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terça-feira, 30 de outubro de 2018

Morreu Gérald Bloncourt, "o franco-atirador" bidonvilles e da emigração portuguesa “a salto” dos

https://www.publico.pt/2018/10/30/culturaipsilon/noticia/morreu-gerald-bloncourt-retratista-bidonvilles-emigracao-portuguesa-salto-1849337?fbclid=IwAR09zc2wfWt1F-1EdoFJ1Y6HJUiTCZEps6bswHMaOt0NwIGtGVOlmIPog_w#

ESTRELAVA NO CÉU BEIJOS AGRADECIDOS

Não passo de um ruído espalhado pela vida que
mesmo no paraíso precisa de amigos.
E no alarido de um coração picado há um cavalo que foge da sela que o quer trair.
Subtrai a ternura suicidante que lhe apaga a chama efémera e num grito desenfreado salta a angústia como se fosse arte poética.
E agora cansado chora o libelo da maldição que o fez prender.
Saltou o mais que pode a cerca que lhe toldava o horizonte e só agora pode beber num gole total a imensidão que lhe vendaram.
Feito poeta e na ausência do juízo normal aquece no galope sonhos há muito guardados.
Aparece de quando em vez nas quintas-feiras da poesia possível e fingindo que não chora, abraça qualquer presença.
Na forja que lhe derrete a alma espalha todos os poemas que cabem no seu mundo.
Apenas um sossego aqui na terra depois deste deus louco irmão de todas as morfinas e crítico apreciável dos benefícios da marijuana, longe da masturbação das agulhas beijando na fornicação a cara sem sangue que desliza pela parede riscos indolores de uma salvação com doses para uma semana.
Pedaços que exibe na mão foram um poema nunca sujo, escrito em moedas que mancharam a carne que pensava o amava.
E agora não consegue saltar os muros do sonho neste cenário de bêbados circuncisados.
Nesta escrita de raposa com a permanente promessa de não ganhar qualquer grammy,
perde-se nesta sensata e inútil razão que se perpetua na pele.
Deus não existe!
O diabo é que às vezes se esquece de ser mau!
O inferno é aquecido por um micro-ondas.
E as formigas diligentes lêem notícias sem sabor.
Dizzy e Parker sabem do que fala.
E eu não minto tanto assim.
Naquele tempo Nina Hagen vagueava pelo Harlem e beijava todos os pretos que tinha no coração.
Miles tinha escrito nas bochechas que a infância nem sempre é um acto saudável.
Berry no seu duck walk olhava docemente para certas teenagers que fingiam ter sexteen.
Ás vezes sentia no corpo um fato que pertence a outro, quando o dia lhe corria tal mal contrariando a mais optimista previsão do relatório do tempo.
Era quando o vento fugia da morte e empurrava esta mania de pensar que sabia quem foi.
E molhado por esta invenção, entregava ao deus- trará protocolos falsamente assinados da sua presença.
O gato de Ferlinguetti poderá testemunhar a afluência inaudita na agência de turismo onde costumava urinar.
O calor do seu orgasmo aumentou a temperatura do deserto que foi a cama que nunca cheirou a sua solidão.
Eram noites sem janelas onde a memória acaba por fugir.
E assassinam gemidos de guitarra sangrando o ventre até aos dedos que só a queriam acariciar. Agarrava os blues do Mississipi e snifava o pó dos velhos vinyls que podaram a sua juventude. Retornava á velha casa e beijava o som roufenho que chorava naquele velho gira-discos, só para voltar a escutar de novo aquela música.
No caminho de volta encenava estrelas e falava com todas as palavras possíveis.
Estrelava no céu beijos agradecidos.
 
 
,2017,abr_.aNTÓNIODEmIRANDA

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

QUANDO OS OSSOS TE SABEM A FRIO


Quando os ossos te sabem a frio,
desconfia do inferno.
Ele, faz-te sempre mais feio.
Não faças disso a preocupação maior.
Também convém o não abuso

de certos cremes,
nem aderências bem comportadas.
A vida não é feita de desculpas.

