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quinta-feira, 30 de abril de 2015

PERGUNTEM Á ALICE


PORQUE VEJO EU COISAS DIFERENTES
PERGUNTEM Á ALICE
ELA PODE EXPLICAR.
EU ,
EU SÓ TOMEI O COMPRIMIDO
QUE O MÉDICO IMBECIL DIZIA IGNORAR
OS QUE ELE TOMA
FAZEM-LHE TAL MAL,
POÊM-NO A CHORAR
VÁ LÁ, NÃO TENHAM MEDO
FALEM COM A ALICE
NÃO TENHAM MEDO,
ELA SABE O SEGREDO
ELA PODE FALAR
EU SEI QUE ELA TEM
UM COGUMELO QUE VOS VAI AJUDAR
 
 
aNTÓNIODEmIRANDA

COMO SE FOSSE RITA CADILLAC


 

Prazo de validade ultrapassado
Metida no buraco
A vida é fodida
Todas as horas têm o sabor a fel
De nada vale a etiqueta
Já nada controlas
Muito menos a fantasia
De te ofereceres sem vergonha
E a malícia
Não é a tua melhor arma
Bem podes fingir
O olhar de pecadora
Os santos mentem como tu
E nem sequer usam “priadel”
Agora já não páras
E sabes quanto a tua sombra te detesta
Caminhas
Sabendo que não chegarás a qualquer parte
Entras sempre no mesmo filme
Como se  fosses Rta Cadillac
E os dias ficam assim
Ao correr da asneira
No tempo
Gasto num constante lamber de feridas
Sempre á espera do amigo
Que não és capaz de ter
E riscas no calendário
Todas as alegrias mentidas

NO PAIN NO NAME NOTHING TO EXPLAIN NOTHING TO BLAME


Só resta de ti o vazio e o espaço que ele já não ocupa. Não há lugar para tentativas, tudo foi bem entendido. A memória foi embora levada pelo estafeta da desolação. Já não me é estranha esta solidão. A vida é como uma folha de cálculo :não se pode errar as fórmulas. Sentado, comtemplando o circo dos porcos, espero a ajuda do sacana por mim inventado. Não consigo ainda compreender as piadas estúpidas dos palhaços mascarados, numa tentativa inútil de disfarçar a sua condição. Estendo-me num banco do jardim, fecho os olhos e pinto o sol de vermelho, esperando que qualquer pássaro curioso, não borre o meu quadro. Evidentemente não resisto á lambidela do cão. Ausento-me o possível. Atenção o sonho que quero vai começar. Eu sei que mais ninguém o vai ver. Estou num picnic celestial. Como sempre deus está ausente ! Ontem deitou-se tarde : esteve a ouvir Stones com um amigo. Gosto do sabor destas nuvens embora ninguém me tenha avisado que Groucho Marx continua a fumar charutos de erva. Miró diverte-se a pintar o fumo. Harpo ri harpamente. Bogart não pára de beijar a Lauren Bacall. Marlon Brando penhorou o óscar para comprar terra para os índios.

Hoje há mil festas por minuto. Desta vez vou tocar com Muddy Waters e John Lee Hooker. A minha guitarra está ansiosa e a harmónica está a ferver. Porra, amei a vida toda para este momento ! Jim Morrison vai ter de esperar. Janis Joplin comeu um dos meus poemas e olha-me com malícia. Pergunto-lhe se quer mais Michael Karoli não consegue esconder a surpresa e toca beatnickcamente “ you doo right ”. Não tive vergonha e declarei-me á Amy Winehouse : I know, you´re good .Adormecerei dançando apaixonadamente com um anjo : CAN - Tango Whiskeyman Obrigado cogumelo mágico
 
aNTÓNIODEmIRANDA

terça-feira, 28 de abril de 2015

SEC`ADEGAS & AMIGOS. Blues & Poemas. Festa do TIMO. Obrigado.

