Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

NÃO HÁ CÁ NINGUÉM A NÃO SER ESPANTALHOS

Labirinto da saudade.
A ausência enche as ruas.
Magoo-me.
Tenho o cinto no aperto da vontade.
Uma misericórdia inoperante.
O que pretendes, pecador infalível desordeiro das orações que ensinámos?
Império das mentiras, princesas maquilhadas no trono dos tropeços.
Não consigo um diferente começar. 
NÃO HÁ CÁ NINGUÉM A NÃO SER ESPANTALHOS.
Oceano afogado nas sombras - uma corrente de murmúrios - negação contínua que conforta o autismo pulsos atados num remo à deriva -  barca velha cansada da adega - e há um sol teimoso que finge o nascer -  e oferece-nos um perder agasalhado nas pulseiras.
NÃO HÁ CÁ NINGUÉM A NÃO SER ESPANTALHOS.
Neste palácio borrado de medo pela curiosidade de janelas indiscretas. O existir não passa de uma circunstância inconveniente. Os palhaços abandonaram o palanque.
Este sítio é suspeito. Sobrevive com nuances de sanguessuga. Doida autópsia rasurada, escondida num asilo ignóbil mija decências nos muros encharcados de peçonha. Glorificado seja o nojo de cada dia, a toda a hora, aqui na terra mas nunca no inferno. Queimo as respostas que hipoteticamente endereço a mim. Não ouso pintar ausências, até porque o mais perto que estive da felicidade, foi uma vírgula sem o ridículo das palavras. Estou sempre pronto para o que de mim eu quiser. Atento e venerando, o optimismo conservado numa solução fictícia cada vez mais longe deste lugar que tanto me cansa. (não estou a falar de mim. Eu sou outra coisa). Se calhar até podia ser assim, mas esta maldita fé enferrujada por néctares alucinados, pregou-me a esta ilusão roubada numa caixa de esmolas. Despejei o cabaz dos imbecis. Há alguém por aí? Alguém que me possa matar? Tenho dores para a troca, sorrisos fáceis para vender, um coração habitado na mentira, olhos que nada entendem, boca obediente, consumo mínimo do zero à morte, 7 chicotadas. Ofereço um diamante louco abençoado pelo Syd Barrett. Se não for do agrado, tenho átomos congelados, embebidos numa salada russa, antes de o Putin começar a levar no ânus. Candy dizia ao corpo que a estranhava, que só queria um dia perfeito. Só me queixo da sorte quando o azar se esquece de mim. Até porque não gosto das bebedeiras diluídas em contrafacção. Tenho um gosto distinto entendido por um tinto de reserva conceituada. De cada vez que me penso, esqueço o que de mim presta, ainda não queimo o que resta, mas isto vai ter cura. 
Relembro-me em leituras sonâmbulas e caminho nas nuvens da ilusão. Colo a tristeza numa manta amiga, e espremo a esperança com dedos manchados pela crença que me impregnaram. Recordo quando era jovem, mas não encontro os segredos que escondi.
NÃO HÁ CÁ NINGUÉM A NÃO SER ESPANTALHOS.
Tenho a pele empilhada por aplausos que nunca ouvi. 
Opções divorciadas dos flashes fedorentos.



,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA


terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Eu e a Ana .

 


O MEU CHÃO

 Amo 

    todas 

        as 

         pátrias. 

Embora 

     elas 

        nunca 

             sejam 

                  o 

                    meu 

                        chão.


2016,08aNTÓNIODEmIRANDA

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

OFERTAS DE NATAL

 O tempo está a cair.
Espera no varrer das folhas, 
os conselhos da solidão aprazível.
Aqui, 
no lugar que foge, 
há memórias embrulhadas para ofertas de natal.
Fala-se agora uma estranha linguagem, 
caiada numa indiferença 
que nunca nos abandona.



,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA




AGRADECIMENTO

 Obrigado a todos pelas calorosas massagens de Boas Festas  que enviaram.
Humildemente peço desculpa pela omissão de resposta, mas tenho estado num período de reflexão sobre o orgasmo da Virgem Maria.
E, acreditem, isso tem-me dado Whiskey pela barba.


