Coamos o não num passador furado por melros,
que às cinco da manhã pintam num cantar alucinado luzes pretas, que os conduzem a casa.
Perdi o relógio com os ponteiros mágicos que decidiam as horas da minha presença e adiantavam o futuro no caminho que deixei.
Abro latas da boa memória conservadas com sabores daquilo que já fui.
Nesta bricolage nem sempre conseguida, alivio o corta queixumes num gesto altruísta de roupa suja.
Desço os degraus que nunca subi, dando corda a um elevador demasiado avariado.
Com toda a boa vontade, calco o código desta porta digital que há demasiado tempo me empurra.
E puxa sonhos meus nesta má fortuna fornicada sempre fora do tempo.
E este forno sempre pronto para ventilar o que de mim pretendo, embora hoje continue a suspeitar que tudo longe de mim se passou.
Talvez alguma lua distraída tenha adormecido na minha saudade.
Alguém me olha, sem perceber quem eu sou, na mais estranha maneira de conceber pecados menores.
Ao fim e no meio, os mais fáceis de esquecer.
,2017,mar_.aNTÓNIODEmIRANDA
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