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sábado, 13 de novembro de 2010

mãe

sentado na sua campa teso como de costume



lembro-me de muitas conversas e do modo como aceitava as minhas mudanças de humor eu sei o que vale uma flor agora que só posso falar com a sua ausência passo o tempo numa peneira plena dos seus sorrisos e de alguns planos para o futuro sou o que sou e mais que ninguém você o sabe alguma coisa a morte levou mas lembro-me perfeitamente quando se despediu de mim com um olhar apressado para a viagem sentado no frio do mármore não consigo chorar tudo o que pretendo mais que ninguém você conhece o que poderão significar as palavras que me levam até si desta vez não vou mentir a verdade é que não me tenho portado bem talvez porque saiba que já não se pode preocupar hoje vou ler-lhe um poema daqueles que por vergonha minha nunca cheguei a mostrar sentado na sua campa teso como de costume


ainda não consigo lembrar tudo o que pretendo


não sei quando me vou libertar mas já vi o arco-íris na minha janela eu sei que todos os prognósticos são reservados e as funções vitais são uma grande treta respeito a coragem mas você sabe como odeio a resignação e o tentar terá de ser sempre uma obrigação sentado na sua campa juro que não tenho vontade de abraçar o mundo este silêncio tem o som da conveniência e a minha melancolia não é obrigatoriamente triste o céu é um lugar onde nada acontece embora toda a gente acredite na sua festa sentado na sua campa só como de costume revejo imagens que me vestem e você sabe que eu sou um optimista descaradamente teimoso mãe você sabia que o cheiro dos meus cigarros era diferente e eu nunca toquei em nada que me fizesse mal á cabeça nem mesmo os cogumelos e quando eu ficava a ouvir todos aqueles blues você desligava o aspirador para escutar a música triste mãe eu continuo a ouvir essa música e dou-lhe inteira razão uma perda nunca é alegre sentado na sua campa olho o tempo do tempo soletro horas com hábitos de felicidade que já só têm o cheiro da despedida mãe continuo maluco daquela maneira que você sabe mãe continuo à espera daquele modo que você entende agora deixo-lhe os meus poemas


esperarei por si no clube dos poetas mortos


até logo






setembro12.2006

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Senhor Alberto Mesquita da Cunha

Tive a honra e privilégio de conhecer este SENHOR.
Faleceu em 27 de Outubro de 2010. Até sempre.

Abaixo a resposta ao meu poema "Técnica Mista"
Muito Obrigado.


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

E NÃO SE ACEITAM RECLAMAÇÕES !

                                     Talvez seja tempo de iludir a realidade,fintar a ilusão da vida
                                     e com um golpe de rins salvar o que ainda me resta
                                     depois deste  naufrágio.



Encharco-me de álcoois vitaminas venenosas e abraço ilusões com doses temperadas de desgosto.Esgoto a publicidade com chupadelas ávidas dum sabor diferente.Piso os caminhos da memória num arco-íris de delírios e sorrio sofregamente manias de alegria. Onde está a minha sombra? Valerá mesmo a pena remar contra esta maré sempre vazia sempre nua e fria,onde afogamos ondas de optimismo? Os sorrisos cúmplices perdem-se rapidamente nos tragos amargos das derrotas.


                                      Mentalidades sifilíticas !!!
                                      Orgias de estupidez abusivamente declarada.
                                      A vulgaridade deslizando sinuosamente entre coxas                      
                                     de responsabilidade anónima limitada ao preço dos casacos de                                             peles,da minha pele e do meu nojo enjoado.Perfumes enganadores.
                                     Leites da colónia da cópula. Publicitem com a devi antecedência              
                                     a próxima fornicação celestial.                   Bilis deliquente :
                                     não me bastava ser o meu coração um guerrilheiro do amor.

                                     Envolvimentos misteriosos na sombra da noite, dos amantes fugitivos.


                                    ANJOS SAÚDAM-NOS COM OLHARES BENEVOLENTES.


Boa sorte !

happening na avenida da liberdade

Ela
a estátua estava
nua

ele
o polegar

trezentos anos
que estava
imóvel


- olhou - pensou - & tirou uma camisa de
vénus da embalagem
&
enfiou - a
no polegar da
estátua.


- assim se fode


a imobilidade !

Para não dizerem que não falei das flores

inútil desenhar sonhos, pintar sorrisos e evitar olhares.



