1 poema desolado, deitado na boca do arco-íris descalço, espera a chamada das vozes pagas no destino. Enruga o futuro escrito na apólice inconveniente, e agenda a consulta com o psiquiatra delinquente, que há longo tempo lhe promete a reforma dos hábitos esquisitos. Enquanto isso, conta ao choro das baleias, o desencontro da sua vida. Caminha num oásis de veludo, que recolhe os soluços da estrada de fogo, que tanto o desanima. Nem um conforto na exposição das ingenuidades. Empenhou 10 euros na sarjeta dos vómitos bonificados, com uma taxa certificada para a sua exclusão. Enxota a caspa do presente, varre a memória com a pressa dos prazeres banidos, enxuga o olhar na porta da alegria, e na tenda do céu mentiroso, tira do bolso côdeas da ternura possível. Corre na sombra das nuvens, mas, como sempre, a simpatia não está disponível. Resta-lhe a bomba, e aquela coisa que mesmo mentindo, abafa a tristeza com que se deita. Pensa sempre na última vez, na espera do nevoeiro que esconde o sorriso que não quer voltar. Mas, esta sede que tanto o prende, enleia-lhe os pulsos, incha as veias, e, dilui-se lentamente na parede onde está estampado o grito. É o fim, diz-lhe a voz que encena a coragem. É o fim, escrevem as estrelas abandonadas. É o fim! Nada mais sentirás, garante o fantasma da tempestade. Brinca o mais que puderes.
Exige um deus que não simule a sensatez.
Acende-me o fogo! Estou com frio, diz-lhe a morte do fraque cor-de-rosa. Espera! Ainda não estou preparado! Responde a cirrose mentirosa. E os pulmões ? Estão a dar muito enredo. Abrasa-me nessa fogueira, diz-lhe o sangue no instante em que suga a ideia.
O futuro a deus pertence. Mas estava escondido na gaveta mijada.
Traçou no edital :
cansei de escrever para o presente.
,2019nov14_aNTÓNIODEmIRANDA
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