E o teu amigo especial é a tua sombra nos momentos em que invejas o conforto da casa.
Esse bálsamo desconfiado que te fez pegar na mala e largar. A tua alma é um saco de viagem, repleto dos sonhos que te acompanham. Agora és uma solidão não sozinha, nunca igual à que vês nos olhos apressados, dos que sem qualquer sentido, caminham para o mesmo lugar. É a hora do lobo, onde o sol mal disposto e cansado, vai enganar a lua. E o teu amigo especial, é a tua sombra nos momentos feitos de esperança, às vezes com lágrimas com o sabor da hipótese mais apetecida. É sempre tempo para se viver aquilo que ainda não aconteceu. Agora que a noite caiu, e o polegar é o teu anjo da guarda, há um frio que te deseja e abraça o corpo. Há uma espera imaginada. Agora qualquer beijo seria bem-vindo. Qualquer tronco de árvore no jardim será a tua cama. Agora que rogas no teu único silêncio, um soluço que nem de saudade já é, agora onde todos os minutos recusam o adormecer, e o medo habitual vai fazer-te companhia, agora que te apetecia chorar mas falha-te a vontade, agora não podes parar. É a vida feita saudade. E há sempre um carro que policia com olhos curiosos. Abeiram-se de ti, e pedem uma qualquer identidade, menos aquela que te pertence Partem para voltar. Voltar sempre mais cedo do que era imaginável. Observam-te, vigiando a atracção da tua diferença. Agora, todas as estrelas que tu não vais sonhar, foram dormir. Deixaram-te sozinho e não te iluminam o tecto. É sempre longe qualquer desejo. Nem um cão está tão abandonado. Logo, quando o frio for mais forte, terás pensado, talvez mais um dia, afinal sou um gajo com sorte. E vais tomar o banho habitual, numa qualquer retrete de estação, lavando a tua bondade em suaves prestações. Então, esperarás como sempre, por alguém sempre ausente, que continuará a não te estender a mão. São fáceis todos os sorrisos. É normal o desprezo com que passam por ti. Hoje e amanhã, nada será diferente
Mas tu tens a estrada da alma enorme, que impede de seres tal gente.
Fugiste dos caminhos perfeitos. Em tempo algum, foi aceite a tua necessidade E a tua consciência sempre foi confundida
Adormeces com uma faca na mão, sabendo que nem sequer vais ter tempo para a usar .
Educadamente dizes boa noite ao clochard
Ele farto de ti Saúda-te com um peido
Nem um deus mentiroso tens para confiar.
Agora fazes-te lembrar naquela velha música:
“Sitting on the dock of the bay
Watching the tide roll away”
,2015abr_0,22h-14aNTÓNIODEmIRANDA
,2015abr_0,22h-14aNTÓNIODEmIRANDA
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