Lembro-me de tudo o que quero e logo desejo que a memória não fosse senão uma vaga ideia. Olho-me e revejo tempo passado em obrigações plásticas que preenchem o vazio que sou. Não sei remar nesta maré e odeio a teimosia com que o meu barco me leva sempre ao mesmo ancoradouro. Derroto-me com sabores de vitórias e abusivamente optimista espero. Aguardo dias diferentes emoldurados com flashes de recordações. Ausento-me. Despeço-me sem partir, chego sem nunca estar presente. Jogo o mesmo jogo num projecto de vida que não passa dum casino (e aviso que o meu cú não é uma slot machine). sou violado observado controlado analisado etiquetado limitado.


lentamente
como se o vento fosse meu amigo, escondo-me em sorrisos de circunstância.
Caminho ao acaso no meio de gente ausente.
Solitário, na paz do jardim das árvores brancas decoro epitáfios e sorrio solidários ás flores de plástico.
Pele & ossos !
Uma mão cheia de tudo a outra cheia de nada : esta imagem não me é estranha.
Tú, tú que sabes tudo da solidão do mar

tú que sabes tudo da tristeza e dos seus sabores,
... ajuda-me a encontrar o caminho das flores.


Fecho este lugar sem portas, abraço o cheiro das suas ausências beijo memórias e guardo guardo secretamente lágrimas de
raiva.
Perdido nestes passos sem volta,
adio a viagem desejada. Atento á traição das palavras, alheio-me frequentemente do seu significado. Finjo que ouço mas não esqueço.


Então, acontecem as memórias que se
estendem pelo mar da desilusão.

o oceano não chega para me afogar !


Respiro naturalmente o
meu próprio nojo. Sorrio
risos cúmplices e
cansados com hálito de
tabaco e álcool. Hesito
sem convicção e não
resisto. Agarro a
vontade, pego na caneta
e ritmo palavras ao som
do flamenco proveniente
to teclado.


COMO SE FOSSE POETA ...

95.AGO.08

Paranóia à quinta feira

hoje é quinta feira
não sei porquê mas adoro as quintas feiras
há menos pessoas na rua
vejo menos óculos e menos olhos
que me dizem sempre o mesmo : nada
( talvez esteja aí a maior prova de que
realmente existe deus ... )
quando era miúdo, ao falarem -me de deus
contaram que ele queria que todos nós
fossemos iguais. ( penso que era comunista )
observo as pessoas
quando não posso beber um gole de whisky
ou fumar ou pensar ou falar com um rafeiro
ou ler a página da necrologia do
diário de notícias
( quando morrer gostava que também
me incluíssem nessa página )
hoje
talvez seja 5ª feira ... não !
não gosto desta quinta feira porque chove.
se quiser andar tenho de atravessar uma
floresta de guarda-chuvas-também não
gosto deles : são todos iguais !
atenção !
pela primeira vez penso em
transformar - me em guarda chuva ( apaixona - me
a ideia de qualquer pessoa poder
transportar - me ).
anuncio :
jovem de boa posição social.
elemento mal integrado.
solteiro e educado.
procura cientista culto que o
transforme em guarda chuva.
resposta com curriculum.
guarda - se sigilo.
merda ! hoje é quinta feira e os
cientistas não trabalham.
apetece - me fumar !
vou pedir boleia
apetece - me o poema, vou ler :
agarro na lista telefónica.
porra ! tem mau aspecto ...
estou no pigalle.
fazem - me imensa confusão os nomes
das garrafas expostas nas
prateleiras.
mas hoje é quinta feira
é dia santo e talvez mesmo eu
acredite em santos.( quando morrer
gostava de ser santo )
olho para a rua.mais uma vez o sol. (digo
isto porque as pessoas adoram o sol
pr`a se bronzearem ).
hoje é quinta feira e as pessoas
não mudaram de fato. fumam mais
pensam mais lêem mais olham mais
e estão mais nervosas.
hoje é quinta feira e o frasco da
mostarda continua amarelo. gostava de
ser mostarda ou empregado de café para
meter um pingo de cancro em tudo
aquilo que me pedissem.
hoje é quinta feira : dia mau muito mau
para o marketing : para ganhar a vida :
para a pesca : dia optimamente bom
para fumar.
hoje é quinta feira e vou à praia.
nb:
pela primeira vez penso em ser
rímel ou base : agrada - me a
ideia de contribuir para a
máscara colectiva.
as pessoas falam alto - cada vez mais
alto - ainda mais alto ...
e isso irrita - me.
hoje é quinta feira e são 14 horas e
10 minutos.
o sol ainda não apareceu ! ( ontem
deitou - se mais tarde : esteve a ouvir
bach com um amigo ).
hoje é quinta - quinta - feira ( 5ª feira )
bom dia tás bom ?
olá tás porreiro ?
o que estás a fazer ?
paga - me uma bica
queres ir ao cinema ?
empresta - me uma moeda pró telefonema
o que estás a ler ?
adeus miranda.


