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sexta-feira, 1 de julho de 2016

O FRIO DE VÉNUS “sine Cerere et Baccho friget Venus”

No fim do inferno,
Vénus tirou a camisa numa honrada elegia a Baco,
que sorrateiramente tinha fugido para o monte,
no seu Saab descapotável.
Anjos despidos na auto-estrada,
desconfiados, não aceitaram a boleia.
Ficaram sentados,
a grelhar uma deliciosa barriga de freira,
abanando as brasas com o diploma da licenciatura.
Sorria, você está sendo filmado.
Agradeci, dizendo não merecer tanta atenção.
Afinal sou um homem simples
com bifídos activos
contribuindo para a manutenção
do nível normal de estatina.
É verdade que preciso de mudar o óleo.
Tudo está bem nesta manhã.
Não pretendo explicações difusas
para preencher questionários
com técnicas de procura de emprego.
O sempre sério fica-me cansado.
A artrite mongolóide está sossegada,
convenientemente vigiada por princípios antigos.
Sou apenas uma velha pedra rolante abraçando blues.
Quero casar!
Contrair matrimónio!
Já tenho a fralda rota
de coçar este demónio!
Põe a tua mão na minha...
Não tenhas medo que o Senhor da Califórnia
Não está a ver
Põe a tua mão na cama do Senhor
que acalma o mar
Meu Senhor que cuidas de mim
eu que passo o dia a distribuir mercearia
Noite e dia sem pescar
Põe a tua mão na mão do meu Credor
não tenhas medo, ele pode pagar.
Mãe compra-me umas botas
que estas já estão rotas
de dançar o charleston.


,2016,06aNTÓNIODEmIRANDA

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