Nada nos fica bem nesta fingida preocupação.
A paz é um incómodo constante que repousamos
naquela prateleira onde apodrecem os livros que nunca gostámos.
Liga-se então o purificador da putrefacta consciência,
accionamos a mudança de canal com luvas de seda
e de pés alçados na mesa queimamos solidões
sem a mínima intenção de as solucionar.
Tenho de continuar a fugir
e embarcar neste engano com um chão
que tantas vezes me mata.
Vou comprar um facto mesmo que não seja novo
para delicadamente continuar o acto
da minha mutilação.
O amanhã pendurado no gancho número 4
com ferrugem mentirosamente desinfectada,
entrega-me 3 euros e alguns cêntimos
que legitimam a minha fuga.
Sou feito destas canções,
também elas feitas de lâminas pretendidas
com cortes tão incisivos que felizmente
me tornam longe da perfeição.
E a perfeição não me agrada.
Finta-me o desejo.
E eu mesmo não sabendo o que quero,
é só isso o que procuro
.
2016,10aNTÓNIODEmIRANDA
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