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sábado, 30 de março de 2024

TEMPO ESTE,JÁ ROTO DE ESPERANÇA (de uma conversa do Sr. Alberto) / Mais um Amigo que perdi. Alberto da Costa ( 17 Outubro 1931 - 29 Março 2024)


 

TEMPO ESTE,JÁ ROTO DE ESPERANÇA
(de uma conversa do Sr. Alberto)

Dizia que não sabia 
o que andava a fazer por aqui. 
Os passos cada vez mais curtos, 
ausentes de qualquer sentido,
encaminhavam-se para os tropeços das lágrimas que aconteciam sem dar por isso.
E, na encruzilhada das dificuldades,
fingia esquecer a cortesia do fim.
Sentado no tanque das lamentações
escorria no cabo da enxada,
sorrisos regados com saudades,
que só ele conseguia disfarçar.
Tempo este,
já roto de esperança,
amparado a uma vara
também ela à espera
do mesmo
momento.


,2021Julho_aNTÓNIODEmIRANDA
Vila Chã

A CADEIRA DO SENHOR ALBERTO
(Vila Chã)

Nas nossas conversas 

As palavras difíceis 

Foram capinadas


,2022Jul_aNTÓNIODEmIRANDA




VELHO TRUQUE

 


Sou a pegada de um vagabundo 
na procura dos sorrisos do teu olhar. 

        Entrego-me nesta carta 
com todos os erros 
que não prometo repetir.

        É tão rápida esta fuga, 
que nem a sombra irá lembrar.

            Sorriso pousado na malga,
passeio a vida numa trela, 
entrelaçada com os ases do destino.

                            Velho truque.






,2019nov24_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

SÓ ESTOU DISPONÍVEL EM PEQUENAS DOSES

 


Observo o meu medo, nesta via láctea de véus assombrados, e o terrível sonho da solidão que canta infinitamente, numa onda de chamas reconfortante, a pronúncia dos bosques prateados. O som transforma este olhar em jóias, com um brilho que incendeia o labirinto,  
no rodopio sem fim, da procura dos dias felizes.  
Vozes da fé na paz não sagrada, sarapintada nas caras de barro, carregam cadáveres, e barrigas descomunais girando no chão, perante sorrisos desmaiados da pose sem compromisso. Mistério desinteressante oferece este jarro com sémen enclausurado. 
Mentiras de amor e amizade, sentimentos de trampa, traição repetida, para adiar o roubo da minha carne. Moldar um significado, rasgar o espírito, aquecer a coragem ameaçada pelo vazio, nesta queda com o latido corrosivo de todas as fomes. No reino dos lamentos, o carteiro perdeu as direcções mais importantes, atadas no gume da navalha. Não quero aprender esta lição desagradável.
Só pretendo a aniquilação da ignorância, 
que não é mais, do que uma doença prolongada. Não acredito nos segredos chantageados. Nojos roubados à luz da escuridão enganam a crueldade polida, neste rapto sem pá, para apanhar o resgate ruidoso.
Só estou disponível em pequenas doses,
numa alma que anseia chegar à maré, 
que sei, só existe em mim.


2019_ jan_aNTÓNIODEmIRANDA
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VIVO NUM SÍTIO QUE NÃO CONHEÇO

 


Vivo num sítio que não conheço.
As pessoas que também não conheço, 
por vezes, recebem visitas importantes:
Entregadores de pizzas com caixas de cartão hospitalizado, que transportam preguiças para não comer.
Vivo num sítio que não conheço.
Gente ocupada com expectativas desanuviadas,  
ouvidos tapados, 
e um ritmo desenfreado num qualquer teclado. 
No sítio onde vivo, 
pardieiro apodrecido, 
mostram-se matrículas actualizadas, 
o cão com a coleira mais vistosa, 
o pedigree sénior de quem o passeia, 
o dourado, por vezes em mau estado, 
dos ténis que pisam já com alguma assiduidade, 
a inoperância da acessibilidade 
para o mínimo interessante.
No prédio onde vivo, 
no  sítio que não conheço, 
somos todos educados.

Não falamos quando nos vemos.

Até porque não se acena, 
a quem não conhecemos.




,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA
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PETITS FOURS

 


1 : Dizes que gostas de mim

2 : Mas tratas-me tão mal

3 : Gosto de ti mesmo assim

4 : & do teu fio dental

5 : Vamos brincar esta noite

6 : &u serei o Humphrey Bogart

7 : & tu a Lauren Bacall

O Sam (está noutro filme)
tocará novamente aquela canção com os olhos fechados


8 : Para não ver cenas eventualmente chocantes



,2015aNTÓNIODEmIRANDA
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ERA UMA VEZ...

 


Gosto das histórias que não acabam.

Daquelas que não têm um final previsível 
e estupidamente feliz.

