Gostaria
que os sonhos fossem feitos de algodão doce para assim desafiar o
amor que pretendo. Sou um simples sonhador saltitando nos verdes
ramos os segredos que nunca deixaram de ser nossos. Caravela louca à
procura do rio que entoa a rima do cio embrulhada numa toalha que
abafa a melodia onde julgo que te pertenço. Ai de mim, incapaz de te
amar no modo mais desejado. Marinheiro sem fim, delícia de jasmim,
lágrima não contida, onde padecem beijos de veleiro numa rota
magoada. Ai meu amor, não me deixes assim, tem pena de tudo, até de
mim. Eu que só quis navegar-te naquela maré aflita, mesmo sabendo
do teu magoar. E beijar-te nas ruas que já não fazem o meu sentido.
Com toda a tua indiferença, eu só pensava amar-te como se fosse
possível. E agora o que será de mim com aquilo que contigo não
farei? Amor ausente aquele que nunca chorei lágrimas que sequei no
desejo de te esconder. De mim não sei porque assim estou e penduro o
sonho que não consigo lembrar. E como eu te amo escravo de toda a
vontade de ti gostar. Verdes ramos escrevem no céu ternuras
que só a nós pertencem. Estarmos tão perto do nunca é uma precoce
ilusão. Porque nos desviámos do caminho sempre corrido em contramão
e jurámos no altar da renúncia a indigna promessa de nos
prometermos. Apagou-se a luz do prazer como se fosse espuma do gel de
banho com que enchíamos a malícia da banheira. Ficámos com as
horas que teimosamente riscam a nossa incoerência.
Estações
tolas com horários que nos amolgam
,2016,05.aNTÓNIODEmIRANDA
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