Sentado no pôr-do-sol furo com o guarda-chuva
as nuvens que me auguram um futuro sombrio.
Está um amanhecer profícuo à descasca
das memórias
menos próprias.
Passo às pressas assim adiantando segundos morosos.
Sinto neste tempo um momento perpétuo
e desenrolo suspiros perfeitamente fumáveis.
Monto pacientemente esta estante preenchida
com bibelots roubados da cartola
de um coelho achocolatado.
Alguém já não mora aqui.
Está escrito no aviso de recepção
entregue pelo carteiro viciado na password do prédio
onde realizo a primeira urina da manhã.
Sentado no guarda-chuva, molho o pôr-do-sol
antes que a curiosidade arrefeça o jornal.
Escorro-me na rua deitado numa tábua de engomar
diante do olhar incrédulo dos imbecis não preparados
para esta espécie de aparição.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
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