Nasceu em
Lisboa, em 1926. Actualmente, reside em São Paulo, no Brasil.
Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e o curso
livre da Sociedade Nacional de Belas-Artes.
Com um
percurso profissional ligado às artes gráficas e à publicidade,
Fernando Lemos circula por muitos territórios da arte ao longo do
seu percurso. A sua obra multifacetada estende-se ao domínio da
pintura, do desenho, da ilustração e à fotografia, campo que
alcançou maior visibilidade pública nos últimos anos. A ligação
de Lemos à fotografia tem lugar na passagem da década de 40 para a
de 50, no período em que desenvolve a sua actividade artística
junto do Grupo Surrealista de Lisboa e em que participa na exposição
Azevedo, Lemos, Vespeira, realizada na Casa Jalco, em 1952. Nessa
mostra, o artista apresentou 55 trabalhos fotográficos.
Desse núcleo
de imagens, fazia parte um conjunto de 30 retratos, em que o artista
utilizava dispositivos da fotografia manipulada para afirmar certos
traços característicos da personalidade e da obra da personagem
retratada, e uma série de composições encenadas, de que é exemplo
Intimidade dos Armazéns do Chiado, escolhida para figurar na capa
do catálogo da citada mostra na Jalco. Nessas fotografias pontuavam
os emblemáticos manequins de montra, descobertos na oficina de
consertos dos Grandes Armazéns do Chiado.
Nesta e
noutras fotografias, o Surrealismo revela-se claramente nos efeitos
alcançados, na exacta medida em que os objectos adquirem uma
presença enigmática, devido ao uso de efeitos de composição, à
iluminação e a técnicas como a solarização e a sobreposição de
duas ou mais imagens. É a prova de que, para Fernando Lemos, a
fotografia não se constitui enquanto representação mimética mas
como possibilidade de entrever um itinerário poético onde o que é
familiar e comum pode facilmente dar lugar ao inédito e à revelação
do lado secreto da realidade.
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