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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

JEAN-NICOLAS ARTHUR RIMBAUD (20 de outubro de 1854 + 10 de novembro de 1891)

Oração da tarde


Qual Anjo no barbeiro, sentado é que eu vivo:
 Cerveja em copo cheio de estrias gritantes,
 Até ao pescoço arqueado o hipogástrio, um cachimbo
 Nos dentes cobre os céus de impalpáveis velames.
Como excrementos quentes de um velho pombal,
 Mil Sonhos em mim fazem azias amenas;
 Por instantes o meu coração terno é um samo
 Que ensanguenta o ouro jovem e escuro das perdas.
Mal engulo os meus sonhos com aplicação,
 Tendo bebido uns trinta ou quarenta canecos,
 É a hora do retiro, da acre dejecção:
Doce como o Senhor da trave e dos argueiros,
 Mijo para os céus pardos, em toda a extensão,
 E os grandes heliotropos respondem ordeiros.
 
 
 

 

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