Falta sempre qualquer coisa
na nossa estupidificada insatisfação. Cozinhamos ilusões num
spaghetti plastificado comprado no supermercado com descontos
alucinantes impressos no cupão que consigna a norma de cliente
fidelizado.
Longe vão os tempos em que
falávamos com o dono do lugar que nunca se esquecia de perguntar se
queríamos um ramo de cheirinhos. E a oficina do sapateiro forrada de
modelos atrevidos embora ele há muito já não rompesse meias solas.
Entretinha-se amiúde com capas e manejava com mestria a sovela tal
valente cavaleiro, como víamos nos livros aos quadradinhos.
Lembro-me do cheiro a pão quente e verdadeiro, das encrencas da
retrosaria e dos cantares com saudades do Alentejo que ao findar do
dia saiam da taberna, misturados com tintos, torresmos e outros
petiscos sempre observados pelo papagaio zeloso para que o pagamento
não fosse esquecido. De rebentar a lata dos rebuçados da bola e
tê-la como ambição máxima para o esperado muda aos cinco e acaba
aos dez.. Dos jogos de hóquei em patins tendo como balizas as
sargetas e do desafio de ganhar o jogo da carica brincado no lancil
do passeio.
Nunca me fartei de ser
campeão.
E deus sabe como eu treinava
para isso.
2017marçoaNTÓNIODEmIRANDA
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