Passeio com a memória neste jardim de delícias turvas enquanto
trespasso este tempo angustiado num escusado compromisso de secar palavras que
me magoam. Virado para a mãe das horas adiadas julgo pensar destinos aprazíveis.
Acontece-me um cálculo errado enfeitado com gotas de chuva que não quero
chorar. O que foi feito de mim é aquilo que nunca encontro neste
desconsideração sem fim, nesta mania absurda de fintar o improviso com que
pretendo abalar diagnósticos não desejáveis. Estendo as varas desta camisa
ilustrada nos manuais de psiquiatria e de tudo o que não queria, apenas restou
uma fenda da janela que nunca abri. São doces estes pecados cozinhados hora a
hora para o que de mim sobrar, caiba numa embalagem de surpresas congeladas.
Abafo o tédio num cobertor tão frio como o ânimo que me abandonou. Apenas tenho
abraços infinitamente distantes sem caminho seguido e pétalas enferrujadas para
uma transacção não comercial.
Ainda não cheguei.
Tenho a vontade muito atrasada.2017marçoaNTÓNIODEmIRANDA
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