hoje é
q - u - i - n - t - a - - f - e - i - r - a ...
confirmo !!!
as perguntas os olhares
as respostas os sorrisos
- NÃO MUDARAM !


74abr11

requiem por pablo neruda

os
olhos do poeta
são
vulcões que eruptem
a
cada golpe de machado
sentido
nas palavras
as palavras são setas
e
o seu significado
a
sua direcção
a
sua força
nem
pedras
nem
ventos
podem impedir.


a voz do poeta
nem
a morte a calará.
porque o mundo
é a pátria do poeta.

poema realista de amor

dá - me :
uma veia
uma lágrima
uma lâmina
a mão
um sorriso
um olhar
uma flor
amor

e :
quando acordares
lembra - te que ainda
não nascemos.

poema para harpo marx

Harpo morreu !
Olhem para as lágrimas
Rolando pelo chão !


Dizem que é chuva caindo .


Não !
O
Céu
Está
Chorando .

poema para che guevara

ter - se - ia rubens
esquecido de pintar
todos os pássaros de vermelho ?


oh !
talvez hoje
não existissem
gaiolas.

2004fev20

porque choram o amor

quem poderá dizer
porque choram o amor ?
eu não consigo compreender
eu contei-lhe todas as mentiras
dediquei-lhe todas as carícias
ás vezes com beijos obrigatoriamente fingidos
no som dos gemidos
: sonhei
alegre e triste fiquei
mas eu contei-lhe todas as mentiras
não apenas as suficientes
sorri risos ausentes
mesmo o seu ego com o esperma inundei
dividi o meu coração em tiras
mas ninguém nelas pegou
mas eu contei-lhe todas as mentiras
não apenas as verdadeiras
amei-o de todas as maneiras
mesmo com palavras traiçoeiras
mas ele a mim nunca amou
porque choram o amor ?
eu permiti-lhe toda a ficção
todas as ausências
e abusivamente chorei os sons do seu silêncio
os sonos espancados
caçando os meus sonhos
perseguindo os meus medos
confiei-lhe todos os segredos
provei mesmo o sabor da sua dor.
porque choram o amor ?


2006jul31

TENHO UM SEGREDO

Tenho um segredo.
Que não posso contar
Quem eu conheço
Não sabe escutar
É só um segredo
Nada mais para além disso
Não fala de medo
Não condiz com o riso
É só um segredo
Não posso contar
Talvez fale duma estrela
Que me põe a voar
É só um segredo
Que ninguém quer ouvir
Fala de alguém que está sempre a fugir.
Tenho um segredo…
Não tenho juízo.


ago.2010

TEMPO DE ANTENA

Eu sou o candidato que promete tudo mais barato
Não se vai arrepender quem em mim votar
Casas para todos escolas para todos
Telenovela ao almoço e jantar
Emprego ?
Só para quem tiver vontade de trabalhar
Eu sou o vosso candidato
Não estou aqui para enganar
Quero votos quero votos quero governar
Quero ser o vosso presidente
O vosso amigo permanente
Eu só vos quero ajudar
Vocês não podem viver sem o poder
Obedecer obedecer obedecer
Obedecer sem saber
É o vosso único dever
Eu sou o candidato
O óptimo candidato que nunca se atrapalha
Falte a carne ou falte o pão …
Comigo o povo até come palha.


Senhores telespectadores:
O programa preenchido por este espaço de tempo, é da inteira responsabilidade da associação dos inválidos que nos governam, assim como daqueles que poderão vir a causar-nos os mesmos danos.

comentário :

O GOVERNO É COMO UM PENICO :


MESMO VAZIO OCUPA ESPAÇO

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

TOMARA

Tomara
Que a minha alma
Me traga sempre
O teu sabor
Ai
Quão difícil
É o meu existir
Esta vontade de partir
Dividir o céu
Estar
Voltar
Fugir
Tornar a ser eu
Beijar
Esta lágrima
Vertida num cálice
Exangue de dor.