Fiz, poderia ter feito,
se calhar ou talvez não.
Tiveste todo o tempo para ter juízo.
Mas decidiste sempre mal.

Leste a loção errada,
aquela que te convinha.
E agora, em frente da televisão,

és o conhecedor mais instruído
na merda que construíste.
Passas o lustro ao carro,
porque em ti, já nem isso funciona.
Mas, não te preocupes.
Há sempre um imbecil,

que irá compreender a tua insolvência.
Há gostos para tudo.
E eu,

sobretudo,
adoro o meu,
que faz com que não goste de ti.
Quando os ossos te sabem a frio,
é chegada a hora de alguém

os queimar.


2018Set_aNTÓNIODEmIRANDA

NADA, PARA ALÉM DA NEGAÇÃO

Qual o tempo que me pode ajudar?
O da flor que me abandonou,

rosa dos espinhos sangrentos,
o da ausência da ousadia,
ou os dias das pétalas magoadas,
que regam com as lágrimas
esta solidão que já não me embala?
Ou a fúria que escreve na pele
incêndios de asas indignadas?
Um peixe poisa na minha mão,

enche-me a carteira de escamas
que declamam o verbo triste da solidão. Corações desenham na areia,
a lembrança dos falsos passos.
A chama que me ilumina,

não passa de uma luz
imensamente enevoada.
Nada, para além da negação,

para subtrair nesta conta errada.


2018Ago_aNTÓNIODEmIRANDA

NÃO VOU FALAR DE POESIA

Não vou falar de poesia.

Estou feliz!
Demasiado contente para assassinar
as palavras sagradas.



2018Ago_aNTÓNIODEmIRANDA

NUNCA PRETENDI SER EXEMPLO

Sobretudo para mim.
Sou tão

ego, que

admito
um
no
meu clube de fãs.
Eu!
Não pedirei nunca desculpa
aos apaziguadores das intenções
por mim paridas.
Até porque sou desajeitado
a lamber feridas,
e ainda não encontrei a tal esponja
com que os mal-dignos,
pensam limpar as ofensas.
Continuo com esta,
tão usada quanto eu,
que onde toca,
apaga para sempre aquilo que me desgosta.
 




2018Ago_aNTÓNIODEmIRANDA

OUTRAS REALIDADES

Não vivo com o passado.

Sonho sempre outras

realidades.



2018Ago_aNTÓNIODEmIRANDA

PETA




Não me rejo por interesses.

Mesmo por alguns dos meus.


2018Ago_aNTÓNIODEmIRANDA

É PROÍBIDO ENTRAR

Fecha a porta.
Já estão cá todos.
Mesmo aqueles que não sabem

que faltaram.
As flores esperam o toque,

enquanto brincam com palavras
cruzadas.
Cá fora, na pedra dos sonhos curvados, juntam-se numa amena cavaqueira,

versos amarelecidos por tão longa espera.
Um bandoneon abandonado,

aguarda na milonga
mãos que o afaguem.
Cá fora é um lugar

que não merece ser respeitado.
E a velha canção vai espalhando teclas,

que já não são flores,
num caminho já sem sentido.
Sangramos a mesma cor do triste tango.
Cá fora,
risquei a voz

que constantemente repetia:
é proibido entrar.

