Um
par de solas penduradas na parede rompendo a memória das ruas
amigas.
Talvez um sorriso nem sempre cúmplice e uma amêndoa doce em
jeito de despedida.
A
tosse avulsa enrodilhava-lhe o olhar percorrido por lágrimas
beijando todas as lembranças. Era o tempo para secar o acordar dos
sonhos. Tinha agora os amigos necessários sempre abraçados para não
esquecer. Cingia uma a uma as suas almas com sentidos apertos de
mão. E uniam-se cada vez mais nas sonoras gargalhadas.
Mas
ele sabia que a fivela do seu cinto, em golpes de trivela angustiada,
enlutava poemas que ele nunca poderia lembrar.
Pousava
na mão toda a esperança que a má sorte lhe deu. E escarrava todo o
sangue do seu modo, no destino que não escolheu. Por ali, sempre
fora do lugar, passam um videoclip com um tal, de fraldas deitado em
palhas enternecidas pelo ar condicionado. Já não se lembra do nome
que o consultor de imagem lhe apropriou.
2016,12aNTÓNIODEmIRANDA
Sem comentários:
Enviar um comentário