RICARDO PINTO | FÁBIO MENDES | ANA GOMES DA COSTA | SANDRA AMORIM

RITA S. RODRIGUES | ALBERT CIRERA | RICARDO PINTO

THOMAS e ANTÓNIO SALOMÃO



ANTÓNIO SALOMÃO | ANTÓNIO DE MIRANDA
 

ANTÓNIO DE MIRANDA | RITA S. RODRIGUES

RICARDO PINTO | JOHANNES KRIEGER


ANTÓNIO SALOMÃO | ANTÓNIO DE MIRANDA

JOHANNES KRIEGER

PARABÉNS PARA UM GRANDE AMIGO. António Salomão. SEC`ADEGAS, SEMPRE!


terça-feira, 21 de abril de 2015

TWINNY (O cão da Rua D. João V)


Vemo-nos, quase todos os dias.

No seu curto passeio,

ao fim de 2 passos, deita-se.

Tem no olhar a bondade

de todo um tempo passado

com aqueles que o estimam.

Estamos a ficar usados.

E, é sabido, que nos tempos que correm,

os velhos já não estão,

para grandes conversas.




,2015aNTÓNIODEmIRANDA

segunda-feira, 20 de abril de 2015

18 Abril2015_Banda da Escola de Música Juventude de Mafra



Foi com o maior prazer e satisfação, que tivemos esta conversa.
Os nossos agradecimentos e um grande abraço para vocês. VIVA A MÚSICA!
Permitam-me um agradecimento especial ao grande amigo, Armando José Garcia Machado!













sexta-feira, 17 de abril de 2015

Poema para um amigo ( ALBERTO MONTEIRO-2013Abril6)


1. O Alberto morreu !

Mas o kiko não sabe.

Pensa que vai continuar a ladrar

quando ouvir o inconfundível trabalhar da zundapp.

2. O Alberto morreu !

E não teve tempo

de estofar o assento da mota.

É verdade que sempre foi uma hipótese adiada

ao longo dee vários anos.

3. O Alberto morreu !

Sempre é verdade

que a morte é um lugar estranho para se viver.

4. O Alberto morreu !

E eu não tive tempo

para saber os nomes dos pássaros,

mas sei, porque ele me ensinou

que a cor do céu ao cair do dia

diz-nos como estará o tempo amanhã.

5. O Alberto morreu !

… desta vez apanhou-me desprevenido,

não vamos cumprir

o que combinamos no último abraço

6. O Alberto morreu !

Conhece-lo

foi dos poucos privilégios

que a vida me deu.

7. O Alberto morreu !

Vou sentar-me no alpendre

em frente da estrada

com dois copos de tinto

imaginando as três buzinadelas habituais.

8. O Alberto morreu !

Olho para o stop :

Se Tens Olhos Para !

Como ele costumava dizer.



junho042013aNTÓNIODEmIRANDA

CANÇÃO DA AUTO-ESTRADA

E o teu amigo especial é a tua sombra nos momentos em que invejas o conforto da casa

Esse conforto desconfiado que te fez pegar na mala e largar A tua alma é um saco de viagem repleto de sonhos que nunca te vão abandonar Agora és uma solidão não sozinha nunca igual à que vez nos olhos apressados dos que sem qualquer sentido caminham para o mesmo lugar É a hora do lobo Onde o sol mal disposto e cansado vai enganar a lua E o teu amigo especial É a tua sombra nos momentos feitos de esperança Às vezes com lágrimas de choro Com o sabor da hipótese nunca negada Nunca é tarde para se viver aquilo que ainda não aconteceu Agora que a noite caiu e o polegar é o teu anjo da guarda Há um frio que te deseja e abraça o corpo Há uma espera imaginada Agora qualquer beijo seria bem-vindo Qualquer tronco de árvore no jardim será a tua cama Agora que rogas no teu único silêncio um soluço que nem de saudade já é Agora onde todos os minutos te custam a adormecer e o medo habitual vai fazer-te companhia Agora que te apetecia chorar mas falta-te a vontade Agora não podes parar É a vida feita saudade E há sempre um carro que policia com olhos curiosos Que te impedem de dormir Abeiram-se de ti pensam que te estão a acordar E pedem uma qualquer identidade Menos aquela te pertence Partem para voltar Voltar sempre mais cedo do que era imaginável Estão ali olhando para ti Vigiando a tua diferença que os atrai Agora todas as estrelas que tu não vais sonhar Foram dormir Deixaram-te sozinho e não te iluminam o tecto É sempre longe qualquer desejo Nem um cão está tão abandonado Logo quando o frio for mais forte Terás pensado Mais um dia Afinal sou um gajo com sorte E vais tomar o banho habitual Numa qualquer casa de banho de estação Lavando a tua sujidade em suaves prestações Então esperarás como sempre Por alguém sempre ausente Que continuará a não te estender a mão São fáceis todos os sorrisos É normal a indiferença com que passam por ti Amanhã Hoje nada será diferente Mas tu tens o teu caminho para uma alma enorme Que impede de seres tal gent Nunca foram perfeitos os caminhos Nunca foi aceite a tua necessidade E a tua consciência sempre foi confundida Adormeces com uma faca na mão sabendo que em caso de necessidade Nem sequer vais ter tempo para a usar Educadamente dizes boa noite ao clochard Ele farto de ti Saúda-te com um peido

