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terça-feira, 16 de maio de 2017

A DIVA DA MEIA-NOITE

A diva da meia-noite,
enroscada na echarpe
entornava o caldo da voz ensaiada
para mostrar que sabia de poesia.
Pobre poeta que tanto sofria,
naquele ronronar de gata fria
em telhados de zinco ferrugento.
E aquilo que se ouvia
era tudo menos o poema,
enquanto a lua borralheira
encenava um novo folclore
que ninguém entendia.
Estendidas no sofá da virtude adormecida,
a folha e a caneta desconfiavam
desta anomalia assim surgida.
O poeta na sua cara de silêncio entupido,
solta um mudo gemido
e um ai surdo nesta fala de absurdo
elegantemente pretendida.
E conversa animadamente
com o copo com vinho que o irá confortar.





,2017mai,aNTÓNIODEmIRANDA

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