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sexta-feira, 12 de junho de 2015

FERNANDO LEMOS







Nasceu em Lisboa, em 1926. Actualmente, reside em São Paulo, no Brasil. Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e o curso livre da Sociedade Nacional de Belas-Artes.
Com um percurso profissional ligado às artes gráficas e à publicidade, Fernando Lemos circula por muitos territórios da arte ao longo do seu percurso. A sua obra multifacetada estende-se ao domínio da pintura, do desenho, da ilustração e à fotografia, campo que alcançou maior visibilidade pública nos últimos anos. A ligação de Lemos à fotografia tem lugar na passagem da década de 40 para a de 50, no período em que desenvolve a sua actividade artística junto do Grupo Surrealista de Lisboa e em que participa na exposição Azevedo, Lemos, Vespeira, realizada na Casa Jalco, em 1952. Nessa mostra, o artista apresentou 55 trabalhos fotográficos.
Desse núcleo de imagens, fazia parte um conjunto de 30 retratos, em que o artista utilizava dispositivos da fotografia manipulada para afirmar certos traços característicos da personalidade e da obra da personagem retratada, e uma série de composições encenadas, de que é exemplo Intimidade dos Armazéns do Chiado, escolhida para figurar na capa do catálogo da citada mostra na Jalco. Nessas fotografias pontuavam os emblemáticos manequins de montra, descobertos na oficina de consertos dos Grandes Armazéns do Chiado.
Nesta e noutras fotografias, o Surrealismo revela-se claramente nos efeitos alcançados, na exacta medida em que os objectos adquirem uma presença enigmática, devido ao uso de efeitos de composição, à iluminação e a técnicas como a solarização e a sobreposição de duas ou mais imagens. É a prova de que, para Fernando Lemos, a fotografia não se constitui enquanto representação mimética mas como possibilidade de entrever um itinerário poético onde o que é familiar e comum pode facilmente dar lugar ao inédito e à revelação do lado secreto da realidade.

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