,2020Dez25_aNTÓNIODEmIRANDA


quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

A VIDA, DIZEM OS QUE MORRERAM…

 
Alinhavo o amor em lume brando, 
no tempero do meu cérebro, 
todos os dias nas manhãs que me apetecem.
Roubo-te o pijama, 
para a auspiciosa intenção que quero 
não desista de nós. 
Escondo os nomes do nosso acontecer, 
abafando num orgulho tolo as palavras 
que erravam os ouvidos naquelas noites 
com fingimentos dos amantes mais promissores do mundo. 
Agora que conforto estrelas pendentes no relógio do teu olhar, alcanço lágrimas vestidas com roupa que não conheço. 
Escrevo recordações absurdas 
da nossa mentida possibilidade. 
Ouço um trombone que tenta riscar no céu 
nomes estranhos, relâmpagos a iluminar um qualquer néon esquecido na nossa falta de comparência. 
Como é triste este rastro transmitido 
em directo na realidade que arriscamos ignorar. 
Resta a subtileza nesta forma de confundir. 
A vida, dizem os que morreram, 
outros dias terá de esperar.

,2020Dez_aNTÓNIODEmIRANDA


sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

RESTA-ME UM SACO ROTO

 

Era com flores
que te desenhava.

O cheiro da tua lembrança,
perfumava o mais puro
do meu mentir.

Resta-me um saco roto,
abrigo de memórias
que ainda consigo arquivar.


,2020Dez_aNTÓNIODEmIRANDA

NO ALVOROÇADO ARFAR DA VÉNUS

 


Assim não dá


!


Tira 

A

Camisa



,2020Dez_aNTÓNIODEmIRANDA

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

AGUARDAR A VEZ NO LUGAR DO TEMPO


 Ainda não sinto a falta de mim.
Não quero repetir o cansaço nem respirar 
o erro da inútil espera.
Mostrei-lhe no olhar 
um desejo inequívoco de animar outras andanças.
Tenho na cabeça muitas portas do céu, 
mas ninguém em mente.
Portanto, desta vez tudo leva a crer 
que o passado vai correr bem. 
Pelo menos é o que  o teclado escreve 
na folha de papel sem jeito 
para crónicas de embuste.
Sou um clandestino a navegar 
nas ideias deste cenário.



,2020Dez_aNTÓNIODEmIRANDA

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

O USO DOS ANOS


Adoro os dias sem tempo.

Há quem diga

que é o modo mais eficaz

para mascarar

o uso

dos 

anos

.

,2020Dez_aNTÓNIODEmIRANDA

domingo, 13 de dezembro de 2020

Lou Reed - See That My Grave Is Kept Clean (Live)

ABRAÇO ESTIMADO

 

Caro amigo:
Tudo normal dentro desta carapaça.
Continuo a naufragar nesta salada de bibelots, embora não deixe de estranhar o seu sabor.
De vez em quando, ouço falar de liberdade, conquanto ela nunca disse que existe. 
Ou melhor, aparece esporadicamente num qualquer poema abusivamente afastado da memória.
Na capoeira ensaiam-se sorrisos patéticos para celebrar o raquitismo das ideias sem qualquer interesse.
O escorbuto, contrariando as expectativas mais optimistas, não se mostra eficaz na contaminação dos cretinos.
Há que dar tempo ao tempo, 
dizem os filósofos da boa-fé.
Na lixeira repousam cocktails de sonhos.
Celebro a nossa amizade com um 
Abraço Estimado.


,2020Dez_aNTÓNIODEmIRANDA


sábado, 12 de dezembro de 2020

A VÉNIA

 

Pus um sorriso nas veias

e quase toquei o céu.


Alguém invejou

a vénia 

que o tempo

me entregou.


Eu,

Só tentei

Outro

Lugar




,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

ENFERRUJAR HORAS

 

Que merda de dia,

dizem aqueles que gastam 

o tempo a enferrujar

horas.


Passo ao lado dessa indignação.

Para esses,

é só mais um

para a colecção.



,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

O CAMINHO DA FELICIDADE

 

Disseste um dia
Que mais tarde 
Ou menos cedo
Iria encontrar
O caminho da
Felicidade
Perante 
Tamanha convicção
Ajoelhei

