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quinta-feira, 19 de maio de 2016

TRISTE E LEDA MADRUGADA...

Sanita Jalomé ajeitou o lenço. Encostou a mão no ouvido e começou a berrar em direcção a Maomé.
Cá em baixo cantava o Bi Turino olhar de falcão buscando na planície a fêmea desaparecida.
Era no mundo redondo, que inebriados de tanta quietude, dois copos descansavam do ardor contido. Mas a encomenda nunca mais chegava.
E isso não era bom para o negócio, queixava-se o equinócio com barriga de poucos amigos.
Entretanto caracóis aguardavam pacientemente outras temperaturas com a expectante esperança de um tempero a condizer.
Maomé não ligou ao Sanita Jalomé.
Estava sem bateria e atrasado para uma dança sem véus.
Bi Turino profundamente desgostoso, cortou uma orelha e reservou-a para uma salada, lá para o fim da tarde. Ajeitou o guardanapo num gesto cénico e entrou na retrete, desta vez sem ninguém à vista.
Um passarinho cantava sem desconfiar da pontaria da Flaubert.
Mais tarde alguém escreveu acerca de uma triste e leda madrugada...



,2016,05.aNTÓNIODEmIRANDA

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