Nem um deus mentiroso tens para confiar.

Agora fazes-te lembrar naquela velha música:

“Sitting on the dock of the bay

Watching the tide roll away”


,2015abr_0,22h-14

aNTÓNIODEmIRANDA

3 e ½


Tenho sempre esta mania!

Uma satisfação inconseguida de escrever. Palavras. Agora são 3 e ½ da manhã e o meu cão, amigo solidário, lambe os tomates com a única intenção de não me deixar adormecer. Somei mais um dia. Tudo tentei para que não fosse igual às horas de um outro qualquer, que pensava que eram importantes. A importância, como dizem os malabaristas, é fundamental. Os feios também ingenuamente pensam o mesmo. Os distraídos, tardiamente ou quase sempre nunca, darão por ela. Os meteorologistas riscam tanto os mapas e, surpreendidos com tanta imaginação, perdem o fio à meada, do tempo não percebem nada, mas prevêem as mentiras mais sensíveis. Isto é :se chover a chuva pode molhar, senão, utilize á mesma o chapéu pois coisa boa não irá cair do céu, avisam com a veracidade possível uma eventual e acentuada diarreia nos pombos, que, inadvertidamente com a merda que fazem, alteram o vermelho de qualquer semáforo bem comportado. Como sempre o governo estará atento. Isto sim, é uma importância sebosamente impregnada de toda a nulidade.

Aqui está! Esta mania de riscar palavras, é um exercício difícil. Conheço poucas letras. Aprendi alguma coisa na escola. Mas foi mais tarde que fui conhecendo as coisas que realmente me ensinaram. Igenericamente fui um bom aluno. A consciência do que aprendi tornou-me um aprendiz incómodo. Era muito novo, mas nunca achei grande piada aos livros de cowboys. Para além dos erros ortográficos, achava estranho, bizarro mesmo, o facto dos índios serem sempre os maus do filme. A américa, ainda não deu por ela.

São 4 da manhã.

O kiko ressona.

O relógio da cozinha funciona.

Resta-me convencer a minha cabeça que não são estas as horas convenientes para escrever qualquer coisa de sensato.



,2015abr-17_aNTÓNIODEmIRANDA

quarta-feira, 15 de abril de 2015

KIKO, o meu cão

O meu cão está a ficar velho.
Cada vez ouve menos e manifesta uma grande vontade para me chatear o juízo.
Provavelmente morrerá antes de mim.
Nestas coisas deus nunca foi justo.
Andamos devagar. Ele senta-se demasiadas vezes no pouco caminho que percorre.
Eu impaciente digo-lhe : pá, tens que andar mais um bocado.
Está surdo olha para mim e diz-me que entende o que eu acabei de dizer.
Teimosamente é ele que conduz o passeio com as pausas que quer com o ritmo que consegue.
Mas com toda a amizade possível.
Mija aqui snifa ali, por vezes pára, abana a cauda numa coisa que eu não entendo, num cheiro que não cheiro e eu penso, está contente , cheira-lhe a menina.
O meu cão é o cão que mais blues ouve no mundo.
Claro que adormece, ressona enquanto eu toco aquela coisa que mesmo não ouvindo, vai entendendo.



