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terça-feira, 9 de agosto de 2016

TENHO UM BLUES NA MINHA CABEÇA (Com um abraço, para o Luis Marques)

E pinto as cores do não consentimento onde amargos sabores desaguam na minha tristeza....
Elevo ao menos zero a amena temperatura da minha serenidade e despeço-me de algumas alegrias na plataforma deste puzzle onde propositadamente deixei aquilo que mais me entendia.
Leio as indicações da perversidade com um alheio carinho de conveniência.
Soletro degraus desta escada rolante no chiar exuburante do meu não estar.
Adormeço a manhã e a noite ainda não terminou.
Que vinho vou beijar neste tapete que se quer aproveitar de mim?
Estendo-me no seu luar com pálidas pedras quentes que o sol não quis arrefecer.
Dezembro e os outros tempos são sempre tão próximos e demasiado frios, agora que só preciso de uma esperança preciosa.
Tenho uma festa que cozinha estendais da minha loucura pendurada com molas que prendem a minha dignidade.
Enrouqueço esta solidão saída do menos eu no jogo da advinha mais que sabida.
Desço esta calçada sem morada definida, sangrando esta ferida que tenta fazer de mim, o mais perigoso dos mártires felizes.
A mais pura, a única e verdadeira in-verdade.
Mas revolvo-me na contradição mais aguda, num contratempo que me fere sem qualquer decoro.
Ato e desato um nó demasiadamente parecido comigo.
É tão áspero como a língua do gato que estou a começar a conhecer.
Trago a gravata mais linda com sonoras bolas brancas metidas no azul que me enlouquece.
Abuso deste meu eu como se outro tivesse e assim encorajo manias que não pretendo mostrar.
Despejo gargalhadas só para regar os espinhos da minha pulseira.
Dou pulos de contentamento onde os lobos dormem desconfiados.
Adormeço no parapeito do sonho que me oferece uma monitorização adequada à minha esperança.
Escorro as persianas do meu olhar e fecho as vistas para que os meus olhos possam sorrir.
Agora que a noite me entrega novas folhas, desenho na cabeça outras cores para as pintar.
“ Special things are so far away, they put me alone night and day”
Adormeço como gosto.
Tenho um blues na minha cabeça.



2016,08aNTÓNIODEmIRANDA

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