A
diva da meia-noite,
enroscada
na echarpe
entornava
o caldo da voz ensaiada
para
mostrar que sabia de poesia.
Pobre
poeta que tanto sofria,
naquele
ronronar de gata fria
em
telhados de zinco ferrugento.
E
aquilo que se ouvia
era
tudo menos o poema,
enquanto
a lua borralheira
encenava
um novo folclore
que
ninguém entendia.
Estendidas
no sofá da virtude adormecida,
a
folha e a caneta desconfiavam
desta
anomalia assim surgida.
O
poeta na sua cara de silêncio entupido,
solta
um mudo gemido
e
um ai surdo nesta fala de absurdo
elegantemente
pretendida.
E
conversa animadamente
com
o copo com vinho que o irá confortar.
,2017mai,aNTÓNIODEmIRANDA
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