Só
tinha 14 anos e a idade madura para imaginar o mundo como um lugar
quase imperfeito.
Sorvi
naquela altura “Uma Educação para a Liberdade” do senhor Paulo
Freire, livro que comprei na livraria do meu pai.
E
em 69, o ano em que comecei a trabalhar, no fim de Setembro no meu
primeiro recibo de ordenado, imitei timidamente a assinatura do Che.
Ninguém
ligou importância, nem perigoso foi, até porque os outros sabiam
outro tipo de histórias.
E
passados tantos tempos, em que só tentei que aquilo que gostava não
me escapasse, hoje com 62, recuso-me a não achar qualquer sentido
neste verbo que me foi enchendo a alma.
Só
sou verdadeiro naquilo que gosto!
As
modas passam mas não deixo que danifiquem a minha memória.
Tenho
caminhos diferentes que me conduzem a vontade, visto tantas peles,
por vezes largo escamas mas resisto e continuo com aptidão total
para não me escalarem nem ser comido de cebolada.
Não
morro nas vésperas do adormecimento.
Mas
hoje, e porque talvez seja feriado, ofereço-vos uma excepção:
choros
arrependidos poderão ser servidos no pátio dos lamentos.
Temos
frango avariado sushi marado caril de corrimão lulas com molho de
varão, e verão, é minha suposição que as asinhas do kfc, são
previamente depiladas de acordo com as normas da cee.
Voltando
ao princípio, que não me lembro, digo-vos que Lisboa já tem mais
hotéis e serviços similares do que o número de estrelas da Ursa
Maior.
A
outra (Ursula Andress não permitiu a utilização do seu carácter
nesta missiva).
E
aviso-vos: tende cuidado com o congestionamento do tráfego das
escadinhas do Duque.
Há
por lá gente boa, mas nenhuma é de confiar.
Voltando
ao cerne da questão, que também não recordo, digo-vos então,
talvez seja melhor em inglês, francês, alemão, porque não (?)
que
as ementas escritas nestas línguas dão-me cabo do apetite.
Pronto!
Sou
um mero provinciano, minhoto com 53 anos de Lisboa e 7 voltas de
Inter-Rail (que saudades), que mesmo com passe social previamente
pago, cada vez tem mais dificuldade em percorrer esta cidade.
O
que verdadeiramente me magoa é a faca com que afio estas memórias.
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