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segunda-feira, 13 de março de 2017

ALGUMAS FLORES FOGEM DA NOSSA VISTA

Algumas flores fogem da nossa vista
levando-nos a pensar que nunca
nos poderíamos entender.
Mas porque não sabem ouvir histórias?
Deitado neste quarto,
a minha tontura é um quartzo multifacetado
com todas as ideias que caberão numa esponja.
Tenho tudo neste novelo tecido
com imagens desta viagem constante
conduzida para um itinerário que não conheço.
Rótulos sobrevoam a minha cabeça e asas andarilhas tentam poisar na minha almofada.
Herculano pés de cabra de uma bela adormecida,
olha-me na tela entontecida
e entrega-me um convite para uma refeição nua,
com anjos ciprestes a entoar a última canção
dos angustiados predestinados.
Doce torpedo tocado numa harpa
beijada por caracóis sagrados.
Tenho nas mãos uma opção binária
da segurança não-social.
Há sempre um plano desconhecido
para continuar o engano da nossa presença.
Algumas flores fogem da nossa vista.
E para quem sabe,
isso não é de estranhar.

 
2017marçoaNTÓNIODEmIRANDA

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