 
2018Jun_aNTÓNIODEmIRANDA

domingo, 28 de outubro de 2018

LEBLON

Descia invariavelmente o carreiro empunhando um cartaz no peito.
Ninguém lia que ela gritava flores para o respeito, angústia por não ter pão. E os votos, só queimavam a sua tristeza chorada nas lágrimas da ingratidão. Má sorte tem quem confia na servidão. Morava num barraco com o céu mais triste que se podia ver. Queimava a esperança num fogo sem chama, fingia despir a tristeza, sempre á espera de um sol melhor. Manhã cedo, acordava antes dos tiros do BOPE. Vestia a a
nsiedade e benzia-se no caminho que matou muitos daqueles que se acostumou a gostar. Descia até à cidade das grades desconfiadas para o seu chegar. Esfregão na mão, sempre disponível para os abusos do patrão, via soluçando para a televisão, uma bala sempre certeira que matava toda a ilusão. E no andar para o bairro, as apalpadelas habituais que tanto machucavam a sua vagina, há muito sem vontade para sexo. Queimara há muitos anos os “Subterrâneos da Liberdade” e a foto tirada ao lado do “bispo vermelho”.
Chegada a casa, cortava-se no espelho com aquele silêncio que só os heróis podem chorar.
 
2018Out_aNTÓNIODEmIRANDA

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

SANTOS DA CASA NÃO FAZEM DONUTS

Era no tempo em que sorria.
Pássaros felizes poisavam os ténis
nos seus ombros com a leveza respeitável
para não ferir a bondade.

Coçava a cabeça
num enlevo vaidoso,
e lia-lhes o paraíso escrito
em fascículos não programados.
Árvores contentes molhavam a relva
com pérolas de satisfação.
Uma dança de duendes amparava
a peregrinação mais bonita,
à espera dos dias da esperança radiante.
Um até logo,
nunca em tons de despedida,
acendia candeeiros que beijavam a festa. Notas soltas, bailavam à toa,
e incendiavam as asas
dos corvos mais felizes do mundo.
No jardim das delícias,
os malmequeres dormiam abraçados
às pétalas da realidade festiva.
E alguém acreditava,
que o sonho só depois acontecia.
Sentada no velho cais,
a maré juntava a mais sagrada espuma,
para abraçar o sono dourado.



2018Jun_aNTÓNIODEmIRANDA

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

NO DIA EM QUE COMEÇAR A GOSTAR DISTO, DEIXO DE CÁ VIR.

- foi recentemente referenciado, como um dos três piores tocadores de guitarra da actualidade. Qual o seu comentário?
- devo confessar que foi uma pequena desilusão. E afirmo peremptoriamente que irei continuar a trabalhar, para atingir o primeiro lugar no pódio. Aquele que almejo nesta árdua tarefa de enferrujar as cordas de uma qualquer guitarra, onde ponha as mãos.

- portanto ficou triste.
- claro. Tinha essa expectativa. Até porque considero que o gajo das castanholas era muito pior do que eu. Mas nestas coisas o júri é impregnável. Contudo, a esperança não morre aqui. E como mau perdedor que sou, aconselhei-o a ter cuidado com as amígdalas. Não vá o diabo aquece-las.
- nota-se no seu tocar uma acentuada tendência seminal repetitiva. Quer falar sobre isso?
- comecei a tocar guitarra, porque sempre achei que era menos doloroso do que descascar favas. A minha influência mais marcante, e ouso agora confessá-lo, é a quantidade de gelo que meto num copo com whisky de má qualidade.
- como acontece o alinhamento dos temas?
- não é importante. Devido ao efeito da carga etílica e outros derivados, chegamos à conclusão que os ensaios são depois das actuações.
- qual a sua relação com o êxito?
- umbilicalmente detestável. Embora deva dizer, “off record”, evidentemente, que os nossos vídeos no youporn, superaram as expectativas mais estúpidas. Vale o que vale. E de facto, não vale grande coisa.
- e agora, uma nota final. Planos para o futuro?
- no dia em que começar a gostar disto, deixo de cá vir.
 
2018Out_aNTÓNIODEmIRANDA

"OBRIGÁDÔ"

https://www.facebook.com/voltadmareditora/videos/2289717974594492/?t=4


"AMSTERDAM CENTRAL STATION #75"

https://www.facebook.com/voltadmareditora/videos/2208448695837932/?t=22


terça-feira, 23 de outubro de 2018

Do Miguel Martins.