,2015aNTÓNIODEmIRANDA

SEC`ADEGAS LIVE_27deMARÇO_2015. Beat & Blues ! aNTÓNIODEmIRANDA | Tomás Miranda | Luis Marques | Armando Machado | José Peralta | Humberto Monteiro










A GERAÇÃO BEATNIK E A SUA CAPACIDADE DE IGNORAR A SOCIEDADE NORTE AMERICANA DOS ANOS 50. (Leon Bravo).

http://satorilivraria.com/Filosofia/A-Geracao-Beatnik-e-a-sua-capacidade-de-ignorar-a-sociedade-norte-americana-dos-anos-50

quinta-feira, 9 de abril de 2015

O Cinema Underground de Jim Jarmusch

Ao contrário do ritmo acelerado que os filmes independentes de nossa época possuem, Jarmusch seguiu um outro padrão visual, menos agressivo e mais contemplativo. Com esse estilo, Jarmusch introduziu o movimento que hoje é conhecido como “underground americano”.
 
 
Jim Jarmusch é um dos pais do novo cinema independente norte-americano. Ao lado dos seus irmãos cineastas, até mais populares, Quentin Tarantino e os Irmãos Coen, ele foi um dos responsáveis pelo renascimento do cinema independente americano no fim dos anos 80 e começo dos 90.
Jarmusch estudou cinema na Universidade de Nova York, mas abandonou os estudos quando lhe surgiu a oportunidade de fazer seu primeiro filme, “Permanent Vacation”. Embora “Permanent Vacation” tenha chamado atenção, foi com “Estranhos no Paraíso” que ele realmente mostrou a que veio, conquistando elogios da crítica e do público.
Primeiro filme de Jarmusch no estilo preto e branco, “Estranhos no Paraíso” é constituído por sequências filmadas em um único plano, separadas umas das outras por uma tela preta. Planos-sequência sem malabarismos ou virtuosismos técnicos, apenas a câmera fixa observando seus personagens em diálogos curtos e esvaziados e representando ações cotidianas, como assistir à televisão, dirigir ou conversar em um corredor do prédio. O filme conta a história de um jovem apático que recebe a visita de sua prima húngara, e resolvem, junto com um amigo, visitar a tia em Cleveland. Filme radicalmente contra a forma tradicional, com sequências dando ênfase principalmente a situações cotidianas, “Estranhos no Paraíso” rejeita qualquer aprofundamento ou discurso, tornando-se desconfortável e revelador em seu silêncio profundamente humano, onde impressões de afeto e desespero não são permitidas pela ação ou pelos diálogos, mas pela ausência de tudo isso. O minimalismo de Jarmusch, aqui, iniciou uma revolução silenciosa, fazendo desta uma obra influente para as gerações posteriores. Símbolo do cinema indie, “Estranhos no Paraíso” conquista pelo anacronismo legítimo, sem concessões ou didatismo.

