Sentado na sua campa,
teso como de costume, lembro-me de muitas conversas e do modo como aceitava as minhas mudanças de humor. Eu sei o que vale uma flor. Agora que só posso falar com a sua ausência, passo o tempo numa peneira plena dos seus sorrisos e de alguns planos para o futuro. Sou o que sou e mais que ninguém você o sabe. Alguma coisa a morte levou mas lembro-me perfeitamente quando s...e despediu de mim com um olhar apressado para a viagem. Sentado no frio do mármore, não consigo chorar tudo o que pretendo. Mais que ninguém você conhece o que poderão significar as palavras que me levam até si. Desta vez não vou mentir: a verdade é que não me tenho portado bem talvez porque saiba que já não se pode preocupar. Hoje vou ler-lhe um poema daqueles que por vergonha minha nunca cheguei a mostrar. Sentado na sua campa, teso como de costume.
ainda não consigo lembrar tudo o que pretendo.
Não sei quando me vou libertar, mas já vi o arco-íris na minha janela. Eu sei que todos os prognósticos são reservados e as funções vitais são uma grande treta. Respeito a coragem mas você sabe como odeio a resignação. E o tentar terá de ser sempre uma obrigação. Sentado na sua campa, juro que não tenho vontade de abraçar o mundo. Este silêncio tem o som da conveniência e a minha melancolia não é obrigatoriamente triste. O céu é um lugar onde nada acontece embora toda a gente acredite na sua festa. Sentado na sua campa, só como de costume, revejo imagens que me vestem e você sabe que eu sou um optimista descaradamente teimoso. Mãe você sabia que o cheiro dos meus cigarros era diferente e eu nunca toquei em nada que me fizesse mal á cabeça. Nem mesmo os cogumelos, e quando eu ficava a ouvir todos aqueles blues você desligava o aspirador para escutar a música triste. Mãe eu continuo a ouvir essa música e dou-lhe inteira razão uma perda nunca é alegre. Sentado na sua campa, olho o tempo do tempo, soletro horas com hábitos de felicidade que já só têm o cheiro da despedida. Mãe, continuo maluco daquela maneira que você sabe. Mãe continuo à espera daquele modo que você entende. Agora deixo-lhe os meus poemas.
Esperarei por si no clube dos poetas mortos
Até logo.
aNTÓNIODEmIRANDA
teso como de costume, lembro-me de muitas conversas e do modo como aceitava as minhas mudanças de humor. Eu sei o que vale uma flor. Agora que só posso falar com a sua ausência, passo o tempo numa peneira plena dos seus sorrisos e de alguns planos para o futuro. Sou o que sou e mais que ninguém você o sabe. Alguma coisa a morte levou mas lembro-me perfeitamente quando s...e despediu de mim com um olhar apressado para a viagem. Sentado no frio do mármore, não consigo chorar tudo o que pretendo. Mais que ninguém você conhece o que poderão significar as palavras que me levam até si. Desta vez não vou mentir: a verdade é que não me tenho portado bem talvez porque saiba que já não se pode preocupar. Hoje vou ler-lhe um poema daqueles que por vergonha minha nunca cheguei a mostrar. Sentado na sua campa, teso como de costume.
ainda não consigo lembrar tudo o que pretendo.
Não sei quando me vou libertar, mas já vi o arco-íris na minha janela. Eu sei que todos os prognósticos são reservados e as funções vitais são uma grande treta. Respeito a coragem mas você sabe como odeio a resignação. E o tentar terá de ser sempre uma obrigação. Sentado na sua campa, juro que não tenho vontade de abraçar o mundo. Este silêncio tem o som da conveniência e a minha melancolia não é obrigatoriamente triste. O céu é um lugar onde nada acontece embora toda a gente acredite na sua festa. Sentado na sua campa, só como de costume, revejo imagens que me vestem e você sabe que eu sou um optimista descaradamente teimoso. Mãe você sabia que o cheiro dos meus cigarros era diferente e eu nunca toquei em nada que me fizesse mal á cabeça. Nem mesmo os cogumelos, e quando eu ficava a ouvir todos aqueles blues você desligava o aspirador para escutar a música triste. Mãe eu continuo a ouvir essa música e dou-lhe inteira razão uma perda nunca é alegre. Sentado na sua campa, olho o tempo do tempo, soletro horas com hábitos de felicidade que já só têm o cheiro da despedida. Mãe, continuo maluco daquela maneira que você sabe. Mãe continuo à espera daquele modo que você entende. Agora deixo-lhe os meus poemas.
Esperarei por si no clube dos poetas mortos
Até logo.
aNTÓNIODEmIRANDA
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