Pra não dizer que não falei das flores (Caminhando) - Geraldo Vandré





BRASIL_OUTUBRO_2018
A única merda da democracia, é a estupidez da maior parte de quem vota.
Leminski ! O senhor é um sortudo. Felizmente não assiste a esta vergonha. Nada se aprendeu nesta farsa da batoteira mudança. Também envio um abraço para o Geraldo Vandré, e para todos aqueles que cantaram “Para não dizerem que não falei das flores”, para os senhores Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Ferreira Gullar, Jorge Amado, Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Alceu Va
lença e um cumprimento especial para Paulo FreireDom Hélder da Câmara.
Reafirmo que a minha consideração por vocês, continua para sempre.
Estranho?
Os imbecis, nunca aprendem!
2018Out_aNTÓNIODEmIRANDA

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

MERO OBSERVADOR


Casamento do André Miranda e Mikyung Kim (Sofia).

Foi linda a festa.
Que todos os momentos de felicidade, fiquem para sempre na colecção das recordações.
Obrigado, Dália Miranda, Jorge Miranda, equipa do Solar do Morgadio , e a todos os que estiveram presentes.
Os SEC`ADEGAS gostaram de tocar para vocês
.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

APARAS DO TEMPO

Vazio.
Era o seu nome.
Só uma vez sorriu.

&
isso foi o maior
incómodo
da sua vida.
Anda por aí,
lapidando aparas
do tempo.


2018Out_aNTÓNIODEmIRANDA

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

PARA TI SE FALTARES

Para ti se faltares,
tenho o punhal dobrado
no mais fino bragal.

Para ti se faltares,
tenho o champanhe gelado
para ser bebido
ao longo do teu corpo.
Tenho beijos haute cuisine
banhados num tinto de colheita envelhecida.
Para ti se faltares,
tenho um filme encomendado
entregue impreterivelmente
na hora da tua chegada.
Tenho sais de saudade
lágrimas em tons de rebuçados
luvas com o toque das nossas peles
e algumas orquídeas
especialmente vindas
do expresso da última noite.
Para ti se faltares,
tenho numa jarra o tempo
que dorme nos lençóis da nossa ausência.
Tenho rosários naquele quadro
que pintamos quando nos queríamos.
Para ti se faltares
tenho dois corações
para substituírem
aqueles que já não usamos.
Para ti se faltares.


,2017fevaNTÓNIODEmIRANDA

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

SEC`ADEGAS “On the Road_19_20 & 21/Out.”

Com acentuadas melhoras na sua hérnia matinal, o Major Jaime Eduardo de Cook e Alverca, esse mesmo, o abominável energúmeno das minas da panasqueira, será o piloto privativo dos SEC`ADEGAS para uma curta digressão à Beira Alta. (Rojão Pequeno, com escalas em Vila Chã e S. Geraldo).
O IPMA está optimista, a Protecção Civil, nem tanto, e nós estamos de sobre...
tudo e sorriso vermelho.
Desta vez prometemos que não iremos com as mãos de fora.
Antecipadamente grato pelo vosso estrume e consideração, creiam-me com elevada estima e conspurcação.
Atentamente,


2018Out_aNTÓNIODEmIRANDA
 
 

Foi no dia 13, no Irreal. Apresentação do livro do Miguel Martins.



sábado, 13 de outubro de 2018

NÃO TE ESQUEÇAS DO MOLHO

Mataste-me tanto que já não há funerais disponíveis.
A urna mandou-me às urtigas, e o crematório está cheio de leitões.
Tanta demora para quê?
O atraso estava combinado, e não era necessário toda aquela cerimónia.

E agora, quem vai pagar a indumentária?
Já me avisaram que há multas de estacionamento, uma sobrecarga no aquecimento, e até o padre desfaleceu.
Claro, a lagosta estava suada, o bife tenro e com a mostarda a preceito, pão torrado, vinho gelado, mas não era isso o que estava no edital.
Vá, chega cá. Finge um ar cansado.
Convém até surpreendido, e, já agora evita o sorriso trocista.
Vai-te despindo.
O forno está aprazível.
Temperatura ideal.
Não me comprometas.
Não te esqueças do molho.
Não! Não ligues ao perfume.
Deita-te.
Vai-te virando lentamente.
Quieta! Está quase.
Todos irão adorar as tuas costeletas.
Depois,
dar-te-ei
notícias.

