Aqui nesta aldeia sofrida
bordo a ferida num quintal plantado de lápides
com nomes que já conheci....
Desço a tua calçada,
manha por mim inventada
onde acordo todos os relógios
que mentirosamente me entregaste.
Sou a tua única ruína compendiada
numa arqueologia que nunca nos salvará.
Apoio esta dúvida nos corredores do metro
com saudades dos velhos cegos
tocadores de acordeão.
O que é feito daquilo que me pertence?
Não posso pintar-te num azulejo
porque quem te tocasse
nunca iria aceitar os teus abraços.
Deixa-me ficar assim.
A despedir-me com cardápios
de línguas estrangeiras
que tornam confusas as coordenadas
do voo das almas distraídas.
Submeto-me a uma noção fora do contexto
aguardando serenamente a não normalização
do que de mim
o tempo segue peneirando.
2016,09aNTÓNIODEmIRANDA
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