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terça-feira, 30 de agosto de 2016

POESIA-ME

 Não quero nada de profundo.
Já me basta o presente sem fundo
e um qualquer acaso sem caso que me preencha.
Talvez um anjo vagabundo me calque os ouvidos
sem as palavras certas
escritas na cortina
em forma de segredo.
Triste enredo voando na incerteza
como pássaro triste escurecendo o céu,
pintando a noite recolhida no ninho
que já não lhe pertence.
Não quero nada de profundo.
Nem sequer o poema onde tu já não cabes.
Talvez um momento sem efeitos secundários
nem princípios activos para a manutenção
do nível razoavelmente normal de colesterol.
Não quero nada de profundo.
Como se rezar antes de deitar
tingisse uma urgência
que também já não cabe em mim.
Poesia-me em lume brando
com o gume da chama violenta.
Poesia-me como se eu fosse o único poeta
que usa versos atados num punhal
onde ardem soluços em morte lenta.
Poesia-me
como se a poesia fosse sempre verdade.


,2016,03aNTÓNIODEmIRANDA

Até logo!


Buster Benton ~ ''Leave Me Alone''(Modern Electric Chicago Blues 1979)


Buster Benton... porque gosto.


NEM QUE ME DESSEM TUDO O QUE VEJO

Visitar o tempo, untar-lhe as entranhas
assumir a verdadeira importância que me cabe,
desembaraçar-me nas escolhas
e algumas vezes manchar memórias que me apertam os braços,
quando na cabeça tenho degraus que me injectam a subida.
Separar o trigo do nojo,
furar o bojo e animar uma alma súbita que não fuja tanto assim.
Assim posso crer em tudo e às vezes talvez em mim.
Mas mostro-me sempre ocupado nas minhas aparições,
onde me vejo tão mal naquelas fotografias depois da validade
configurada a um prazo previamente anunciado.
Terei que estar mais atento?
Vou sintonizar a atenção para uma opção mais capaz.
Não me apetece nada discutir dialética,
até porque não tenho jeito para a fonética e o pavio
meu fiel companheiro teima em não ficar curto.
Estamos a falar de coisas simples
e eu não quero complicar a minha identidade.
Longe alcançam algumas marés a secura das minhas lágrimas
molhando uma areia desajeitada com sobressaltos de sangrias
amorosamente ressequidas.
Também estou farto de lamber retratos de gente
muito mais feia do que eu.
Pois, devia tentar mudar, aceitar…
Reconhecer uma diferença que não me dignifica
é uma das perdas de tempo que orgulhosamente só, nunca praticarei.
Sou assim! Não partilho outra maneira.
Nem que me dessem tudo o que vejo.


2016,08aNTÓNIODEmIRANDA

O Único Verdadeiro Deus Vivo: Em 1977, 78, eu, o Abel Neves, o João Carlos Rap...

O Único Verdadeiro Deus Vivo:

Em 1977, 78, eu, o Abel Neves, o João Carlos Rap...
: Em 1977, 78, eu, o Abel Neves, o João Carlos Raposo Nunes, o António Cândido Franco, o Levi Condinho, o António Pinto Ribeiro, e mais...

terça-feira, 23 de agosto de 2016

DESEJOS PERFUMADOS

Fui à boleia de uma noite quente
com desejos perfumados.
Deu nas vistas,
o incêndio incontrolado
perdido nas curvas apertadas
do nosso contentamento.
Não pretendo a razão óbvia.
Sigo para o que me interessa,
porque o importante já está feito.
Não gosto do trânsito condicionado!
Nem de paragens obrigatórias,
que atrasam a minha direcção.
Concedo a mim próprio estes momentos,
com uma pretensão lisonjeada,
onde só cabem as boas maneiras.
Afinal tenho 61 anos!
O que quer dizer,
que já tenho idade para isso.


