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segunda-feira, 8 de junho de 2015

CRÓNICAS E MELIDES (7) CANÇÃO TRISTE: ALZHEIMER_D. FRANCISCA

Fala agora com outros anjos, ouve outras músicas,
mas não tinha de ser desta maneira.
Que palavras poderá entender?
Que aplausos escutará?
Pisamos o cume da montanha
 sem agarrar a flor há tanto tempo plantada.
É a mentira mais vil, a verdade mais enganada.
Faz-nos tanto doer, tanto tanto, que o sofrer não chega a nada.
A vida é para morrer.
Não passa de um lugar, onde costumávamos estar.
Pagamo-la com amor e sangue
 e enchemo-la com caixas de poesia.
Os patos da lagoa, ao fim do dia, no seu voo,
escrevem no céu alguns dos seus versos.
Não me importo que não se lembre do meu nome.
Gosto de si de todas as maneiras.
Solitário numa paz que me entristece,
recordo agora, o jardim das três palmeiras.
Magoa tanto este tempo, que no acabar dos outros,
nos faz sentir a chegada do nosso fim.


 
_2015aNTÓNIODEmIRANDA

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