Jorradas no chão,
lambendo lâminas enrouquecidas,
as estrelas solitárias
no picnic dos anjos da boa vontade,
cantam só para mim prosas simpáticas.
E nos meio dos últimos poetas
há um sax que grita
rejeitando toda a clemência.
E aparecem palavras que cortam
e com este sangue abençoado,
serão escritos poemas
onde o tempo não pousa.
Continua o assassínio
nestas ruas envergonhadas de gente com alma,
que só quer uma oportunidade.
E as feridas nunca serão curadas,
e os gritos arrumados no monte da ingratidão.
Sepulcros remexidos no meio de orações breves,
tão curtas como a circunstância
de só terem tentado viver.
E os últimos poetas soltam a poesia
de todos os medos,
com todas as cores.
Na marcha fúnebre que os acompanha,
pensam com a esperança possível,
na sagrada indiferença
com que são considerados.
Os últimos poetas vão assim morrendo.
E mostram rosários
de nenhum arrependimento.
,2017mai,aNTÓNIODEmIRANDA
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