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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

ESTÁ-SE BEM NO CAMPO

A buzina do peixeiro precisa de ser afinada.
O padeiro mudou de viatura e disso se ressente
a qualidade do pão.

Faltam passar 2 dos 7 carros

para o fluído do trânsito ficar normalizado.
A escola há muito que fechou.
A venda também e os idosos são cada vez menos.
A net é demorada.
Tão lenta com as horas tocadas no aparelho

a imitar o som do sino há muito tempo fugido.
Às 5ªs, lá para o final da tarde,
há-de chegar a carrinha da carne.
Poucos a compram, que agora esta coisa
dos supermercados, abanou e de que maneira,
o negócio.
O vinho já poucos o bebem.
Maldita coca cola!
O complexo desportivo dos matraquilhos
continua com os jogos adiados.
Tem chovido muito pouco

e a terra mostra nas suas rugas,
a sede que tanto a magoa.
A saúde vai faltando cada vez mais,
e a médica quando aparece,
fala uma língua que não se entende.
A requisição dos exames está deitada no gavetão.
Custam quase tanto como os remédios,
e do pré nem vale a pena lembrar.
Está-se bem no campo.
Dizem o galo e a gato sem ração.
Lá na minha aldeia não se pode namorar.
De dia, são cães ao sol.
À noite toda a gente a ladrar.
Está-se bem no campo.
Dizem por aí aqueles

que nunca se deitaram
com a solidão.

,2017ago_aNTÓNIODEmIRANDA

  
Vila Chã_2016Setembro

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