  2016,08aNTÓNIODEmIRANDA

CORAÇÃO HÁBIL

Rachar o gelo traiçoeiro com golpes de catana
e apertar na curva a distância que tanto nos tem separado.
Vivemos só a essência da ternura fugida com ventos imperfeitos
enjeitando as marés mortas.
Deserto de paixão para trincar a tua pele
onde se agita um sexo que nunca nos bastou.
Espuma de sangue estendida
no sopé do desespero.
Faz-nos tanta falta um coração
que grite todas as ausências.
Agrada-me uma latitude seminal
obviamente não identificada.


,2016,08.aNTÓNIODEmIRANDA

OBRIGADO E ATÉ BREVE

Não te falo das rosas porque tu és a flor mais lindamente bordada
que me aquece os dias e enche a madrugada,
qual ramo desejado no amanhecer
com que tento sofregamente acariciar outras mãos.
Temos chuva no cardápio e malmequeres no jardim.
Mandasse eu só um pouco na vida e o resto não seria assim.
Nem no facebook me sinto abençoado.
Por isso, ama-me na tenda com um chá de hortelã sofisticada,
toca-me nas cruzes,
apaga as luzes que a espondilose quer dormir,
deixa entrar eu meto devagar
numa frequência modelada ao correr das horas
sem desvio nas manobras dos trabalhos em execução.
Bermas com supressão e alterações
sonoras,
poderão acontecer.
Prometemos ser transitórios.
Obrigado e até breve.


2016,08aNTÓNIODEmIRANDA


POR FAVOR TRAGAM-ME ALGUMA SIMPATIA

Por favor tragam-me alguma simpatia,
mesmo com ternura resgatada
pois mesmo de olhos fechados,
será sempre bem recebida.
Dêem-me o crepúsculo
e as sua preces sem eira nem beira,
e qualquer trama sem rama
para descansar a tibieza que me quer trair.
Não me tirem o campo desta feira
onde tive as brincadeiras mais bonitas.
Não quero um céu com períodos nebulados
nem a primavera de certezas
menos fiáveis balançada na medida fingida
dos sorrisos estilizados.
Tragam-me alguma simpatia
pode ser embrulhada
na mais húmida das brumas,
e que me livre de todas as boçalidades
que já não cabem no meu asseado penico.
Tragam-me alguma simpatia.
Prometo uma recompensa
fiel depositária da vossa atenção.
Feita à medida
e confecionada numa bimby
estupidamente manipulada pela barby
com plásticas da mais conceituada proveniência.


2016,08aNTÓNIODEmIRANDA

E EU QUE PENSAVA QUE ERA SÓ UM SONHO MEDONHO AQUILO QUE ME CANSAVA

Trinco-te os lábios em cima do saco da cevada
onde tu deitada reviravas os olhos
para esconder o teu olhar de loba apaixonada.
Mas o amor não era só nosso,
nem engano desinibido que te fazia gemer
com trinados de guitarra.
O que foi feito de nós nesta estrada tão larga
onde nunca couberam os nossos desejos?
Pequenos beijos floriam a berma
e alguns cães cheiravam-na pela simples curiosidade.
Será que sabias?
Um amor tão subtil talvez mesmo até ao fim,
como víamos nos filmes, mas nunca declarado.
Não há sossego naquilo que desfiz do destino
e comigo não condiz este desatino
atado por vezes com alegria fingida.
Não posso ser sincero com a culpa que não conheço.
De vez em quando lá tentei na vã esperança da tua presença,
enrolar lágrimas nesta morosa convalescença.
E eu que pensava que era só um sonho medonho
aquilo que me cansava.


2016,08aNTÓNIODEmIRANDA




GATOS





sexta-feira, 19 de agosto de 2016

ENCHARCAR AQUELE CÉU

Um dia iremos encharcar aquele céu com todos
os nossos sorrisos.
E a nossa amizade constará nos manuais da única inveja
com razão atribuída.
Entretanto vamo-nos consumindo enquanto o tempo
nos vai tornando mais usados.


