Pesquisar neste blogue

terça-feira, 30 de agosto de 2016

NEM QUE ME DESSEM TUDO O QUE VEJO

Visitar o tempo, untar-lhe as entranhas
assumir a verdadeira importância que me cabe,
desembaraçar-me nas escolhas
e algumas vezes manchar memórias que me apertam os braços,
quando na cabeça tenho degraus que me injectam a subida.
Separar o trigo do nojo,
furar o bojo e animar uma alma súbita que não fuja tanto assim.
Assim posso crer em tudo e às vezes talvez em mim.
Mas mostro-me sempre ocupado nas minhas aparições,
onde me vejo tão mal naquelas fotografias depois da validade
configurada a um prazo previamente anunciado.
Terei que estar mais atento?
Vou sintonizar a atenção para uma opção mais capaz.
Não me apetece nada discutir dialética,
até porque não tenho jeito para a fonética e o pavio
meu fiel companheiro teima em não ficar curto.
Estamos a falar de coisas simples
e eu não quero complicar a minha identidade.
Longe alcançam algumas marés a secura das minhas lágrimas
molhando uma areia desajeitada com sobressaltos de sangrias
amorosamente ressequidas.
Também estou farto de lamber retratos de gente
muito mais feia do que eu.
Pois, devia tentar mudar, aceitar…
Reconhecer uma diferença que não me dignifica
é uma das perdas de tempo que orgulhosamente só, nunca praticarei.
Sou assim! Não partilho outra maneira.
Nem que me dessem tudo o que vejo.


2016,08aNTÓNIODEmIRANDA

Sem comentários:

Enviar um comentário