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terça-feira, 12 de julho de 2022

LUTAR PELO CÉU NAS ASAS DESTE VOO MENTIROSO

 

Não me interessa se alguma memória deixarei. 
Tento não desiludir o convite para a viagem 
que o nascer me entregou. 
Revejo-me nos abraços da solidão ancorada 
com suaves beijos de tolerância. 
Velho agora, 
(como me mira o espelho enrugado), 
embeveço neste odor de hortelãs taradas, 
estendo-me num colchão de chá, 
esperando o fingir de um qualquer adormecer. 
Continuo a morrer sempre que não importa a maneira como acordo. 
Calçar a esperança ainda é um exercício que não me mente. 
Mas as horas deste relógio são mais atrevidas que o tempo que desejo. 
Então enleio-me neste poço de mentiras  
que não consigo rasgar.



,2022Jul_aNTÓNIODEmIRANDA

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