Gosto do sapo que comeu a princesa,
do principelho desencantado,
do algoz mascarado de subtileza,
do capuchinho vermelho travestido de Ferrari,
das mamas da duquesa,
do João ratão malandrão
e daquela gaja sempre distraída
que perdeu o Louboutin, no baile 
da Associação Benemérita “Os Amigos do Alheio”.

Também gosto do rei sem rock,
da sereia emplumada,
da fada marinha mostrando-se no iate,
da Dama do Pé-de-Cabra no engate. 

Era uma vez,
um gato maltês,
não gostava de peixe,
mas dizem que falava inglês.


2017,jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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EU BEM TE AVISEI!

 


Eu bem te avisei!
Os poetas escrevem com palavras mentirosas. 
Pensam enquanto riem e nesse riso fingido, 
não têm tempo para emendar o que não foi sentido. 
Desenham a tristeza em folhas frias 
e limpam lágrimas escondidas 
nas caixas de pó de arroz. 
Avermelham os olhos pintados cirurgicamente 
em frente de espelhos convenientes.
Acendem o cigarro com voz de catarro,
e entram no filme levando no braço 
a gabardine do Humphrey Bogart.
Num olhar pretensamente descomprometido, 
imaginam a amplitude
da costura daquelas meias de renda.
Os poetas escrevem as palavras possíveis
dos poemas mentirosos.
E a sua almofada preferida é forrada 
com papel mata-borrão, para que os sonhos 
que não querem ter, não incomodem a sua fantasia.

Os poetas não têm culpa da inveja de Deus.

Eu bem te avisei!
Vou desligar esta chamada
com número anónimo.


,2017,abr_.aNTÓNIODEmIRANDA
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sexta-feira, 29 de março de 2024

SENSABORIA POPULAR

 

1. Há males que vêm para o bem! 
Que todos os males fossem assim.
2. Com papas e tolos não se fazem bolos.
3. A quem do teu foi mau banqueiro, não lhe mostres o mealheiro.
4. Quem não tem dinheiro, está sempre teso.
5. De nada serve a economia, quando a bolsa está vazia.
6. Quem quer vai, quem não quer fica.
7. Para o bom entendedor meia palavra é um erro.
8. Com tempo tudo se muda.
9. O homem prevenido fica mais pesado.
10. Águas passadas não se podem beber.
11. Boda molhada, bebida estragada.
12. Mais vale perder um minuto na vida do que meia hora no dentista.
13. Quem ama o feio, é porque tem mau gosto.
14. Deus dá a farinha e o padeiro é que se fode.
15. Vassoura nova dá muito trabalho.
16. A obesidade é mãe de alguns vícios.
17. Longe da vista, fica mais difícil de se ver.
18. O saber não ocupa penico.
19. Cautela e caldo de galinha nunca fez uma boa canja.
20. No poupar é que está o engano.
21. Quanto mais depressa mais rápido.
22. O sol quando nasce é sinal que é dia.
23. O barato não é caro. 
24. Amigos, amigos, negócios em Marte.
25. Ajuda-te que Deus está ocupado.  
26. Juntam-se as comadres, zangam-se os compadres.
27. Quem o alheio veste, é porque pediu emprestado.
28. De tostão em tostão não se junta nada. 
29. Azar no amor, cabides na testa. 
30. Quem dá e torna a tirar é porque sabe negociar
31. Quem come gato por lebre, também pode comer a ração.
32. Um é pouco, dois é bom, três é bestial.
33. Depois da tempestade a companhia de seguros está fechada.
34. A insónia tranquila não é o melhor remédio contra a  consciência.
35. Cada um sabe de si e Deus de alguns.
36. Quem nasceu para burro, tem uma vida triste.
37. Quem nasceu para a forca, odeia gravatas.
38. O pior surdo é o que não tem dinheiro para comprar o aparelho.
39. Preso por ter cão, preso por não ter pago a licença.
40. Guardado está o bocado. Convém não esquecer.
41. Quem semeia feijão não colhe hortelã.
42. Quem ri por último, poderá mostrar alguma falta de entendimento.
43. Muito sabe quem pouco esquece.
44. Rei morto, funeral à vista.
45. Os opostos estão sempre longe.
46. Quem tem telhado de vidro, dentro de casa pode ver o luar.
47. Quem boa cama faz, é sinal de conhecimento.
48. Perguntar não ofende, mas às vezes é uma grande chatice.
49. Mais vale uma mama na mão, do que duas no sutiã.
50. Quem dá aos pobres, não fica menos rico.
51. Certos gostos não se discutem
52. Hoje por mim, amanhã também. 
53. Se sabes o que eu sei, para quê ouvir?
54. Diz-me com quem andas que eu também quero conhecer.
55. Quem não faz o que pode, é para não ficar cansado.
56. A mentira tem penas curtas.
57. Quem corre por gosto, pode parar quando quiser.
58. Não coloque o carro na frente dos bois, ele pode ficar danificado.
59. Os melhores perfumes são muito caros.
60. Trabalhar para aquecer, é aquilo que o patrão quer.
61. Não há duas sem uma. 
62. Quem tem burro e anda a pé, é porque estima o animal.
63. As boas contas também são difíceis de pagar.
64. De boas intenções estão os idiotas cheios. 
65. Mais vale só do que ser sempre eu a pagar a conta.
66. Deus o trazeu, Deus o leveu. 
67. Patrão na loja, dia santo lá fora.
68. A fruta proibida nem sempre tem pesticida.
69. Devagar com o andor que o santo não está com pressa
.


