Pesquisar neste blogue

terça-feira, 17 de agosto de 2010

P.

adeus amor
já não posso sofrer por ti
só tive aquele tempo
não me deste o momento
para aquilo que te prometi.
do resto fica o desejo
o adiado beijo
a ideia em flor
e a triste intenção
que o medo matou.


ai meu amor
o que eu faria por ti
se me tivesses dado o tempo
ou apenas o momento
para o sonho que não vivi.


ai meu amor
o que eu não fiz por ti
mas não tive o momento
nem sequer o tempo
na vida que morri.


eu sei
que não me deste o momento
ficará o lamento :
tu sabes que não te menti.




jun2010

1 comentário:

  1. Recordo-te como eras no outono passado.
    Eras a boina cinzenta e o coração em calma.
    Nos teus olhos lutavam as chamas do crepúsculo.
    E as folhas caíam na água da tua alma.

    Fincada nos meus braços como uma trepadeira,
    as folhas recolhia a tua voz lenta e em calma.
    Fogueira de estupor onde a minha sede ardia.
    Doce jacinto azul torcido sobre a minha alma.

    Sinto viajar os teus olhos e é distante o outono:
    boina cinzenta, voz de pássaro e coração de casa
    para onde emigravam os meus profundos desejos
    e caíam os meus beijos alegres como brasas.

    Céu visto de um navio. Campo visto dos montes:
    a lembrança é de luz, de fumo, de lago em calma!
    Para lá dos teus olhos ardiam os crepúsculos.
    Folhas secas de outono giravam na tua alma

    P. Neruda

    ResponderEliminar