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segunda-feira, 13 de março de 2017

TENHO A VONTADE MUITO ATRASADA

Passeio com a memória neste jardim de delícias turvas enquanto trespasso este tempo angustiado num escusado compromisso de secar palavras que me magoam. Virado para a mãe das horas adiadas julgo pensar destinos aprazíveis. Acontece-me um cálculo errado enfeitado com gotas de chuva que não quero chorar. O que foi feito de mim é aquilo que nunca encontro neste desconsideração sem fim, nesta mania absurda de fintar o improviso com que pretendo abalar diagnósticos não desejáveis. Estendo as varas desta camisa ilustrada nos manuais de psiquiatria e de tudo o que não queria, apenas restou uma fenda da janela que nunca abri. São doces estes pecados cozinhados hora a hora para o que de mim sobrar, caiba numa embalagem de surpresas congeladas. Abafo o tédio num cobertor tão frio como o ânimo que me abandonou. Apenas tenho abraços infinitamente distantes sem caminho seguido e pétalas enferrujadas para uma transacção não comercial.
Ainda não cheguei.
Tenho a vontade muito atrasada.





2017marçoaNTÓNIODEmIRANDA

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