,2016,06.aNTÓNIODEmIRANDA

quinta-feira, 28 de março de 2024

DE NÓS NADA RESTARÁ (JOSÉ PERALTA - 1939_2024

 


Para onde se caminha com a morte 
tatuada na vida?

Um desejo transviado poderá adivinhar 
o futuro que nos foi roubado?

Porque me perco no meio desta toca 
de sanguessugas?

Haja alguém que tenha piedade da 
misericórdia!

Lembrar o quê?

Abraços perdidos neste cadafalso 
engravatado nas danças dos 
fantasmas?

Nada de nós restará.

E esse será o único e importante 
contributo para o que sobrar da 
humanidade.


,2024Fev16_aNTÓNIODEmIRANDA
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terça-feira, 26 de março de 2024

LISBOA BLUES (1)

 


Perco - me
nestes passos sem volta
no perfume de fumo
ou nas ruas que piso
propositadamente com a intenção de te
violar.
Meto - me dentro de ti
sem o medo
de me inundares
com este banho de multidão

Cumprimento as tuas putas

Observo as tuas gaiolas
E mijo no teu rio

Beijo - te na boca
e fico sempre com a certeza
que já não te consigo possuir.

O teu odor
persegue - me até ao manicómio
em que te transformaram.




85fev._aNTÓNIODEmIRANDA
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#YOU CAN ALWAYS GET WHAT YOU WANT# Pronto Pagamento * Editora tea for one

 








sábado, 23 de março de 2024

VÁ JOHN SALTA AGORA

 


Vá John salta agora.
Eles só querem acabar contigo. Já têm um número reservado. Escreverão na autópsia que eras um gajo chanfrado que sempre estiveste em mau estado. Para ti estiveram sempre esgotadas as vagas do albergue. Nem sequer descontavas um cêntimo que fosse para a normalidade social. Vá John salta agora. Não tens que hesitar. Ninguém vai reparar. Despacha-te John não alongues o directo não desiludas a notícia. Confiámos na tua perícia mas sabes bem que é só desta vez. Está tudo a espreitar. Salta John. Fá-lo com destreza não estragues a surpresa desta gente que te empurra. Lá em baixo nunca será pior do que a miséria que te gastou o tempo. Dizem os que nunca voltaram. Atira-te agora. Está na hora. Nunca nos doeu a insignificância do teu arrastar. Atira-te John. Nós que juntamos os teus erros e as lágrimas corridas em segredos de sangue com farpas oferecidas para que o teu choro não incomodasse o nosso bem-estar. Vá lá John. Encharcamos-te as veias temperamos a tua cabeça com um caldo para te acalmar. Não te queixes da fortuna. Nós oferecemos-te uma sorte mentida mas tu só querias uma nuvem que nos molhava. E apontavas na ponta do desespero uma triste canção. E nós só pretendíamos desperdiçar o teu tempo e nunca te deitaste na cama que oferecíamos à tua atrevida diferença. Que coisa estranha John. Adiares a morte foi uma traição. Pensas que não nos custou cantar a mentirosa balada para adormecer os nossos filhos? Não foste agradecido. Nós os que cuidamos do envenenamento dos teus sonhos. Salta John. Lembra-te da pomada do charlatão. Nunca perguntaram o que sentias quando abafavas a tempestade asilada na tua cabeça. E aquele santo de barro que bebia o vinho das noites frias, rezava-te orações sempre mentirosas. Embrulhava em massa folhada os recados que escrevias nos sacos de plástico que te forravam a pele. Disseste que a nossa heroína te enganou. Será verdade? Nós só tentámos trair-te sempre que possível. E se bem me lembro, prometemos um velório auspicioso, musicado por um órgão Hammond enfeitado com papoilas perfumadas do mais genuíno ópio. Só para te lembrares que celebraremos condignamente a tua ausência. Vá salta. Salta John. Ninguém está á tua espera. Como pensas que nos sentimos neste filme parado? É certo que não és tido nem achado e a tua solidão é agora falada numa língua dobrada que ninguém entende. Canções metidas na colher carne branca acendida numa luz insidiosa. Foi assim que te fizeram passar os dias quando pensavas ser o dono das tuas decisões. Não te incomodava a espuma no canto da boca nem os olhares que mijavam em cima de ti. A vida é uma canção de rock`n´roll. Mas o resto o que de ti importava sempre passou ao lado. Mas a tua alma chorava. Ninguém respeitava o teu silêncio e riam do personagem que encenavas. Salta John. Agora que já sabes aonde ir. Agora que a tristeza infectada não obedece à direcção indicada pelo sinaleiro agora que na encruzilhada todos se esquecem de ti John o teu único sonho partiu para um céu sem o teu nome. Deixou para sempre tatuada uma pressa que não sabes parar. Adiantaste a corrida. Apertaste a correia errada. Não há estrelas que contem o teu segredo um táxi qualquer que fale de ti uma linha que lembre a maneira como não sabes o teu nome. 
Salta John. Não largues a corda que te estendi. 
Eu sei que pensavas ter um anjo sempre ao teu lado. Ninguém te informou que a misericórdia é uma anomalia que não funciona. 
John a compaixão é uma call girl que nem sempre está de serviço. Sempre te desonraram. A tua namorada chorava quando dizia que eras o homem da sua vida dizia ser a rainha de um reino só teu. Sou a tua fada à deriva neste céu banhando este oásis de desejos apodrecidos. Diz que me amas. Pediam as lágrimas espalhadas no colchão. John tu dizias que não sabias a cor do sangue que enchia as ruas da tua dormida. As teias dos sonhos que te chicoteavam eram dores menores nos dias estragados. Que dor podias sentir? Gritos escondidos na ambulância e tu sem nada conhecer. O que fizeram de ti. Uma vaga ideia escondida numa salada de putas.
Vá, salta agora John. Leste o livro errado. És o único culpado. Rejeitaste este mundo viciado.
Salta agora John!
Não abales a nossa consideração.