“Down by Law” talvez seja o filme mais famoso do diretor. A aura cult do filme está implícita no longa desde a escalação do elenco, que tem: John Lurie (como um cafetão), o músico Tom Waits (como um DJ desempregado) e Roberto Benigni (como um excêntrico e otimista imigrante italiano). A história do filme gira em torno de três personagens de tipos bem diferentes que acabam se encontrando na prisão. Nesse ambiente inóspito, eles criam um vínculo de amizade (ou, pelo menos, aprendem a se tolerar) e formam uma parceria para que possam fugir dali. Neste – que é um filme de crime feito como qualquer outra coisa menos um filme de crime, os personagens marginais e “abaixo da lei”, como afirma o título, são mais importantes que seus delitos. Temos, assim, alguns temas recorrentes do cineasta Jim Jarmusch: um imigrante (Benigni), personagens desajustados, as coincidências que mudam drasticamente o destino dos personagens. O filme é elegantemente produzido em preto e branco, divertido, com um texto bem amarrado e criativo.
Inaugurando um formato de narração que consagraria o diretor dentro do circuito alternativo, “Trem Mistério” é o primeiro filme de Jarmusch a ser composto em “vinhetas” – três pequenas histórias que, juntas, com uma conexão causal mínima entre si, formam uma história maior. O espaço é o mesmo – um hotel onde, em todos os segmentos, os personagens são recebidos pelo saudoso gênio rústico Screamin’ Jay Hawkins, mas não há nenhuma conexão ou propósito maior. As histórias de uma turista que perde todo o dinheiro após um golpe e é ajudada por uma desconhecida, de um casal de japoneses obsessivos por Elvis que querem conhecer lugares da sua história em Memphis, e um trio de criminosos pé-de-chinelo, se encontram devido a apenas um evento em comum: o disparo dado pelo trio e ouvido pelos outros. Ocorrendo simultaneamente, formam uma espécie de tríptico jarmuschiano sobre a vida noturna. Sem implicações sociais ou romantismos individuais, Jarmusch entra adentra a natureza dos Estados Unidos, com forasteiros conhecendo os resquícios do império do cinema e do rock ‘n’ roll, e os últimos sobreviventes deste sonho catando migalhas e tentando sobreviver. Com a habitual tristeza contemplativa, somada a gags cômicas e diálogos nonsense que aprofundam ainda mais o lado “patético” de seus personagens, “Trem Mistério” aprofunda a recusa ao cinema tradicional e amplifica ainda mais o interesse pela recriação do cotidiano urbano “fora da grande roda”.
“Uma Noite Sobre a Terra” trata de variações sobre um mesmo tema: pegar um táxi e conversar com o motorista, construir mini-narrativas através das relações efêmeras e do papo furado de gente que não consegue ficar quieta consigo mesma e tenta se comunicar – costume este espalhado pelas duas mais famosas capitais dos EUA, Los Angeles e Nova York, e três capitais européias, Paris, Roma e Helsinki. É surpreendente como o estilo de Jarmusch é mutante mesmo com o formalismo fiel, referenciando o cinema de cada lugar – como é possível observar na comédia multi-cultural de Nova York, no taxista de Roma de Roberto Benigni e seu exagero obsceno a la Monicelli, ou no drama realista distante típico dos países nórdicos em Helsinki.
“Dead Man” – não só pelo título, mas até a medula – é quase como o espelho de um western tradicional: é preto e branco após o technicolor; o caubói da terra é substituído pelo forasteiro; ao invés dos típicos violões, a guitarra distorcida de Neil Young. O ritmo não é aventureiro, mas letárgico. Enfim, o resultado é um filme com Johnny Depp na sua melhor fase, com um clima de comédia de erros onde as coincidências vão construindo e guiando os personagens. Explora um personagem preso entre duas culturas (o índio que gosta de ser chamado de “Ninguém” – numa clara brincadeira sobre o choque cultural tão evidente no cinema de Jarmusch), com Iggy Pop como vilão e muito mais. É um grande filme, sendo incomum, anti-climático e muito bem realizado.
Após Johnny Depp, Jarmusch escolheu outro ator célebre por procurar personagens diferenciados, Forrest Whitaker, e criou “Ghost Dog” – um assassino de aluguel afrodescendente que segue os ensinamentos samurai e que trabalha para Louie, um mafioso italiano, como uma dívida de gratidão por ter salvo sua vida. O conflito principal, neste que é o filme mais narrativo de Jarmusch até então, é o embate do severo código bushido, “o caminho do guerreiro”, para que o samurai viva e sirva com honra, contra o mundo mafioso, disforme, amoral e interesseiro. Cruzando referências das mais diversas – o roteiro faz menção tanto ao clássico conto “Rashomon”, na construção do passado de “Ghost Dog”, quanto tem a trilha sonora produzida pelo mestre do hip hop RZA, do Wu-Tang Clan, sempre criando, através de suas batidas, samples e vinhetas sonoras com um clima urbano vivo, instável e tenso.
“Sobre Café e Cigarros” é o filme-síntese de um projeto estético. Nele, é refinado, mais do que nunca, o tal sincretismo do papo furado – os temas e situações universais que nos unem e não damos importância. As histórias, invariavelmente sobre pessoas fumando e tomando café, conversando amenidades e se relacionando de forma superficial, sempre caem em desconforto e constrangimento sob qualquer tentativa de aproximação. Em um conjunto de 11 curtas, o diretor e roteirista coloca essa vasta gama de personagens para filosofar à mesa sobre os mais variados temas – da suposta morte do irmão gêmeo de Elvis Presley a picolés de cafeína. São papos entre irmãos, primos, amigos, colegas de profissão, clientes e garçons. Neste misto, surgem alguns personagens interessantes, como as primas Shelly e Catie, ambas vividas pela sagaz Cate Blanchett. Simples e vulgar como todo o cinema contemporâneo, “Sobre Café e Cigarros” é um improviso, um rascunho, algo que só se completa se alguém o assistir e inserir o afeto ali. Não há limites ou horizontes, apenas vislumbres.
“Flores Partidas” apresenta o rosto esvaziado de Bill Murray, a atuação contida, a recusa a qualquer construção de emoção pelo método. A história sobre um bon-vivant aposentado procurando o filho de dezenove anos – que nunca conheceu, visitando cinco ex-namoradas, cria um filme episódico. Onde deveria haver a progressão dramática tradicional, há apenas o esforço, a tentativa, a possibilidade. Há um mundo maior por trás de cada obra de Jarmusch, que recusa a encerrar a obra em si. O mistério que jamais se responde – que é o interessante: o reencontro do protagonista com suas antigas namoradas não é construtivo; as diferentes reações às suas batidas à porta refletem o singular filme sobre envelhecimento de Jarmusch, onde se trabalha com as ilusões perdidas, rancor internalizado e relações vazias.

