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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

FAHRENHEIT

A minha carruagem está a chegar.
Não me lembro de uma só vez em que esta cidade desse pela minha presença.
Não pretendo o amanhã como outro dia.
Já não tenho tempo para coisas inúteis.
Deixo-vos essa angústia enquanto vou estrelar o céu.
Como é que estão?
Sentem-se bem?
Não acredito.
É melhor tomarem qualquer coisa que não deprima a hipótese do habitual.
Hey, baby.
Tardas em aparecer.
Tenho para ti as flores que roubei daquele pomar infestado de olhares curiosos, onde só queríamos esconder o destino da lua. Tínhamos sempre que fugir pela porta das traseiras, lambendo um chão conspurcado por uma lei que sempre ignorou o respeito que nos era devido.
Eram tão corriqueiros os sons das sirenes, que enrolávamos o medo em mortalhas cheias de nojo.
Tocávamos as mãos num azul, mesmo sabendo que não seria nosso.
E juntávamos os lábios com decibéis de fahrenheit (s) proibidos.





,2017nov_aNTÓNIODEmIRANDA

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