2017,ago_aNTÓNIODEmIRANDA 
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sexta-feira, 22 de março de 2024

MEMÓRIA ENLAMEADA

 


O que fazer com tanta palavra magoada 
Intenção mal parida 
Só sou o que já não resta de mim 
Memória enlameada 
Nó com nó 
Saco de cinzas 
Exclamação sentida 
Como se fosse pedra 
Como se fosse fria 
Mas sempre vazia 
Naquilo que presta 
Eu assim 
Eu não assim 
Laço de embrulho 
Que ninguém desata 
Eu a brincar 
A fingir 
Como se fosse poeta


,2014_aNTÓNIODEmIRANDA
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domingo, 17 de março de 2024

DEVIL GOT MY WOMAN

Disseram-me que foi o diabo
que me mostrou aquela mulher de soutien vermelho
e matrícula da Triumph.
Deu-me a volta à cabeça esta atracção fatal
embora ela continue a dizer que não me ama.
E eu digo-lhe que nunca irei encontrar ninguém assim.
Diz-me que minto e tudo o que faço é errado.
Detesta-me tanto, e não me quer a seu lado.
O seu roncar tinha influências óbvias de um Hip Hop.
Naquela tarde descobri que não estava
com embocadura para o sax.
Tentei trocar a língua da  vogal,
mas não consegui um sequer resultado palpável.
Chamei alguns dos nomes não imprimíveis
à minha falta de jeito.

2016,09aNTÓNIODEmIRANDA

quinta-feira, 14 de março de 2024

TRISTE DESENCANTO

         


A minha angústia nada deve ao que 
quero ser.

                                        Serei as asas do anjo que amanheceu na lua da alegria?

                        Tanto desespero neste 
                            canteiro de lágrimas 
                        abandonadas para o horário 
                        enojadamente comprometido.

E a sorte no cantar moribundo 
recusa este filme.

                            Os heróis de plástico 
                    escreveram o guião errado.

                                      A terra prometida afundar-se-
á no mais triste desencanto.



,2024Mar05_aNTÓNIODEmIRANDA

LXIX

 


Agradecido pelo cabide de memórias 
que enviaste


                            Agora já posso 

                            pendurar

as asas do destino


,2024Mar03_00,55h_aNTÓNIODEmIRANDA

III/III/MCMLV

 


Um velho homem 
quer tomar conta da minha cabeça

A sua inveja não dorme como as 
outras gentes

Mas...