Set06.2010

FOI SÓ UM BEIJO

Foi só um beijo
Que já é saudade
A ambição descansa
Num canto divino
Que a alma me alcança
Foi só um beijo
Com sabor a erva santa
Ouve-se o gemido
Tapa-se o grito
Hoje tudo continua
Com a mágoa permitida
Silêncio na noite
Golpe na vida
Mal vivida
Poesia inventada
Veia mal cortada
Mas a intenção
Era pacífica


Set06.2010

vale a pena ????

Vale a pena
A tua vida tão pequena
Feita renúncia repetida
Beco sem saída
Sem lugar para a viagem
Receita assistida
Não te enganes na embalagem
Tudo com contrapartida
Inteligência desistida
Realidade discutida
Estabilidade social não garantida
Só a felicidade permitida
Emoção escondida
Vale a pena a tua vida ?
Mal resolvida
Repartida
Vã tentativa.

ago21
.2010

X-acto

corto-te

quando quero
palavra
mal dita falada
desespero
mato-te
com o x-acto
no sitio certo
golpe exacto
palavra
sem sentido
acto dorido
momento sofrido
grito fugido
das tuas teias
corto-te
num golpe
que esvazia as tuas veias
corre
morre
abraça a liberdade
que tanto receias.

Set01.2010

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

DEIXA-ME VIR …

Deixa-me vir
Esta foda é minha e tua
Falamos daquilo que nos dá prazer
Somos sol e lua
Aceitaste o convite
Sem medo de te dar
E neste tempo só a ti eu vou querer
Deixa-me vir
Tu sabes como lambes bem
E já conheces os cambiantes do meu sabor
Esta noite és a minha conquista
Ama-me sem fim à vista
Molha-me com o nosso suor
Pois é, pois é…
Já sabemos o que fazer
Sempre que nos encontrarmos:
Inventar o prazer
Foder até nos cansarmos.
ago.2010

O nosso olhar

O nosso olhar

Tinha encontro marcado
A tua boca : o perfume do meu sorriso
O teu beijo : a fascinação da promessa
Intimo suspiro
Do amor feito sem pressa
Seca-me a língua
Do teu corpo em dois percorrer
Chama antiga
Feita vontade de te beber
Infinita fogueira
Onde acabamos sempre um no outro.
O nosso olhar
Era um verbo adiado
O nosso olhar
É um orgasmo anunciado
2010ago23

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Para o Zé de Várzea

temos o tempo

vivemos o momento
sem saber a medida
deitamo-nos com as horas
e descansamos o relógio do nosso pulso.
gastamos o desejo
no instante que conseguimos.
nós gostamos
rimos e choramos
cantamos todos os medos
estivemos
olhamos
sentimos
consentimos o abuso:
não temos culpa
que a morte nos dê uso.
a partida é sempre
a viagem que nos espera!
os epitáfios deveriam respeitar
a nossa opinião.
a nossa memória
não será nunca uma conveniência alheia.


quero que a morte
me apanhe desprevenido
e que as minhas cinzas
desenhem no ar
uma única palavra :


amigo.




Maio27.2010

eNTRETANTO...

pedi a deus o céu

para a minha morte não o incomodar
voei o mais alto que quis
como pássaro desenhado
na nuvem por mim pintada
no meu próprio tempo
de saudade ausente
de ficção inventada
de sorrisos fintados
de caminhos solitários
de moradas artificiais.
invejei a morte
mas nunca reneguei o seu convite.
Algum dia encontrarei
O que está dentro de mim…
O paraíso só acontece uma vez.


Entretanto…
Alguém me observa
Exibindo alegremente
A embalagem dos comprimidos da minha mãe.


maio2010

Ela dizia

dizia que gostava de homens

era uma malandrinha

falava que os assustava

julgava que manipulava

mesmo quando fingindo se vinha

era muito desinibida

quanto baste atrevida

pensamento liberal

mostra-se só escondida
mas os homens não gostavam dela
tanto quanto ela desejava.

Vivia a vida numa conversa
Gastando as horas
Fabricando a promessa habitual.


