Entardecia o poema enquanto o sol lamentava
a inquietude das estrelas.
Espalhava moedas com sons de cristal,
e agarrado a um desejo repetido,
tentava sorrir como estava rezado nas palavras.
Ajoelhado nos murmúrios,
enlatava os ruídos que todos recusavam ouvir.
Abriu a mala sempre cheia destes gestos,
e entregou ao vento resignações
para destinatários desconhecidos.
Sentou-se na ferrugem da esperança,
e convidou o mundo para a hipótese dos dias felizes.
Abençoou os versos que sobraram,
e encenou uma sobremesa digna do último rei.
Riscou depois, mais uma folha do calendário.
Esticou o polegar da boleia especial.
Cá em baixo,
ninguém reparou que ele só esperava
a viagem prometida.
,2017nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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