2016,08aNTÓNIODEmIRANDA

A GATA LUA

A lua come pampo.
O dono não é grande ponto.
E quem o ouvir falar não terá qualquer dúvida
que há imbecis menos burros.
O interessante nunca será uma qualidade da cretinice.
A lua come pampo.
Observa todo o movimento.
Mia.
Às vezes mia tanto,
não será só fome,
mas vejo ali um lamento.
Mia a lua e come pampo.
Tanto, tanto.
Mas afinal qual é o espanto?
Não sei que sabores terá depois da nossa partida.


Melides,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA

 


MAS OS GRANDES, ERAM OS IRMÃOS AVELINO…

Barcelos
Falta-me uma fotografia no meio do meu mundo.
Tenho a fria sensação ...
de recordar tantas conversas
sem a ousadia de as retratar.
Calco as teclas da memória
com sorrisos que pintam vírgulas
e monto a motocicleta do poço da morte,
onde num vaivém redondo,
dobro páginas corajosas lidas no circo.
Ouso o cheiro do espanto
e dissimulo perigos não calculados.
Era sempre o medo que me não confessava
alcances maiores.
Mas os grandes, eram os irmãos Avelino,
quando atravessavam em cima de um cabo de aço,
o campo da feira.
Não me lembro da dor quando pensava
que poderia ser pássaro.
Acenava unicamente
para a incontornável presença
de ser diferente.
Na praça principal,
bocas que não me conhecem,
soletram ao meu passar:
aquele é artista.
Na Colonial de Barcelos,
ainda dissolvo o café,
bebendo esta imensa saudade.



Melides,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA



Última hora !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Paint it Black - Vietnam War


terça-feira, 16 de agosto de 2016

HABILIDADE

Era destro a bater secóvias.
Mas
projectava
o resultado
muito aquém das expectativas.


,2016,08.aNTÓNIODEmIRANDA

ESTOU VIVO, APESAR DE TUDO

Paris maintenant está longe. Istambul inóspita
e confesso que a velha Belgrado nunca me agradou.
Londres está inusitada e de Portobello road,

não tenho notícias. Amsterdam, dizem-me que já não está perfumada
com aqueles cheiros da Dam.
Não ouso comparar aquele tempo,

mas era importante que tanto não tivesse mudado.
Escrevo agora, em San Sebastian,

na sombra das árvores ainda mais velhas do que eu,
com troncos ressequidos que me convidam ao encosto.
Seria fácil dizer que nada me importa,

agora que acendo muitos dias com a ousadia
de relembrar muitas viagens que me enterneceram.
Mas, não me apetece violar a minha memória.
Já percorri algum caminho

e deslizam entre o fumo dos meus dedos
recordações que teimam em acontecer.
Estou vivo, apesar de tudo,

nesta lembrança cada vez mais dissipada,
onde pouco de mim já cabe.


,2016,08.aNTÓNIODEmIRANDA

O SONHO FICA SEMPRE FORA DO LONGE

Tu és a maçã da minha vida,
acontecida em contramão, num lúmen tão ardente,
chama intransigente, alegoria de estrela arrependida.
És uma causa perdida como toda a loucura medida,

como se ama insanamente a paixão à deriva,
onde eu perco a tua rota.
Bússola avariada sem seios proibidos
para que ardam todos os sentidos
como se fosse nossa a tua madrugada.
E transpiro o bafo quente da ousadia inventada,
porque finalmente todos os desejos são possíveis.
E alinho num compasso o que de mim desfaço,
qual ângulo sem hipotenusa
nesta dor confusa onde só aconteço para voltar.
Mas, nada é demasiado simples!
Ainda mais o amor mais querido,

o embraço do beijo mais procurado.
E aqui, tão distante,
o sonho fica sempre fora do longe.


