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quarta-feira, 1 de março de 2017

GOSTO DA VIDA NÃO ENCASTRADA

Tenho posto algum fermento no destino
mas o tempo não cumpre o horário previsto.
Lembro-me algumas vezes de um pequeno bar
em Dublin onde ficava até ouvir
aquela harmónica roufenha.
Depois saía em direcção à velha estação
dos comboios amigos e esperando pelo último,
sonhava com quem iria passar a noite.
Só conheci tesos naquele tempo,
mas nem isso impediu uma vez sequer
a troca de sorrisos cúmplices.
Havia sempre o derradeiro cigarro
dividido com verdadeira amizade.
Tínhamos um tecto comum que por vezes
nos molhava a alegria mas nunca impedia
o desejo de um próximo encontro.
Gosto do cheiro da relva molhada
e dos cães com curiosidade em cumprimentar-me.
Gosto dos cânticos que saindo dos bares,
aquecem-me o ânimo e aconchegam a fome.
Gosto do fumo e do bafo do nevoeiro,
mesmo quando ele me encharca o cabelo.
Gosto do serpentear das guitarras
e de vozes que ficam contentes com a minha presença.
Gosto desta folia que me encharca a alma
e deste mar de gente feliz com sorrisos prometedores.
Gosto da vida não encastrada.

,2017fevaNTÓNIODEmIRANDA

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