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sexta-feira, 30 de agosto de 2024

A DIVA DA MEIA-NOITE

 


A diva da meia-noite, 
enroscada na écharpe 
entornava o caldo da voz ensaiada 
para mostrar que sabia de poesia. 
(Pobre poeta que tanto sofria 
naquele ronronar de gata fria 
em telhados de zinco ferrugento).
E aquilo que se ouvia 
era tudo menos o poema, 
enquanto a lua borralheira 
encenava um novo folclore 
que ninguém entendia. 
Estendidas no sofá da virtude adormecida,
a folha e a caneta desconfiavam 
desta anomalia assim surgida. 
O poeta na sua cara de silêncio entupido, 
solta um mudo gemido 
e um ai surdo nesta fala de absurdo 
elegantemente pretendida. 
E conversa animadamente 
com o vinho que o irá confortar. 







,2017mai,aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

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