O que me valeu
Foi
O
REUMON Gel 50 mg/g


,2020Dez_aNTÓNIODEmIRANDA

domingo, 6 de dezembro de 2020

NÃO HÁ CÁ NINGUÉM A NÃO SER ESPANTALHOS

 Labirinto da saudade.
A ausência enche as ruas.
Magoo-me.
Tenho o cinto no aperto da vontade.
Uma misericórdia inoperante.
O que pretendes, pecador infalível desordeiro das orações que ensinámos?
Império das mentiras, princesas maquilhadas no trono dos tropeços.
Não consigo um diferente começar. 
NÃO HÁ CÁ NINGUÉM A NÃO SER ESPANTALHOS.
Oceano afogado nas sombras - uma corrente de murmúrios - negação contínua que conforta o autismo pulsos atados num remo à deriva -  barca velha cansada da adega - e há um sol teimoso que finge o nascer -  e oferece-nos um perder agasalhado nas pulseiras.
NÃO HÁ CÁ NINGUÉM A NÃO SER ESPANTALHOS.
Neste palácio borrado de medo pela curiosidade de janelas indiscretas. O existir não passa de uma circunstância inconveniente. Os palhaços abandonaram o palanque.
Este sítio é suspeito. Sobrevive com nuances de sanguessuga. Doida autópsia rasurada, escondida num asilo ignóbil mija decências nos muros encharcados de peçonha. Glorificado seja o nojo de cada dia, a toda a hora, aqui na terra mas nunca no inferno. Queimo as respostas que hipoteticamente endereço a mim. Não ouso pintar ausências, até porque o mais perto que estive da felicidade, foi uma vírgula sem o ridículo das palavras. Estou sempre pronto para o que de mim eu quiser. Atento e venerando, o optimismo conservado numa solução fictícia cada vez mais longe deste lugar que tanto me cansa. (não estou a falar de mim. Eu sou outra coisa). Se calhar até podia ser assim, mas esta maldita fé enferrujada por néctares alucinados, pregou-me a esta ilusão roubada numa caixa de esmolas. Despejei o cabaz dos imbecis. Há alguém por aí? Alguém que me possa matar? Tenho dores para a troca, sorrisos fáceis para vender, um coração habitado na mentira, olhos que nada entendem, boca obediente, consumo mínimo do zero à morte, 7 chicotadas. Ofereço um diamante louco abençoado pelo Syd Barrett. Se não for do agrado, tenho átomos congelados, embebidos numa salada russa, antes de o Putin começar a levar no ânus. Candy dizia ao corpo que a estranhava, que só queria um dia perfeito. Só me queixo da sorte quando o azar se esquece de mim. Até porque não gosto das bebedeiras diluídas em contrafacção. Tenho um gosto distinto entendido por um tinto de reserva conceituada. De cada vez que me penso, esqueço o que de mim presta, ainda não queimo o que resta, mas isto vai ter cura. 
Relembro-me em leituras sonâmbulas e caminho nas nuvens da ilusão. Colo a tristeza numa manta amiga, e espremo a esperança com dedos manchados pela crença que me impregnaram. Recordo quando era jovem, mas não encontro os segredos que escondi.
NÃO HÁ CÁ NINGUÉM A NÃO SER ESPANTALHOS.
Tenho a pele empilhada por aplausos que nunca ouvi. 
Opções divorciadas dos flashes fedorentos.


,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Abílio Augusto Gonçalves de Miranda 4 Dez_1927| 3 Nov. 1987 Gaveta 2678 Cemitério da Amadora. 93 anos…

 

Sentado na paragem do autocarro, relembro esse fim de tarde onde desoladamente percorri as ruas que me levariam pela última vez até si. Ruas estranhas, pisadas por mim, vezes sem conta. Tempo sem tempo, aquele que demorei a chegar. Estava cansado duma forma absorta, vazio de uma esperança que julguei, nunca me abandonaria. Invejoso de todos os sorrisos. Assassino de qualquer alegria. Acompanhava-me a mais vil das tristezas, embora soubesse que agora era para sempre. Saboreava  todos os paladares da angústia. Sabia agora, a hipótese exacta da perda. São 19 horas e mais vinte e sete anos. Correu demasiado depressa o seu tempo. Longo, exaustivamente longo, foi o tempo que levou a sofrer. Nada era tão real á minha frente, como o cenário real da sua morte. O Tomás estava no quarto ao lado, ele que também esteve para morrer. E a mãe com passagens para a outra realidade. Mas havia um abutre! Um abutre abusivamente mascarado de palhaço, que não conseguia respeitar a sua partida, gozando porca e despudoradamente com a situação da minha mãe. Eu bem o avisei, que ele não valia nada. Tal como fiz dois dias antes, com uma das suas irmãs, que depois da sua morte, não haveria a mínima hipótese de qualquer relacionamento entre nós. Compreendemos  os dois, que essa foi a última conversa.

VIVA LA MUERTE ! Irei abraça-la como um cavalo louco.

04 de Dezembro de 2014.

aNTÓNIODEmIRANDA