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domingo, 17 de julho de 2016

QUANDO TENHO DE PAGAR…

Amor é uma palavra horrível
quando tenho de pagar
para fingir que te ouço gemer.
O sindicato da paixão
não me preveniu para esta situação,
quando fiz a transferência
da minha carência,
via multibanco.
Usei o melhor cartão
com a simples ilusão
que desta vez não serias igual à outra.
Ataviei-me como o mais janota
Deitei-me só
com o fato idiota
e vinguei-me sem dó
do erro que tanto me faz morrer.
Barrei as paredes com o sangue de Lorca
E sentei-me no espelho
À espera do nó da forca.
Amanhã, amanhã
Enviar-te-ei um telegrama
com as mais sentidas condolências
da tua morte.
Perdoar-me-ás
esta animalesca bruteza
de pensar nos dias felizes,
mas nunca tivemos jeito
para as ocasiões mais importantes.
e ambos sabíamos
que a combinação dos signos é uma treta.


Melides,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA

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