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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

CONSULTOR DE IMAGEM

Um par de solas penduradas na parede rompendo a memória das ruas amigas.
Talvez um sorriso nem sempre cúmplice e uma amêndoa doce em jeito de despedida.
A tosse avulsa enrodilhava-lhe o olhar percorrido por lágrimas beijando todas as lembranças. Era o tempo para secar o acordar dos sonhos. Tinha agora os amigos necessários sempre abraçados para não esquecer. Cingia uma a uma as suas almas com sentidos apertos de mão. E uniam-se cada vez mais nas sonoras gargalhadas.
Mas ele sabia que a fivela do seu cinto, em golpes de trivela angustiada, enlutava poemas que ele nunca poderia lembrar.
Pousava na mão toda a esperança que a má sorte lhe deu. E escarrava todo o sangue do seu modo, no destino que não escolheu. Por ali, sempre fora do lugar, passam um videoclip com um tal, de fraldas deitado em palhas enternecidas pelo ar condicionado. Já não se lembra do nome que o consultor de imagem lhe apropriou.

2016,12aNTÓNIODEmIRANDA

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