Ela dizia ?




jun2010

DESENHO

Desenho
O desejo
Em forma de um beijo
Cobrindo o teu corpo
Percorrido
Pela minha língua subtil
Convite deliquente
Sexo húmido e quente
Pedindo que nele eu entre
Entre palavras e gemidos
Volúpia dita aos ouvidos
.
Junho24.2010

FLAMENCO

O vento

Trouxe-me um sonho
Envolto em formas de areia
Embrulhei-o
com o papel da minha alma
O mar deu-me o laço
Perdi o sono que me cerceia
.
Agora
ouço o seu murmúrio
num choro que me agarra
na voz que me acalma
ilusão parida
no som duma guitarra.


                                                           jun2010

HAPPY BIRTHDAY

feliz aniversário

para ti meu amor

este é o dia

para celebrarmos a tua morte

não tens que chorar

a vida é uma mentira

embora toda a gente tenha a mania

de contar histórias com sorte !

esta dor bebe-se dum copo

enquanto alguém distraído
continua a escutar a canção ERRADA !
feliz aniversário
para ti meu amor
ABRAÇO-TE
com estas PALAVRAS
levo-te no meu segredo
enredo e novelo
de angústias FORMATADAS.

Junho20.2010

P.

adeus amor
já não posso sofrer por ti
só tive aquele tempo
não me deste o momento
para aquilo que te prometi.
do resto fica o desejo
o adiado beijo
a ideia em flor
e a triste intenção
que o medo matou.


ai meu amor
o que eu faria por ti
se me tivesses dado o tempo
ou apenas o momento
para o sonho que não vivi.


ai meu amor
o que eu não fiz por ti
mas não tive o momento
nem sequer o tempo
na vida que morri.


eu sei
que não me deste o momento
ficará o lamento :
tu sabes que não te menti.




jun2010

SEDUÇÃO

abraças os medos do costume
o sorriso de uma veia
todos os teus pesadelos
são a realidade que afastas
qualquer dor é o teu sentido
e mostra-te o caminho que não sabes percorrer.
todos os dias
deviam ser de sedução
todas as noites têm de ter amante
e a intenção do amor uma prioridade constante
às vezes sentes-te confortável
talvez sejas uma lágrima
que escorre dos olhos do deus por ti inventado
todos os momentos deviam ser inevitáveis
todos os beijos oferecidos
e o prazer que sempre recusas, fatal.
todas as teorias são banalidades
todo o desejo devia ser legalizado
todo o convite não recusado
todo o comportamento não normalizado
todos os destinos não comprometidos.

jun2010

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Como se fosse rita cadillac

prazo de validade ultrapassado
metida no buraco

a vida é fodida

todas as horas têm o sabor a fel

de nada vale a etiqueta

já nada controlas

muito menos a fantasia

de te ofereceres sem vergonha

e a malícia

não é a tua melhor arma

bem podes fingir

o olhar de pecadora
os santos mentem como tu
e nem sequer usam priadel
agora já não páras
e sabes quanto a tua sombra te detesta
caminhas
sabendo que não chegarás a qualquer parte
entras sempre no mesmo filme
como se fosses rita cadillac
e os dias ficam assim
ao correr da asneira
no tempo
gasto num constante lamber de feridas
sempre á espera do amigo
que não és capaz de ter
e riscas no calendário
todas as alegrias mentidas
2006dez

sábado, 15 de maio de 2010

DÊEM FLORES AOS REBELDES QUE FALHARAM

NADA FICOU POR FAZER



DO QUE FEITO FOI COM VONTADE


DA NOSSA ESPERANÇA


LUTA CONSTANTE DO NOSSO QUERER


ACREDITAMOS NA POSSIBILIDADE


E NUNCA NA GLÓRIA CASTRADORA


DAS NOSSAS INTENÇÕES.


NÃO HÁ VIDA DIGNA SEM IGUALDADE


E NUNCA A LIBERDADE SERÁ PODER.



ALGUÉM ESTEJA ATENTO


ÁQUELES QUE TENTAM SEMPRE.