Coadjuvante, como o sorverteiro haitiano amigo de “Ghost Dog” no filme homônimo, o marfinês Isaach de Bankolé volta como o assassino de aluguel protagonista de “Os Limites do Controle”, o mais silencioso e opressivo dos filmes de Jarmusch. Enfileirando figuras típicas do cinema policial, nenhum deles é individualizado através do drama. Os personagens não têm nome nem personalidades definidas, sendo identificados apenas por uma característica marcante (“o mexicano”, “a loira”, “guitarra”), e interagem com o protagonista de forma ritualística: café, pergunta, papo furado e informações criptografadas. No restante do tempo, a rotina de hotéis e trens. A história trata de um homem solitário (Isaach De Bankolé) que vai à Espanha, com o propósito de cumprir ordens sem muito questionar. Sua eficiência é o que interessa, e ele está interessado em fazer seu trabalho da forma mais discreta possível. Entre encontros com intermediários, com quem troca caixas de fósforos, conversas sobre assuntos banais. Embora a imagem de Isaach De Bankolé inspire certo respeito, medo e periculosidade, ele nunca usa de violência. Ele pouco fala, embora sempre seja questionado sobre seus interesses por aqueles que encontra: artes, ciência, música, sexo? Aquele homem não se interessa por nada e é como se estivesse deliberadamente perdido dentro de uma lógica que não lhe pertence.

Mais um anti-gênero de Jarmusch, dessa vez flertando com o cinema fantástico. Por mais que isso possa parecer atípico, o novo filme de Jarmusch trata sobre vampiros. E se a vida finita já era tediosa, imagine se você estiver vivo há séculos, sem data para morrer. É o caso de Adão e Eva, um casal de vampiros que se relacionam há séculos, alheios à humanidade, mas verdadeiras esponjas de toda a arte produzida nesses séculos. A rotina vampiresca, às voltas com personagens periféricos inconvenientes, violência pontual e contemplação da vida urbana noturna de maneira cíclica, assim como denota o início com zenitais circulares, constrói um panorama da vida ocidental – obsessão frequente do diretor ao demonstrar as relações de indivíduos com sua cultura, costumes e crenças. Os vampiros bíblicos de Jarmusch são assim como os humanos que emulam e por eles são emulados: tecnológicos e místicos, “na moda” e nostálgicos, brutais e sofisticados, filmados não em conflito entre trevas e luz, como as unidades cromáticas do casal protagonista parece dar a entender, mas com a naturalidade da instância do presente.