,2016,08.aNTÓNIODEmIRANDA

AFINAL SÓ TENHO 61 ANOS...

Não tenho grandes estradas a percorrer.
Tento calcar ao redor dos meus anos
os caminhos mais importantes.
Já fui demasiado eu,
em muito daquilo que não devia.
Voltei a ser muitas vezes só eu a saber,
aquilo que fazia.
O meu cérebro foge tanto e tão depressa,
como se entrasse numa #espiral medula#.
Porra!
Feitas as contas, só tenho 61 anos!
E continuo nada interessado
em achar o fio da tomada!

,2016,08.aNTÓNIODEmIRANDA

DE QUEM GOSTO

De quem gosto,

gosto tanto,

que às vezes, esqueço-me que existo,

para dizer isto.



,2016,08.aNTÓNIODEmIRANDA

SEC`ADEGAS

Este céu tão diferente e esquisito, como costumava dizer o Alberto, não nos advinha nada de bom. Nos caminhos que percorríamos montados na sua inefável zundapp, com corvachos de rabo alçado a fazerem guarda de honra nas frequentes derrapagens que vomitavam um pó que me entontecia o sorriso. Molhávamos a palavra no Kaping das Barras, diante do sorriso da Bárbara que só queria dizer: estou sempre à vossa espera.
E naquela noite, numa das mais gloriosas performances dos Sec`Adegas, o nosso amigo sorria orgulhoso com o ar do menino mais feliz e verdadeiro de Vila Chã.
Não sou de muitas vergonhas, e muito menos quando pensam que perco o tino. Mas tem de ser assim, principalmente quando estamos com os amigos. De nada valeu o pretenso teste da tarde, pois como disse e muito bem o Luis Marques, sabia que não iriamos tocar nada disto. Os nossos ensaios acontecem depois das actuações.
 E pegando no velho baixo Ibañez, que há anos me esperava, anunciei a uma plateia curiosa, a banda:
boa noite! Directamente de Las Vergas, Alberto Monteiro (como ele batia palmas); Tomás Miranda; Tozé Salomão, Luis Marques e eu próprio a quem chamam António de Miranda...Blues for you!
Nós somos os Sec`Adegas!
Foi lindo até mais não! Tocámos horas & horas.
Lembro-me perfeitamente de muito ter dançado.
Foi de 3 para 4 de Novembro de 2012.
Um ano muito importante.


,2016,08.aNTÓNIODEmIRANDA

TEIA DE CINZAS

Do tanto que prometemos
tudo o vento rasgou.
São penas sempre presentes
feitas de beijos ausentes
que o teu olhar de mim ainda não disfarçou.
O resto do que ficou
passa tão triste naquela rua
onde nem sequer nos olhamos
de tanto nos desejarmos.
Sentimento tão atroz
o devir da nossa ilusão.
A culpa foi minha e tua
e neste nosso amor enganado
choro dois olhos morenos
perdidos numa teia de cinzas.
Todos pisam a nossa dor
nesta paixão que já não volta
que faz tão triste o nosso fado
num enlevo que não nos solta.
Agora chegada a hora
quero partir levando a saudade
feita no calor da nossa tristeza
que é agora a certeza
que desalenta toda a beleza
do amor por nós enganado.


,2016,08.aNTÓNIODEmIRANDA

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

O MEU CHÃO


      Amo
            todas
                   as
                     pátrias.
           Embora
                      elas
                          nunca
                                  sejam
                                           o
                                           meu
                                                chão.


2016,08aNTÓNIODEmIRANDA



terça-feira, 9 de agosto de 2016

O bom conselho...