2010

Leilão de solidariedade à Madeira, Lisboa_Palácio de Brancamp_2010maio13

António de Miranda, Teresa Gonçalves Lobo; Raúl Perez, Ana Martins e Pedro Mesquita da Cunha

sábado, 6 de fevereiro de 2010

leonor

DESCALÇA VAI PARA O COMPUTADOR

LEONOR PELA ALCATIFA
VÊ - LA ASSIM É UM AMOR
COM AQUELE ANDAR DE CALIFA
NÃO VAI FORMOSA NEM SEGURA
NÃO É JEITOSA E TEM LARGA A CINTURA
MAS USA CINTA E SOUTIEN
E PENSA QUE É DESEJADA
OFERECE - SE MAS NÃO SE DÁ.
AS UNHAS NÃO QUER SUJAR
JÁ LHE BASTA A MERDA
QUE TEM NA CABEÇA
POIS ESSA NÃO PODE LIMPAR.
LIBIDINOSA OLEOSA
MOSTRA A SUA DENTADURA
ESTÁ CONSTIPADA E RANHOSA
HÁ MUITO QUE ISSO DURA.
BAMBOLEIA - SE DESEJOSA
DIANTE DO OLHAR QUE
A PERFURA.
SET84.25

Lenta_mente

lentamente

escoa-se
a esperança
num passador
chamado tempo

Tempera-se
a urgência
( com muita
muita paciência )
com sangue
raiva
e suor.

Ferve-se
brandamente
a vontade
juntando-se
pouco a pouco
lágrimas de desespero.


Acompanha-se
com melodias de paixão
e serve-se de preferência
com o sorriso habitual
da usual conveniência.

SOMBRA

Vigia a tua sombra

existe ainda um fantasma

dentro de ti

a liberdade chegará

malgrado a vontade nula

que ponho na minha sobrevivência.

É chegado o momento

de encararmos as coisas
com a frontalidade possível.

Façamos da incoerência

a nossa amada e tão necessária

coerência

e,

sobretudo

continuemos a evitar

as perguntas perturbadoras.
É urgente
a paixão ardente
o amor violento
que emane
sem margem para
quaisquer dúvidas
a nossa malvadez
o nosso gentil ódio.
Sim,
a liberdade chegará
e, embora sem sermos capazes
de compreender a sua presença,
escreveremos o seu nome nas paredes,
soletra - lo - emos
letra a letra,
pelo que ela não deixará de
ser aquilo que sempre foi :
uma palavra agredida
pela nossa futilidade.
Perdoa - me ! perdoa - me 100000 de vezes
por não ter
um filho teu.
mas tens de admitir
que a vida é dura
quando um homem
só tem
aquilo que deus
lhe deu !
( e deus não existe ! )


Vigia !
vigia a tua sombra
há sempre um fantasma
dentro de ti.
Vigia !
vigia o teu fantasma
há sempre uma sombra
dentro de ti.
Não fiques intrigado
com o teu próprio jogo :
os trunfos que podes deitar
são o espelho da tua
versatilidade
joga com a cautela
que te é usual
assim, não perdes o que podes
ganhar
( recuperas sempre o que perdes )
porque a vitória
só é possível num jogo viciado.


O que nos une,
e é necessariamente
urgente
que disso
tenhas consciência,
é o nosso fracasso
árduamente conquistado,
conseguido gota a gota
falhanço a falhanço
pela nossa imbecilidade
pela nossa cretinice.


Tomai
e bebei
do meu cálice !
e, que
o veneno seja
assaz
eficiente !
perdoai
a minha coragem
assim como eu
não admito !
não aceito !
o vosso bom comportamento
a vossa boa disciplina
a vossa boa organização.


Tomai
e bebei todos
este meu ódio
permanente
este néctar
que deliciosamente
derramo
sobre os vossos pensamentos
sobre os vossos sorrisos
que,
abusivamente
têm o gosto
amorfo do tédio !


Há um fantasma
dentro de mim
que ocupa o néon do meu corpo
há milhares de sombras sorridentes
que preenchem a minha imagem.


Vou !
vou esconder - me
esconder - me bem
pôr - me fora de vista
a policia do sexo
anda pôr aí espalhada !
( alguém lhes disse
que tinha no frigorífico
as mãos da minha namorada ! )


Como é difícil de explicar a dificuldade do amor !!!
Corações ardentes
paixões violentas
milhares de humanidades
refugiadas
no medo da solidão,
embora fecundem o desprezo
a nulidade da personalidade
e toda a tentativa individual
DO DIREITO À DIFERENÇA .


(Como é diferente
ser - se diferente . )


Tomai e bebei todos !
este é o veneno do meu corpo
para vossa glória
por mim derramado.