RAINER WERNER FASSBINDER. (1945 | 1982) Realizador e actor. Um dos mais importantes representantes do Novo Cinema Alemão.











quarta-feira, 8 de abril de 2015

DIÁLOGO ENTRE DOIS (2) CÃES


: Há espécimes que dizem,

que o melhor amigo do cão, é o homem!

: Perdão!

: Existem pessoas que dizem

que o melhor amigo do homem, é o cão!

: Achas que sim?

Eu também acho que não!



Nov/22/74aNTÓNIODEmIRANDA

TV MOVIE

Escrevo porque acredito na palavra,
embora nem sempre ela seja necessária.
Lamento tudo!
Principalmente o produto que sou.
Quando digo que as pessoas estão erradas,
é uma realidade que vale o que vale.
Reservo para mim próprio o interesse
e importância de não ser como elas.
O SER É SER-SE DIFERENTE!

(Algures num filme de televisão)

aNTÓNIODEmIRANDA

QUE CHATICE!


Só sei

Que não sei

Aquilo que sei

Sei

Que não sei

Aquilo que sei

Sei


Que

Sei

Aquilo que não sei

Só sei

Que não sei

Porque sei

O que sei

E não aquilo

Que não sei.

O que sei,

Sei!

Sei?



Dez/26/74aNTÓNIODEmIRANDA


SANGUE, SONHOS & LÁGRIMAS


Tentei até á possibilidade da manhã.
Esperei todos os dias o momento novo.
Sonho ainda todos os sonhos
Para que um só aconteça
Mas, muitas vezes
Não tenho cores
Para pintar as sombras
Do outro lado da porta.
Sei que há sangue
Que pisa o chão
Sei alguma coisa
Daquelas lágrimas que custam chorar.
Há angústias que nunca poderão ser coloridas.


,2015aNTÓNIODEmIRANDA

terça-feira, 7 de abril de 2015

COMPRA-ME 1 SUBMARINO

Portas,
Compra-me  1 submarino!
Tenho moléculas indecentes
neurónios encardidos,
tenho tanto nojo!
Mas, sou um bom menino.
Também vendo um avião!
Feito de papel,
Cuidadosamente dobrado á mão.
É um projecto nacional,
digno de um qualquer vilão.
Portas,
Compra-me 1 boné!
Fica-te à maneira,
Sobretudo quando vais à feira.
Também tenho uma aparelhagem dentária,
claro em 2ª mão.
Branca, muito branca,
para condizer com a tua indumentária.
E uma gravata wesley,
com cores tristes como é agora a nossa bandeira.
E uma camisa com colarinho italiano,
envergonhado pela tua irrevogável falta de classe.
Já agora, uns botões de punho
que tão bem ficariam na tua testa
com demasiado excesso de pele
para a minha dignidade.
Tenho um casaco de xadrez,
remendado, coçado, roto!
Portas,eu sou português.
Tenho 60anos & um ânus
que diária e orgulhosamente,
caga aquela coisa para ti.
Deixo-te o meu email:

antoniodemiranda.metecabo@vai-te_embora!


,2015aNTÓNIODEmIRANDA

Exmos. Senhores, SECÀDEGAS B.B., tem o prazer de apresentar os elementos mais novos, desta prestigiada banda:MARIANA GOMES DA COSTA e TIAGO GOMES DA COSTA



segunda-feira, 6 de abril de 2015

"CARTA PARA UM FUNERAL", Com Tiago Gomes da Costa.


"AS TIME GOES BY" , Com Tiago Gomes da Costa.


"NOITE SEM DIA" Com Ana Gomes da Costa


"A INVENÇÃO DO AMOR" Com Luisa Tavares


´MEMÓRIA ENLAMEADA" Ana Gomes da Costa, diz.


5 DE ABRIL2015_UM DIA LINDO "MUNDO DIFÍCIL" A Mariana Gomes a Dizer.


5 de Abril.2015. Um dia LINDO! "4 SALMOS PARA A MISSA DO GALO"