Recuso
o tempo das lamentações e nesse muro tão infectado comporto-me
como um cão e mesmo sem cheirar não abdico da mijadela. Nada sinto
para me desculpar. Tento com todos os bons e óptimos modos tudo
aquilo que tenho na ideia. A minha cabeça, única almofada que me
conforta, está feliz comigo. E as nossas gargalhadas amigas nunca
nos deixam ficar mal. Só temos conversas necessárias à compreensão
da nossa cumplicidade. O resto, o que é feito dessa matéria
apressada, embrulhamos num filme retráctil para mais tarde oferecer
aos indecorosos. Temo-nos em grande estima e é isso que anima a
simplicidade do nosso saber. Juntamo-nos sem data anunciada nem
escritura marcada no cartório notarial. Somos adultos. Velhos
conhecidos. Grandes amigos.
O
que não interessa é retórica embalada no papel higiénico.
Palavras palermas anexando vírgulas sem nexo. Estamos sempre
esquisitos nos anúncios do intervalo, fingidamente musculados numa
mentira promocional. A campanha bate à porta a campainha não se
importa. Alguém me seleccionou como candidato a um prémio que nunca
me apetece.
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