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domingo, 17 de julho de 2016

MAS OS GRANDES, ERAM OS IRMÃOS AVELINO…(Barcelos)

Falta-me uma fotografia no meio do meu mundo.
Tenho a fria sensação
de recordar tantas conversas
sem a ousadia de as retratar.
Calco as teclas da memória
com sorrisos que pintam vírgulas
e monto a motocicleta do poço da morte,
onde num vaivém redondo,
dobro páginas corajosas lidas no circo.
Ouso o cheiro do espanto
e dissimulo perigos não calculados.
Era sempre o medo que me não confessava
alcances maiores.
Mas os grandes, eram os irmãos Avelino,
quando atravessavam em cima de um cabo de aço,
o campo da feira.
Não me lembro da dor quando pensava
que poderia ser pássaro.
Acenava unicamente
para a incontornável presença
de ser diferente.
Na praça principal,
bocas que não me conhecem,
soletram ao meu passar:
aquele é artista.
Na Colonial de Barcelos,
ainda dissolvo o café,
bebendo esta imensa saudade.


Melides,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA


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