JARDIM ENTARDECIDO

Dispo a malícia das palavras
para a pendurar na roda da tua saia
como se fosse a única flor do jardim entardecido.
Se calhar falámos demasiado.
É o normal quando não se tem nada para dizer.
Acariciámos penas mantendo a saudade mentida
no meio de copos de vinho
de uma colheita imperfeita.
Trocámos pulseiras
à falta de ideias
e ansiosamente esperámos a finalidade
que não ousámos.
Mirámos a marca dos relógios
e rimos da futilidade da nossa intenção.
Aparámos os nomes para mais tarde
não nos lembrarmos.
Passei por ti no Chiado.
Não me recordo de te ter visto.
Sentado na sua estátua,
o Pessoa continua impávido
e nada interessado nos saldos da Benetton.
Não há nomes para significar
a nossa anomalia.


2016,08aNTÓNIODEmIRANDA

IRRITA-ME A TUA VOZ DE FOLHETA

Não quero que entendas
   aquilo que julgas perceber.
    Deixa-te levar no sabor da pizza,
      não endireites a torre,
        nem trinques os matraquilhos.
Irrita-me a tua voz de folheta.
     Prometo agora,
       que não voltarei a falar dos poetas
         indiferentes à tua ignorância.
Mantém o Ipod ligado
  e essa ondulada estupidez
     com que num topless social
pensas pinar
com um príncipe
    a quem não tens dinheiro
para pagar.
   Mostras um bronzeado das Caraíbas,
made in Cova do Vapor.
      O assador de frangos
da piça na brasa,
      tem uma tez igual à tua.
         Para a próxima, não te enganes.
               Muda de pila.


2016,08aNTÓNIODEmIRANDA

ESTÁ-ME NO SANGUE

Refugio-me num alfarrabista
Gosto de sentir este perfume na cabeça
E da calma das estantes
Que se reflecte na minha ideia
Vou depenicando títulos ao acaso
E mastigo páginas salivadas
pela bisbilhotice dos meus dedos
Converso com a jovem empregada
Que não me parece lá muito sabedora da matéria
Gosto deste labirinto
Que percorro de todas as maneiras
E apalpo ilusões sem destino sentido
Adoro este ritual
Onde tenho encontro marcado comigo
E subo os limites das minhas curiosidades
Há sempre um livro que me acompanha
no voltar a casa
O que posso fazer?
Está-me no sangue
Nunca vou mudar


2016,08aNTÓNIODEmIRANDA


BAÚ

Porque sou o comandante
da minha não consciência absolutizada,
dissolvo no baú a pele que me cai
no entardecer perene,
onde a pressa caduca,
amolece no jardim das picardias.
E mantenho um desejo rasante
num delírio picado
para que não pisem a minha ousadia.
Recuso-me a baixar a coragem de ter o sonho
de não me lembrar do que dormi
quando acordar.
Tricotar o tempo,
regando as raízes desta ríspida espera,
com que enlouqueço estrelas espalhadas
na minha memória.


2016,08aNTÓNIODEmIRANDA

ADULAÇÃO

Soltaram os imbecis.
Andam por aí espalhados com doutoramentos dourados
e abusam nada preocupados dos pesticidas.
Enjaulados nas palavras, reúnem-se em alcateias
onde vomitam ideias que nem eles entendem.
Fingem-se amigos, pobres mendigos, no meio da cerveja.
Pensam que inventam, mas só jumentam
e batem palmas para sacudir o tédio das mãos.
São exageradamente simpáticos
e sorriem abraçados a esta tendência sem inteligência
com beijos que andam de cara em cara.
Tiram fotos para uma telenovela para mais tarde criticar.
Amam-se enganosamente num gosto tão defecado
e adulam-se como se isso fosse o mais natural acreditar.
E agora aplaudem-se bestas
comodamente instaladas no recanto dos indignos.
Estou além deste propósito
e propositadamente não consigo gostar.
Estou além da simpatia fingida.
E tenho amigos.