2018Out_aNTÓNIODEmIRANDA

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

CAIS DO SODRÉ (uma rua cor de rosa _2018_Set24)

Não insista!
No 1º andar é mais caro!

A cave tem acesso reservado!
A pocilga está cheia!
Não fique desolado!
Volte 2ª feira!
Venha com tempo,
e traga a sorte ao seu lado.
Compreendemos a sua frustração.
Hoje talvez seja um dia não.
Não temos o seu nome na lista dos convidados.
Aceite a nossa simpatia.
Sim!
Estaremos atentos ao seu equinócio.
Mas,
não nos estrague o negócio.
O open micro tem destas coisas.
Geralmente nada acontece de especial.
Por amor de deus, não nos leve a mal.
Confie em nós.
Prometemos a oportunidade que você merece.
E tudo faremos,
para que o piaçaba não tenha merda,
para não lhe enferrujar a voz.


Lembrei-me do TEXAS BAR.
Rua Nova do Carvalho
& nada disto era assim.


_Set_aNTÓNIODEmIRANDA

BELEZA UNIPESSOAL

A minha protuberância
não me permite
beijar

o
magnetismo
da
tua

fragância


2018Out_aNTÓNIODEmIRANDA

Obrigado, Mariana Abrunheiro e Walter Hidalgo

 

 

Adeus Menina.

Do Miguel Martins


Para visitar


ATENTE-SE

Estou numa fase auspiciosa
da minha carreira funerária



2018Out_aNTÓNIODEmIRANDA

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

NÃO DIGAM MAL DOS MEUS BLUES. A MINHA MÃE NÃO VAI GOSTAR.

Ela sempre me aconselhou para não responder a números desconfiados.
Cuidado com os cães, meu filho! 

Não com aqueles que gostas, mas dos que mudam de pelo para te foder.
Conservo a navalha na língua, e procuro estar atento para não falhar.
Prometo-me muitas coisas, nesta teimosa mania de continuar a sonhar.
Sou o mais doido que em mim cabe, e já não ligo ao programa da Sociedade Nacional da Sanidade.
Não sei da chave para o paraíso.
Aguardo o caminho da auto-estrada, sentado nesta estação do inferno.
Tolo e já nada jovem, afago memórias das noites em que me diziam: podes ser aquilo que quiseres, mas esta porta está fechada para ti.
E tu, encostada na minha penúria, perguntavas invariavelmente, onde tinha passado a última noite.
Só ficava a sombra, quando dizia, por favor não vás embora.
A noite tem outros afazeres, ocupada com corpos ainda mais frios, e o sol acorda cada vez mais tarde.
Já cansado e muitas vezes com mau feitio.
Este chão é uma morte dura.
Vende demasiadas vezes a sorte ao diabo.
E os sorrisos que pensam saudar a nossa despedida, em nada ajudam as ausências.
Não tratem mal os meus blues.
A minha mãe não vai gostar.
Tantas vezes chorei que não posso ser meu amigo.
Tenho nos olhos o cair dos desejos, a certeza da impossibilidade.
O sorriso descaído, escondido no saco cama que já não acredita no meu sono.
Estou farto de lamber feridas, cansado de embrulhar o calendário, desacreditado na mudança do tempo, e, serenamente rasgo as horas com o sentido que me incomoda.
Não digam mal dos meus blues.
A minha mãe não vai gostar.
Olho para o fundo do copo, virado como o meu contrário, e, num sossego sem nexo, arquivo intenções sem nenhuma validade.
Adoro os meus blues.
A minha mãe vai gostar.

2018Out_aNTÓNIODEmIRANDA