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terça-feira, 13 de março de 2018

AUSÊNCIA QUE PARA SEMPRE DOI (poema para o meu tio JORGE FARIA_13 de Março de 1936)

13 de Março.
Nunca me esqueci do seu aniversário. Mas sobretudo lembro-me sempre de si. A vida continua a ser uma loja de sucatas, mas para quem nem sempre estiver distraído, oferece-nos intervalos de perfeição. Evidentemente estou a constatar um privilégio. A honra enorme de ter um tio....

JORGE, estou a ficar diferente nas fotografias. Há quem diga, que é da idade. É um facto que estou mais usado. O que tenho na cabeça, é que o caminho está mais curto, mas continuo a viver com a certeza toda, que aquele abraço já esteve muito mais longe. Aqui, entre nós, estas coisas dos telemóveis e emails, não funcionam.
“tutti bene di zambrene” “bambini” “la piconera” “a rosinha dos limões” “a samaritana”, as nossas cantorias com os dedos do Zé (aliás Tomás) a sangrar, os nossos copos regados com abraços, a sua sempre manifestada amizade, são a vida que tivemos, a alegria que vivemos! E você sabe do que estamos a falar! As cadernetas dos bonecos da bola, colados com água e farinha, rebentar a lata para ficar com a bola de catechu, a colecção das ciências naturais, a conferência das contas da volta das quartas feiras, os pregos no mealheiro para fingir as moedas (eu a tirar, supostamente pensando que era o único, mas afinal já naquela altura, havia outro: o Zé).
Jorge, isto fica entre nós e claro, com a ZEZA.
Há moradas que não me importo de entrar, mas sei JORGE, tenho emoções que muito me orgulho de viver.
Nunca digo adeus. Vou mudando. Vou partindo, indo ficando.
Vou para encontrar.
Agora, deixo-lhe uma das suas canções preferidas :
“Granada” .


2015março09_aNTÓNIODEmIRANDA
 
Foto de António de Miranda.

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