Ainda continuo por cá


,2024Mar03_00,55h_aNTÓNIODEmIRANDA

ACENTUADO ABORRECIMENTO NOCTURNO

 


Prenderam

Os

Dias

Da

Fantasia



,2024Mar01_aNTÓNIODEmIRANDA

VOU CUSPINDO NO TEMPO A ABSOLVIÇÃO DOS SEUS DESMANDOS

 


Púdicos

Púbicos

Públicos

[ Fantasmas
            Cavalgando
                        Luas Vagabundas
Assassinaram
                         a 
Poesia ]


,2024Mar08_aNTÓNIODEmIRANDA

NU

 


Despejado neste amar
Contradigo a beleza 
                        Imaginada
Neste banco amparado 
                No penoso despertar

NU
Vestido com a esperança 
                                Rompida
Pela aziaga magia
                        No corredor da sorte

NU
Alma quezilenta 
                A bailar no lago dos 
                                        Abismos
Alindando o triste fado dos cisnes

Ó despertar 
                       Das alegrias 
                                    Verdadeiras
Porque 
Tão 
Cedo 
Me 
Abandonaste?


,2024Mar08_aNTÓNIODEmIRANDA

MOSTRA ALGUMA EMOÇÃO

 


Sei que não tenho mais jeito 
para te seduzir

Falo da paz e tu das 
expectativas irreais

Tudo o que posso dar
Escondes no cartucho das 
coisas inoperantes

Nada de especial poderá 
confortar tamanha desconfiança


Tudo vai correndo
Fugindo
Fingindo...

A pressa de nos termos
Esgotou o tempo das possibilidades



,2024Mar08_aNTÓNIODEmIRANDA

quarta-feira, 13 de março de 2024

SUAVE MIAR

 


Muitas outras coisas poderiam ser ditas 
se me contasses a razão dessa alma 
tão triste.

Por vezes penso em ti como se fosses a 
namorada do liceu mas a vergonha 
apesar dos anos não mudou. 

Continua anichada naquele canto que já 
não procuras. 

Deixei de ser o gato que costumava 
uivar à janela.

Agora não passo de um velho lobo que 
num suave miar espalha o perfume da 
constante ausência.

Poucas coisas já me restam 
e todos sabem que passos curtos 
não ambicionam longas estradas.

,2024Mar08_aNTÓNIODEmIRANDA


ORFANATO

 
Aqui com a mala da solidão na mão, aceno à tristeza escondida na esponja do coração tanto chorado. Há noites que já não se deitam comigo. Fazem propostas indiscretas como se a vida que tanto desapontou merecesse a mais bondosa desculpa. Já, neste vazio deitado não consigo descrever os rasgos desta inquietação. Agora, no tempo que já foi, como se o ontem tão mentido adivinhasse um amanhã diferente, não me fere a importância gritada pelas multidões.
Tenho demasiadas facas gravadas na memória. Chagas em constante sangramento, uma mochila cheia de angústias marinadas nestes anos sem um segundo qualquer em falta. Acompanha-me um velho saco prenhe das melhores intenções dirigidas por um defeituoso acreditar. Um gostar desconfiado parido na dorida esperança. Nas escadas da leprosaria, lágrimas negras tão silenciosas como a lembrança que entorta os ossos, estendem os olhares do desapontamento. Não olhes para mim assim. Abusa de mim. Viola o tempo que nos resta. Nem todas as vezes consegui o que quis, e, aquelas que falhei foram unicamente o que de mim não presta.
Não conheço o deus a quem rezas.
Ignoro a oração desse acreditar.
Desapareço sem querer De nada fazer
Para matar os pecados que tanto te mentem.
Não gosto Sobretudo não gosto
Do mundo que finge o direito
À tua felicidade.




,2024Mar09_aNTÓNIODEmIRANDA


FLORES MURCHAS NÃO EMBELEZAM O CÉU

 


Como eu costumava cantar

                                Nunca digas que 
                                sonhar é proibido

                                Flores     murchas     não 
            embelezam     o     céu

                                    Qualquer     verdade 
                        servirá     para     amaciar     a                                                     mentira     que     lisonjeia     
                        ousadia     dos     sonhos         não                                            concretizados



,2024Mar08_aNTÓNIODEmIRANDA


MISÉRIA CARITATIVA

 


Imaginação 
impressa     em 
agourentas alas de 
desânimo


                             O     satélite     da                                                                     compreensão 
                        aquece o quarto 
            com vista para o 
sossego


Arrendam-se     falhanços 
da miséria 
                caritativa 


,2024Mar01_aNTÓNIODEmIRANDA


É A OBSCENIDADE DA HIPOCRISIA QUE TE CONDENA

 


A velhice já não me conduz ao céu 
e a ingenuidade do amor pretendido
gasta na vida o esgrimir  da última vontade.
 
                        Na cama da incerteza, 
                        onde o nevoeiro 
                        não cessa de chamar,
                        irei contigo até que  o sol  
                        minta à morte. 

E o desejo trinado nos sinos da 
misericórdia
não terá custos para a consolação.

