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domingo, 4 de agosto de 2024

RONRONAR






Estou escondido no espelho 
das horas lentas, como aquele gato, 
que de pinote em pinote, 
tenta apanhar as borboletas brancas. 
Era só para brincar, 
miava ele no meio de tanta desilusão. 
Voltava todas as manhãs, 
e estendido na penugem da árvore habitual, 
ilustrava nos passos sem dança, 
a doce esperança de um dia 
divertir-se com elas. 
Mas, as borboletas eram somente 
anjos caídos do céu, 
e, 
desavindas pelo abandono, 
voavam desconfiadas. 
O gato voltou para o meu colo, 
e, dizia-se cada vez mais cansado. 
Vou ter que deixar de brincar. 
Lambeu-me a pata. 
Deitou-se no estirador do meu sonho. 
Ficou feliz com o meu ronronar.



2018Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com



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