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quinta-feira, 10 de agosto de 2017

TODA A GENTE DEVIA ANDAR PEDRADA E MÃE NÃO ME DIGA QUE É UMA IDEIA ERRADA

Estou a perder a cabeça.
Já não calco os passos que me levavam até mim. Danço os sons da floresta nesta amálgama de incúrias lambidas suavemente pela língua da minha aparência. Percorro-me de lés a lés num golpe estranho ao batuque do coração. Visto-me com a vontade congelada aguardando o seu degelo para nela naufragar. Esta é a fé que não pode ser salva pelas trompas gloriosas da ventura insaciada. Há um desejo repetido tantas vezes sem conta um soluçar de esperança atrevido e um não estar orado nas preces sem deuses. Estou vivo no modo contrário da normalidade narcotizada embora assuma a plenitude da minha falta de defeitos. Tenho uma tranquilidade adversa uma vontade dizem que perversa e um juramento infiel bailando a valsa dos arrependidos que estão por chegar. Guardo num saco azul quezílias bolorentas sediadas num paraíso artificial que ainda não encontrei. Não digas não sussurra a velha canção. Olha que amanhã também poderá ser um dia como deve ser.
Mudar de rumo também não me apetece.
Perco-me facilmente nas propostas indecentes.
Passam um milhão de medos pela minha cabeça. Não tenho desculpas para todos. Frito as tristezas nos sorrisos sem futuro mas não tenho pele para tantos golpes. Nada está calmo nesta nuvem com sons cada vez mais desavindos onde estranhos que já conheci acenam com bandeiras da última meia noite. Mas eu quero mais : o sonho que não dormi! Quero um cocktail de luas maliciosas. Um sono não amolgado.um outono sossegado. Um velho blues sincopado. Um abraço não ocupado. Uma aleluia sofisticada com berros dos cordeiros sobreviventes e cútis fora das hóstias e histórias sem morais inóspitas e uma vontade sempre a arder. Um relógio fora de horas um tempo sem demoras e uma ideia sempre pronta para acontecer.
Estou a perder o coração.
Não digas isso que me dá dó. Diz-me a minha fralda madrinha. Coitadinha, não sabe que está só. Todas as mães deveriam estar no céu. Refiro-me unicamente às boas mães.
Que poderei eu fazer se nada pretender?
Vi aquele cogumelo naquele lugar estava vivo tive de o abraçar. Vou oferecer todo o meu desejo. Talvez sim provavelmente não. Só quero uma noite de cada vez na minha lista de espera. A minha porta já pouco se abre. Todas as cores morrem sem me avisarem. Ninguém chora a orfandade das tintas. A palete desmaiou a espreitar a fechadura a carpete foi aniquilada como obra de arte gongos ao longe disfarçam o seu choro.
A minha cabeça entrega-me a chuva dos dias de prata onde dormem as primaveras amistosas. Sonhos voam nas ravinas dos murmúrios para enconderem as lágrimas. Estou no meio da sopas dos ninhos das borboletas dos sorrisos multicores. Guinchos de ambulâncias queimam as esponjas do fim do dia. A brigada dos choros convulsivos recolhe dissimuladamente alguns poemas. A angústia é uma colher onde nunca tudo caberá.
A minha cabeça diz-me que estou certo. Hoje preciso da sua ajuda. Quero o seu amor esta noite. Agora ouço as suas palavras que me prometem as imagens que quero. Preciso da sua ajuda. Hoje quero que o seu amor me ofereça as folhas do outono prometido.
Sinto-me tão preguiçoso. Vou dedicar-me a pintar o teu sorriso vestido com as nuvens do teu olhar. Podes ouvir-me querida amiga neste absurdo da vida com que celebro a tua presença num TANGO WHISKEYMAN.


2017ago_aNTÓNIODEmIRANDA

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