                                Na rádio dizem que 
                                alguém reza ao meu 
                                lado.

Não almejo a decadência celestial 
nem estimo as melhoras do mutante



,2024Mar01_aNTÓNIODEmIRANDA


NÃO ME APETECE DANÇAR CONTIGO

 


Que acabe o medo. 

Já não tenho malícia para celebrar 

a cama de nojos. 

No testamento envergonhado, olhos 

cansados desenham a estrada 

do sangue laminado. Segue o ar 

daquele sonho com o cheiro da 

longínqua terra no gosto nunca 

acontecido. Vontade saciada nos 

dias das lágrimas negras para lembrar. 

Danças ocultas animam a teimosia 

do meu desânimo. Porque 

tarda em chegar o poema da esperança? 

Como sufoca a espera. 

Terei pecado assertivamente. 

Estrela enlatada, não me entregues 

a noite ardilosa. Não cortes a corda 

que me resta.

Não exageres no atrevimento que 

continua a matar-me.

Não me apetece dançar contigo.



,2024Mar02_aNTÓNIODEmIRANDA


PARA ALÉM DA IGNORÂNCIA...

 


Um árduo caminho embrulhará 
os meus ossos.

Que atrevimento 
insensatamente ignorado 
irá bordar no bailado do vento 
todas as vontades que 
consegui?

                                     Fui herói na história 
                                        por mim tantas vezes perdida.

                                    De vilão não passei 
                            nas guerras que me fizeram                                                         pertencer.

Estou aqui!

Para além da ignorância...



,2024Mar02_aNTÓNIODEmIRANDA


DEVO CHORAR MAS NÃO SEI O CAMINHO

 


Não quero molhar a estrada da areia.
O que poderei fazer?
Estrangular o suicídio-queimar a corda-
roer o horário da mentirosa opção-ou soluçar 
no convés de um qualquer fracasso?
A sereia do “maillot” cor-da-tristeza 
desta vez fugirá do pesadelo para abraçar 
o nosso dilúvio.
Na escada rolante erguida para o céu
o vento continuará a fustigar a coragem dos 
covardes.
Um maço de lábios desvairados oferece asas 
do prazer requentado ao maquinista do 8º delírio.
Deitada no leito da falta de respeito 
a paz aguarda a chegada do enviado espacial. 
A reportagem num directo conspurcado 
respeitará as prometidas condolências.
Desapontei-te demasiadas vezes?
Não nasci para o auto conforto.
Tenho sangue chorado nas mais variadas 
maneiras escondidas no saco de veneno 
entregue pelo amor que nem sempre me 
alcançou.
Um e eu nunca seremos o mesmo verbo.
Não é a altura de falar de mim.
Acorrentado neste ramo, 
memórias corroídas tentam saudar 
o desfile do arrependimento


,2024Mar03_aNTÓNIODEmIRANDA


DEMASIADO TARDE CHEGOU O TEMPO

 


Nada permanece na janela 
virada para o cansado 
desgosto fugido à pressa 
dos ombros doridos


                                    Quando na hora do adeus 
                                    faltam as palavras, 
                                    o amparo da generosidade 
                                    entrega as certezas mais 
                                    importantes ao esperado 
                                    sonho


,2024Mar05_aNTÓNIODEmIRANDA


A ESPERA QUE ME SANGRA A ALMA

 


Mil choros naufragados na ajuda que 
nunca chegou

Piscina de sangue diluído no oásis da 
demência

Os sons da memória tocam na voz do 
silêncio

Olham agora para mim, 
acabado de sair da sauna dos zombies

Despejei 100 mil balas
Milhões de fomes
Paridas nos
Fardos de injustiças

                Estou pronto?

                        Nunca 
                    para a espera     
                    que me sangra a 
                    alma


,2024Mar08_aNTÓNIODEmIRANDA


NÃO BANALIZAR A VERDADEIRA IMPORTÂNCIA

 


Queimam-me as mãos na memória que enviam.
Abafo a ausência nas fotografias, lavada num rio de choros que um bando de estrelas (num voo amistoso) tenta apagar. Mas a saudade gravada nesta teimosa mania de recordar, não deixa.
A fúria escorre sangrenta no magoar das palavras e gestos obscenos em busca dos corações solitários acenam convites com letras ilegíveis.
Nada me foi entregue, escreve à penúria dos dias a vaidade decadente.
O entregador de sonhos pedala uma utopia com o ardor de toda a nostalgia na avenida dos desajeitados desejos. Um semáforo maldizente (mente à memória) nos cartazes da campanha eleitoral.
É tempo de peneirar as más intenções!
Antes que a forca da ilusão acabe com o resto.
É urgente a necessidade de desobedecer e não deixar apodrecer a memória das pessoas realmente válidas.


