberg reproduziu a viagem órfica, a descida de Orfeu, arquétipo dos poetas, ao inferno, e a trajetória do xamã, do bruxo-sacerdote tribal. Emergiu dela, após aderir ao budismo tibetano, como líder de movimentos sociais dos anos 60 em diante, e um permanente animador cultural, à frente do Naropa Institute, a universidade alternativa que criou e dirigiu até o fim da sua vida.
Morto aos 70 anos, fará falta, mesmo com a permanência de sua obra. Em uma admirável síntese do poeta olímpico, a celebridade mundial, e do poeta maldito, o marginal, jamais abriu mão do senso crítico e da busca do novo, tão evidente na permanente transformação de sua obra desde a fase heróica da Beat, nos anos 40-50. Enfrentou crises pessoais como a de 1960 a 63, interrupções do seu processo criativo, mas nunca se tornou um repetidor, um epígono de si mesmo. Não soará estranho, atualmente, afirmar que alguém como ele, um rebelde com um comportamento extravagante e desregrado, foi um exemplo de integridade, de uma elevada ética da poesia. (Trecho do texto do tradutor e poeta Cláudio Willer, autor da introdução, das notas e da tradução de Uivo para a L&PM Editores).
OBRA | Poesia :
Howl and Other Poems, de 1956 (no Brasil L&PM Editores 1982, e L&PM POCKET, 2000); Kaddish and Other Poems, de 1961 (no Brasil L&PM Editores 1982, e L&PM POCKET, 2000); Empty(1961); Reality Sandwiches (1963) Ankor Wat (1968); Airplane Dreams(1968); Planet News (1969); The Gates of Wrath, Rhymed Poems 1948-51 (1972); The Fall of America, Poems of These States (1973); Iron Horse, (1974); First Blues, (1975); Mind Breaths, Poems 1971/76 (1978); Poems All Over The Place(1973); Plutonian Ode, Poems 1977-1980(1982).
Prosa :
The Yage Letters (com William Burroughs), de 1963; Indian Journals(1970); Gay Sunshine Interview (1974); Allen Verbatim: Lectures on Poetry, etc. (1974); The Visions of the Great Rememberer (1974); Chicago Trial Testimony(1975); To Eberhart From Ginsberg (1976); Journals Early Fifties Early Sixties(1977); As Ever – Collected Correspondence. Allen Ginsberg & Neal Cassady (1977); Composed on the Tongue (Literary Conversations, 1967-1977), 1980; Straight Heart’s Delight: Love Poems and Selected Letters (com Peter Orlovsky), 1980.

domingo, 8 de abril de 2012

VIDEOPLEXIS

registo a azia numa cassete vazia
cheia d`angústia
farta de ser desgravada
a vontade muda-se
a memória permanece
na tristeza
que acontece
no desejo de mudar.

ninguém me ouve
e
eu estou farto de tentar


89fev24

meteorologia

nuvens arrependidas
anticiclone distraído
depressão generalizada
vento envergonhado
temperatura condicionada
queda de anjos nas regiões tristes
… o sol vai permanecer magoado.


mai2006