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terça-feira, 16 de agosto de 2016

ESTOU VIVO, APESAR DE TUDO

Paris maintenant está longe. Istambul inóspita
e confesso que a velha Belgrado nunca me agradou.
Londres está inusitada e de Portobello road,

não tenho notícias. Amsterdam, dizem-me que já não está perfumada
com aqueles cheiros da Dam.
Não ouso comparar aquele tempo,

mas era importante que tanto não tivesse mudado.
Escrevo agora, em San Sebastian,

na sombra das árvores ainda mais velhas do que eu,
com troncos ressequidos que me convidam ao encosto.
Seria fácil dizer que nada me importa,

agora que acendo muitos dias com a ousadia
de relembrar muitas viagens que me enterneceram.
Mas, não me apetece violar a minha memória.
Já percorri algum caminho

e deslizam entre o fumo dos meus dedos
recordações que teimam em acontecer.
Estou vivo, apesar de tudo,

nesta lembrança cada vez mais dissipada,
onde pouco de mim já cabe.


,2016,08.aNTÓNIODEmIRANDA

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