E, sobretudo, não banalizar a verdadeira importância.



,2024Mar05_aNTÓNIODEmIRANDA


The Rolling Stones Acoustic Jam (Beacon Theatre, New York, 2006)

terça-feira, 12 de março de 2024

Miguel Martins lê #BIG SUR * JACK KEROUAC (12 Março 1922 - 21 Outubto 1969) BarAbarraca _16 Março de 2017 . Com SEC`ADEGAS

https://www.youtube.com/watch?v=hFBilFPa7Hw&pp=ygUhS0VST1VBQ19NSUdVRUwgTUFSVElOU19TRUNgQURFR0FT 



ELEGIA A JACK KEROUAC (12 Março 1955 - 21 Outubro 1969)



Nasci na página 124 do On The Road e passados cinco minutos desvirginei - me fazendo amor com o pôr-do-sol numa praia sem nome Passei noites dormindo em latas de sardinha com um polegar esticado aprendi a falar com cães e a chamar mãe às auto estradas e aos vagões de mercadorias dos caminhos de ferro Amei em bermas de estradas caguei debaixo de árvores abracei violas livros e mijei nos sacos de plástico dos supermercados Lavei os dentes em cabines telefónicas enterrei tesouros em vasos com plantas roubei papel higiénico e bocados de espelho das retretes dos cafés e hotéis Troquei fatos por blue jeans sujeitando - me às caricias do cinto do meu pai Aprendi que o ópio não deverá ser a única religião das pessoas e guardei um pelo da barba do Ginsberg
Forniquei dias e noites seguidos com a lua e a amante do Nixon e tive que cultivar a pénisflor
Vi aqueles: que morreram afogados pelos ideais que eles próprios construíram pensando na compreensão das pessoas e Jesus Cristo praticando budismo á meia-noite em Biarritz E aqueles que apertavam as mãos aos caranguejos e davam autógrafos a camelos com o objectivo de angariar votos para as futuras eleições E aqueles que confundiam estrelas com candeeiros que diziam que uma viola é como uma mulher que congelaram o sol que engarrafaram o cheiro da manhã que beijavam flores e arco –íris bebiam chuva e liam revistas pornográficas embrulhados nos  sacos de dormir e vagueavam pelas avenidas e jardins desertos à caça de homossexuais
Aqueles que em viagens clandestinas subiram à lua e substituíram a bandeira americana por uma toalha de mesa e que pensavam fazer um piquenique sobre essa mesma toalha e que morreram fazendo a barba com um corta unhas Aqueles que se perderam no meio da viagem porque se esqueceram da bíblia que fugiram de casa e voltaram de táxi que resistiram aos olhares das pessoas demasiadamente semelhantes aos dos chuís da brigada de narcóticos Que faziam amor julgando que este é um jogo de cama E ouvi: freaks & pseudo freaks gurus & pais arrependidos vendedores de seguros varredores de ilusões carneiros manietados pelo sistema budistas que tudo e nada me disseram ouvi Fidel  Castro declarar-se à Marilyn Monroe prometendo - lhe que raparia a barba O barulho que Salazar fazia quando chupava no polegar da mão esquerda O vento batendo à porta do banco do jardim durante as noites em que eu ainda sonhava
Ouvi Kissinger pedindo-me um charro e conselho para fomentar uma nova guerra: ambicionava ganhar outro prémio Nobel da paz Vozes histéricas de estátuas coisas e pessoas durante actos sexuais prostitutas adolescentes dirigindo-se timidamente a homens casados complexados para os quais ser cornudo é facto que não podem  admitir
Ouvi  Ouvi  Ouvi  Ouvi Ouvi Ouvi Ouvi Ouvi
ouvi vozes protestando contra a guerra o ódio e a miséria e a quem calaram para sempre com paradas e tiros de metralhadora e celas onde os ratos preferiram morrer Ouvi choros de mulheres velhos & órfãos que em gritos dilacerantes perguntavam qual a razão da fome e da opressão e que perderam definitivamente a confiança que até então tinham nos homens Valquírias sussurrando - me para escarrar nas bandeiras soldados feridos cantando hinos nacionais enquanto lhes pregavam medalhas 
Ouvi Lenine & Trotsky discursarem sempre em pé e durante longas horas para peixes vermelhos Bakunine e os demais verdadeiros anarquistas serem apelidados de loucos e inconscientes por rebanhos de carneiros cuja posição embora erecta em nada os diferenciava dos estúpidos peludos das regiões inquietantes
E senti: os olhares inquietantes daqueles que
por serem diferentes a sociedade etiquetou de loucos e encerrou em manicómios Estive numa reunião do Movimento Nacional Feminino onde me serviram croquetes que eram tirados dum soutien da Triumph copa 48 Estive: em comícios políticos onde vendiam batatas fritas em manifestações em que apalpavam
o cu e os seios às gajas cujas formas corporais
despertavam positivamente apetites sexuais

Nasci na página 124 do On The Road e
passados cinco minutos e trinta segundos ...





