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domingo, 31 de julho de 2022

PELE GRAFITADA

 
O último comboio vai rasgando o tempo da espera. 
Temos um pacto lisonjeiro, 
possivelmente a única testemunha da despedida. 
Ambos sabemos que ninguém aparecerá para libertar a dor. 
Vozes deitadas ao abandono, 
grafitam na pele a réstia da inútil esperança. 

Nenhum lugar para abrigar a fuga.
 
Um sorriso idiota aplaude o aconchego 
da solidão desta coragem traída. 
Onde andas? 
Talvez desta vez, 
finalmente não chegue o tempo de encontrar 
o abraço que tinha escrito um nome 
parecido com o nosso malogro.

A vida é o único lugar que não engana a morte. 

O que farei de mim sem as nossas mentiras? 


,2022Jun_aNTÓNIODEmIRANDA




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