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segunda-feira, 13 de março de 2017

FALTA SEMPRE QUALQUER COISA

Falta sempre qualquer coisa na nossa estupidificada insatisfação. Cozinhamos ilusões num spaghetti plastificado comprado no supermercado com descontos alucinantes impressos no cupão que consigna a norma de cliente fidelizado.
Longe vão os tempos em que falávamos com o dono do lugar que nunca se esquecia de perguntar se queríamos um ramo de cheirinhos. E a oficina do sapateiro forrada de modelos atrevidos embora ele há muito já não rompesse meias solas. Entretinha-se amiúde com capas e manejava com mestria a sovela tal valente cavaleiro, como víamos nos livros aos quadradinhos. Lembro-me do cheiro a pão quente e verdadeiro, das encrencas da retrosaria e dos cantares com saudades do Alentejo que ao findar do dia saiam da taberna, misturados com tintos, torresmos e outros petiscos sempre observados pelo papagaio zeloso para que o pagamento não fosse esquecido. De rebentar a lata dos rebuçados da bola e tê-la como ambição máxima para o esperado muda aos cinco e acaba aos dez.. Dos jogos de hóquei em patins tendo como balizas as sargetas e do desafio de ganhar o jogo da carica brincado no lancil do passeio.
Nunca me fartei de ser campeão.
E deus sabe como eu treinava para isso.

2017marçoaNTÓNIODEmIRANDA

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