Dão - vos um yô - yô
e com ele brincam à felicidade.
E depois dizem -me :
assenta bem os pés
no chão !
então
como poderei tirar as calças ?
( evitemos
as perguntas perturbadoras ... )


assumamos
de uma vez por todas
a conveniência da comum conveniência.
Consumamos
consumamos a necessidade de ser necessário consumir.
Consumamos até á exaustão
a necessidade da ignorância,
dos prazeres consentidos
pela legalidade legalizada.
( amor : que jogo mais estranho ! )


Vou escrever
uma carta apaixonada
antes que aniquilem esta
vontade louca que tenho de ser feliz !
corações violentos
paixões ardentes :
enterrem
a minha paixão
na curva
do rio.


Haveremos de viver !
o homo sapiens
usa perfume penetrante
bebe coco cola
e encharca o corpo
com desodorizante.
Assim,
tudo ! tudo não passa de
reclame
iluminado pelo néon
da nossa estupidez.
Amen !


Desolação !
Sou um anjo da desolação !
estou farto de lutas
Árduas conquistas e
Principalmente
do herói de celulóide
que aconselha a pasta dentífrica
que devo usar.


Resta - nos esperar
pela imortalidade da morte
porque
as pessoas diferentes
acabarão por realmente
VIVER !
84.jan

se os teus olhos te vendessem

eras tão bonita

e já te não quero
it`s all over now
i`m in the blue
you must know, my rainbow
is not for you
eras tão bonita
e já te não quero
procurarei ser digno
embora saiba que esses delírios
te perderão num caminho sem volta
não és a maré que o meu oceano abraça
nem a paixão que poderá remar o meu barco
não há culpas nem desculpas
já nada existe para além disso
não sou rio onde possas navegar
nem tu a bela barca que me surpreendia o acordar
fomos um fracasso total
o que te dei
o que me deste
não passou de uma mentira banal
mentiras hesitações contradições insinuações
déja vu não assumido
ninguém pega em ti ao colo
embora te ofereças como um produto num supermercado
hoje sinto-me doente
mas há alguém que verdadeiramente o está
a necessidade não explica tudo
e a solidão merece mais respeito.


se os teus olhos te vendessem
eras tão bonita
e já te não quero
como poderei ser teu amigo ?
sozinho é sempre diferente de solitário.
estupidez é a asneira repetida (lembras-te ?)
escutamos as mesmas músicas
mas não ouvimos as mesmas canções
dark clouds rollin`
i`m in trouble with myself ...
(eu já sabia)


se os teus olhos te vendessem
eras tão bonita
e já te não quero
it`s all over now
baby i`m in the blue
you must know, my rainbow
is not for you
eras tão bonita
e já te não quero
definitivamente nem o meu yô-yô já sou
assim como a amplitude das palavras nunca me assustou.
jogo sempre o jogo que me propõem
sempre até á última veia
corto-me quando é preciso
vou até ao fim
do fim possível
não tenho pena de mim
olho-me
revejo-me
acalmo-me
e só vomito o estritamente necessário
não sou vencido nem vencedor
não me divido quando estou
quero tudo e o tudo eu dou
sem troca
sem contrato
com paixão
com loucura até ao fim
até ao fim
desta vez não conseguimos ir
embora eu saiba que nunca é fácil
desta vez ficou a tentativa inútil
dum sonho mal acordado
poemas clandestinos
traduzindo o meu optimismo descarado
palavras de circunstância
desta vez o amor passou ao lado
e derramamos esperma
para celebrar a sua ausência


it`s all over now
i`m in the blue
não te preocupes :
este arco-iris é só meu
eras tão bonita
e já não me gustas baby
embora penses o contrário
eu não sou um estruturado
não gosto de guerras perdidas
de intenções mal paridas
do esquema planificado
nem da estratégia da segurança social
gosto dos olhos nos olhos
das palavras fodidas
que te cansam e dizes fazem-te mal
agarro o desafio sempre de forma consciente
aceito o problema porque procuro a solução
o que assumo depende sempre de mim
envolvo-me até á medula
mas não ponho o pescoço no cepo
sou ainda mais difícil assim
não vou tirar nada
daquilo que dizes te dei
guardo sempre as memórias
não revejo fotografias
não colecciono recordações
NÃO CELEBRO OS SOBREVIVENTES DO SEU PRÓPRIO FALHANÇO


se os teus olhos te vendessem
eras tão bonita
e já te não quero
dark clouds rollin`
i`m in trouble no more
you know you can`t find me baby
please knock on another door


já não me gustas baby






2006ago1