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segunda-feira, 15 de maio de 2023

SARRABULHO

 


Sou um fraco.
Dizia-lhe a consciência mal-educada.
Fraco. Eu sou um fraco.
E choro as horas fora das lágrimas.
Lá no hotel, onde tudo era a brincar, a “stripper“ era um manequim de cartão que fingia um orgasmo estrangulado. Tinha uma ranhura que consumia demasiadas moedas por gemido. Foi tudo queimado numa barra de sabão com sabor a incenso. A empregada serviu a última ceia fingindo que era a primeira vez que despia a bata. Encostou os mamilos num solilóquio policial, escondeu a pistola no avental, e mudou de rímel, conforme estava escrito no guião dos assassinos distraídos. Enquanto saboreava um “sushi” de trazer para casa, limpou as notícias do jornal com um desengordurante comprado de véspera. Pôs a combinação em modo de espera, e prometeu a si própria, que só iria abrir a atenção a números identificados. Em caso de dúvidas, dirigiu-se ao “nails center” mais próximo, e retocou as falhas de memória, com unhadas cor de sangue. Isto foi na temporada 1, episódio 1999. Na esplanada junto ao rio Cávado, tira macacos do nariz para não deixar vestígios da sua inocência. Caminha em direcção ao restaurante, ostentando um colar feito com 2 chouriços de cebola e 1 de carne, roubados do melhor fumeiro. 
Deitou-se á espera do amor combinado.
Como sempre está atrasado.
No quarto ao lado, não pára o barulho.
Mexe com zelo em si mesmo. 
Revira os olhos. Começa a suar. 
Liga para a recepção.
E pergunta: 
Onde é o sarrabulho?



,2017out_aNTÓNIODEmIRANDA


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