2016,08aNTÓNIODEmIRANDA

TENHO UM BLUES NA MINHA CABEÇA (Com um abraço, para o Luis Marques)

E pinto as cores do não consentimento onde amargos sabores desaguam na minha tristeza....
Elevo ao menos zero a amena temperatura da minha serenidade e despeço-me de algumas alegrias na plataforma deste puzzle onde propositadamente deixei aquilo que mais me entendia.
Leio as indicações da perversidade com um alheio carinho de conveniência.
Soletro degraus desta escada rolante no chiar exuburante do meu não estar.
Adormeço a manhã e a noite ainda não terminou.
Que vinho vou beijar neste tapete que se quer aproveitar de mim?
Estendo-me no seu luar com pálidas pedras quentes que o sol não quis arrefecer.
Dezembro e os outros tempos são sempre tão próximos e demasiado frios, agora que só preciso de uma esperança preciosa.
Tenho uma festa que cozinha estendais da minha loucura pendurada com molas que prendem a minha dignidade.
Enrouqueço esta solidão saída do menos eu no jogo da advinha mais que sabida.
Desço esta calçada sem morada definida, sangrando esta ferida que tenta fazer de mim, o mais perigoso dos mártires felizes.
A mais pura, a única e verdadeira in-verdade.
Mas revolvo-me na contradição mais aguda, num contratempo que me fere sem qualquer decoro.
Ato e desato um nó demasiadamente parecido comigo.
É tão áspero como a língua do gato que estou a começar a conhecer.
Trago a gravata mais linda com sonoras bolas brancas metidas no azul que me enlouquece.
Abuso deste meu eu como se outro tivesse e assim encorajo manias que não pretendo mostrar.
Despejo gargalhadas só para regar os espinhos da minha pulseira.
Dou pulos de contentamento onde os lobos dormem desconfiados.
Adormeço no parapeito do sonho que me oferece uma monitorização adequada à minha esperança.
Escorro as persianas do meu olhar e fecho as vistas para que os meus olhos possam sorrir.
Agora que a noite me entrega novas folhas, desenho na cabeça outras cores para as pintar.
“ Special things are so far away, they put me alone night and day”
Adormeço como gosto.
Tenho um blues na minha cabeça.



2016,08aNTÓNIODEmIRANDA

LIJÓ E BARCELOS (2016_Agosto, 6 e 7).

Estar junto de quem gostámos é um privilégio!
Agradeço aos meus tios, Zeza, Sofia Simões, Serafin Simões, Jorge, Graça e Francisco, e aos meus primos, Annabelle Simoes, Kamel, Ilan e Mehdi, os grandes momentos que passámos juntos, na companhia do Tomás Miranda Luthier, da Carmo, e, da minha mulher Ana Gomes da Costa.
Assim vale a pena!
Levar a vida a sorrir é uma das condições de que nunca abdicarei.
Gostámos desta família!...
Sentimo-nos sempre bem na vossa companhia.
Um Obrigado muito abraçado.

, 09deAgosto de 2016aNTÓNIODEmIRANDA












 

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

PORQUE O TEMPO NÃO ESTÁ PARA PEQUENAS CONVERSAS (para o João Pedro Viegas - 50 anos)

Hoje não sei da lua.
Está a atrasar o meu dormir.
Vejo riscos no céu,
mas não reconheço estas assinaturas.
Estou sóbrio,
como as palmeiras que me penteiam
e estou farto de contar estrelas
que acabarão por adormecer no congelador.
Escrevo na mortalha
o chorar daquele cão
a quem às escondidas
ofereço o melhor resto de mim.
Chamo-lhe o filósofo
e como eu gosto
do seu latir com que não me dá importância.
Sentado de costas
para o que é tudo
escreve com a cauda
desenhos que nunca pintarei.
Ás vezes é visitado por um amigo
e falam calados.
Porque o tempo não está
para pequenas conversas.

Melides,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA


Atelier Tomás Miranda.



Sandra Sousa Kristine Dizon, Antonio De Miranda, Hélia Varanda, Fábio Mendes e Tomás Miranda Luthier