.73aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com








2014 PORTUGAL (como se fosse poema) * Ó COELHO VAI-TE EMBORA QUE A MALTA NÃO TE QUER DE VOLTA

 https://www.facebook.com/miranda.antoniode/videos/900956229945634/?t=107



Portugal !
Agora sou um pedinte !
Mas, não te preocupes :
Isto é só uma espécie de poema.
Eu sei perfeitamente
que a não notícia da minha morte
passará despercebida.
Escreverei 
no testamento que te vou enviar
que as tuas pedras
não me ferem tanto
como os discursos impregnados de mentiras
pronunciados em conferências de imprensa,
onde mentes uma fingida preocupação.
& costumava ser tao fácil gostar de ti
Quando poderei entrar num supermercado
e comprar o que me faz falta
com a minha pobreza ?
Portugal ! 2014 !
O meu nojo tem mais idade
e eu quero morrer
antes do tempo confirmar a tua mentira.
Prometes tudo
e tudo me roubaste.
Nem 1 cêntimo foi devolvido.
Portugal !
Não fiquei surpreendido.
Tu és como um penico :
mesmo vazio, ocupa espaço.
& costumava ser tao fácil gostar de ti.
Cheguei a ser feliz com o sabor da tua ilusão.
Que sonho eu aqui á beira mar plantado,
onde a não notícia da minha dor 
passa despercebida ?
Mas, não te preocupes :
não faças isso por mim :
isto é só uma espécie de poema.
Portugal !
Da tua incoerência
herdei a insustentável rudeza
de nada ter.
Agora sou um pedinte !
& costumava ser tão fácil escrever poesia !
A minha raiva
não acontece para te agradar.
Agora sou um pedinte !
Mas não te preocupes :
isto é só um poema.
Portugal !
És agora um país
de putos e meninas :
eles enchem o cú
elas ocupam as vaginas.
Portugal !
Eu não estou contente.
vejo os teus desempregados a chorar,
vejo tanta gente a partir,
vejo a tua inversão de perspectiva,
vejo os teus velhos abandonados
desejando aquilo que nunca deveria acontecer :
acreditaram no teu sonho
e agora vejo nos seus olhos
uma indigna condição,
uma vontade apressada de morrer.
Portugal ! 2014 !
59 anos | 47 anos de trabalho.
47 anos legalizados pelo teu roubo ilegal .
Portugal !
Vivemos o tempo dos assassinos!
Dos mentecaptos !
Dos inúteis !
Dos inaptos !
Dos cretinos !
Dizes que é para o nosso bem,
mas porque sentimos
que nos estás a matar com tantos mimos ?
Portugal !
O teu falhanço nem sequer foi grande coisa.
Não me apeteces !
Já não posso morrer por ti.
Quando te cansarás
da árdua tarefa de libertares os teus ladrões ?
Portugal !
A minha cabeça tem uma estranha ideia.
O teu estado é caótico.
Estou imbuído de um espirito antagónico.
Tem cuidado : o meu pénis é atómico.
O meu desejo é automático.
Estou farto dos turistas do eléctrico 28
( Quando é que os informas 
que comprar o bilhete com a merda de uma nota 
de 50 euros, deixa-me abusivamente quilhado ?)
Portugal !
Agora nada posso impedir.
Vou dizer
e nem sequer é foleiro :
já foste um país porreiro !
Portugal !
Vendeste-te á puta errada :
A Angela não gosta de ser fodida !
Não tiveste cuidado
e ela é manhosa.
Portugal !
Mandaste-me á merda
sempre que te disse :
Ela é perigosa.
Portugal !
Vais morrendo,
matando cinicamente
um povo que lava no rio da grande desilusão
as tábuas do seu próprio caixão.


.2014aNTÓNIODEmIRANDA
#Livraria Buenos Aires#_tea for one_2015





CORRE COELHO

O coelho tem maus hábitos.
Já toda a gente devia saber.
Fala na tv com a voz entupida,
jurando que naquele tempo,
não nos queria foder.
É tão acre o seu cócó,
que até nos dá dó.
Esconde os dentes de vampiro
e num merdoso suspiro,
alisa a queda do cabelo,
espalhando penumbra 
nas palavras sempre mentirosas.
É um boy filho da trapaça.
Alguns ainda acham graça,
mas o seu tio
já empenhou o espaço publicitário.
Corre coelho,
taparam-te a toca,
ninguém te quer no aviário.
De nada és culpado?
Só a tua estupidez diz o contrário.

2017set_aNTÓNIODEmIRANDA